MUSA PRIMORDIAL DO VELHO VATE

Rias da minha timidez de adolescente
O coração disparado, a voz confusa,
Sentimento turbado, reticente,
Amarfanhado com a mudança obtusa...

Maviosa como o canto de um pássaro
A tua voz era sussurro de paixão
Redesenhando em meu peito áspero
Imerso nas labaredas do vulcão
A vontade de sentir tua combustão!

Numa noite a conhecer o ambiente
Um beijo tu me deste tão fugaz
Nessa hora algo em mim, de saliente,
Erguia-se a dar alguns sinais,
Sinais de vida... era eu, então, rapaz!

Faz tanto tempo que o tempo pediu arrogo...
Essas peripécias, o teu cheiro bom,
Inútil querer negar. A ferro e fogo
Tatuou-se em mim o tato, o gosto, o som,
O proibido desejo, o desafogo...
Saudade da tua pele cheirando a mate
Ah! musa primordial do velho vate!


Melgaço, Pará, Brasil, 15 de novembro de 2006.
Composto por Jaime Adilton Marques de Araújo.
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