Carinho é bom demais
RETRATO DA VELHICE
Jorge de Oliveira
Um olhar tão opaco e entristecido
Na flacidez dum rosto cansado
Um sorriso escasso e esmaecido
De quem já não ve nada engraçado
Todo o peso do tempo já vencido
A cair sobre o corpo encurvado
E a cada passo curto e dolorido
A lentidão canasado do enfado
Tendo as paredes como confidentes
Sente os dias passando tão dormentes,
No marasmo implacável da mesmice
E a morte, outrora tão impensável
Agora é a paisagem indispensável
Neste túrbio retrato da velhice
RETRATO DA VELHICE
Angélica Gouvea
Reflete um pouco por favor
Envelhecer é dádiva de Deus
Tempo que se adquire sabedoria
Registro de tudo que já viveu
Agora é legado que fica
Tempo de louvar e agradecer
O presente que se vive
Do cansaço dos passos
A marca de vários abraços
Ver a morte não como inimiga
É a ordem natural da vida
Lutou, ganhou, perdeu
Hoje, mesmo que o corpo não ajude
Imponha ao seu interior a
Coragem de sempre botar um sorriso
E veja o corpo reagir com alegria
desta etapa vencer.
ANGELICA GOUVEA e JORGE DE OLIVEIRA.