A cor púrpura, filme dirigido por Steven Spielberg

 

O filme A cor púrpura é uma adaptação do livro homônimo da estado-unidense Alice Walker, publicado em 1982, vencedor do Prêmio Pulitzer e do American Book Award, na categoria ficção. Com o roteiro de Menno Meyjes, Steven Spielberg dirigiu com maestria esse drama, contando no elenco com personalidades como Whoopi Goldberg (Celie), Danny Glover (Albert Johnson), Margaret Avery (Shug), Oprah Winfrey (Sofia), Akosua Busia (Nettie), Willard E. Pugh (Harpo). O filme estreou em 1985 e recebeu 11 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, melhor atriz para Whoopi Goldberg e melhor atriz coadjuvante para Margaret Avery e Oprah Winfrey. Porém, não levou nenhuma estatueta.

No entanto, Whoopi Goldberg recebeu dois prêmios: na categoria “Melhor Atriz – Drama”, pelo Golden Globe Awards, 1986; e na categoria “Melhor Atriz Principal”, pelo National Board of Review, 1986. E The Color Purple recebeu o prêmio de “Melhor Filme” também pelo National Board of Review, 1986.
 

 

A cor púrpura é daqueles filmes que nunca saem da memória de quem assiste. Não se trata apenas de uma adaptação cinematográfica do livro, mas uma adaptação dos comportamentos humanos. Ele nos mostra uma realidade que, apesar de situada na primeira metade do século XX, ainda persiste em várias partes do mundo.  

 

A realidade de mulheres que vivem em condições subalternas, praticamente escravas de seus maridos; mulheres que não possuem direito à palavra; mulheres que não possuem identidade de ser, que não exercem sua subjetividade; mulheres que são tratadas como objetos; mulheres vítimas de abusos e maus tratos.  

 

O preconceito racial que só começou a ser minimizado em meados do século passado ainda é uma realidade e ainda continua muito forte em alguns lugares do mundo. Uma batalha que não está prestes a terminar. Soma-se ao preconceito racial também o social, econômico, sexual e cultural. O filme, então, transpõe o espectador para reflexão de valores, consequentemente de um mundo melhor.  

 

O amor entre irmãs, o amor entre iguais, o amor à vida é o norte que temos de seguir. Celie pode ser pobre e feia, mas “está aqui, está viva”. E essa dádiva que todos nós temos deve ser respeitada e vivida com dignidade.  

 

Alice Walker quanto ativista feminista assume uma postura crítica em sua obra. A literatura é sua ferramenta em prol das mulheres, dos negros, em prol do meio ambiente, enfim, em prol da paz.  

 

Steven Spielberg soube captar a essência da obra em sua adaptação cinematográfica. A cor púrpura representada pelas flores, pelas vestes, pela cor do sangue traz a imagem de uma sociedade discriminadora e sexista. Somente a palavra era a fuga para a realidade opressora. Assim, Nettie, distante da irmã, relatava sua vida em forma de cartas. Celie da mesma forma – no filme, através da voz off – transmitia em suas cartas para Deus e para a irmã, a sua triste vida. O amor também é libertador. Mas o amor heterossexual não trouxe prazer para Celie, apenas a relação homossexual com Shug foi capaz de lhe dar o gozo.  

 

A escrita feminina negra está em A cor púrpura através de três mulheres: Celie, Nettie e Alice Walker. Três mulheres diferentes que representam a travessia da mulher submissa para a mulher independente, ativista e militante de seus direitos e de seu grupo étnico.   

 
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