No Chão da Memória

No Vale do rio que é berço de figuras como José Lins do Rego e Zé da Luz, dois dos maiores representantes, respectivamente, da prosa e da poesia regionalistas brasileiras do século XX, falar em literatura, na atualidade, e não tocar no nome de Antonio Costta é, sem dúvida alguma, um ato de descomedimento.

O poeta Antonio Costta, como é mais conhecido, nascido em Pilar e residente em Itabaiana, além de pertencer à ambas as cidades em que nasceram os maiores nomes da literatura de nossa região, faz cada vez mais marcante a sua presença no cenário cultural do Vale.

No Chão da Memória não é apenas um livro de recordações, mas um corolário de tudo que há de melhor na literatura do já consumado poeta, acrescido de um novo elemento, a prosa, algo que deixa clara uma das mais notáveis características do “Juntador de Palavras”, o poder de se reinventar a cada nova obra publicada.

Contudo, mesmo ao se reinventar, Antonio Costta conserva uma de suas mais marcantes características: o amor pelas cidades que dividem – sem brigas – o seu coração em dois. Ou seja, o poeta reinventa-se e, consequentemente, reinventa a sua obra, mas não perde nunca a sua essência, que é o amor por seu “chão”.

Ao ler No Chão da Memória, é impossível não viver um pouco da vida de Antonio Costta, bem como não conhece-lo na mais profunda medida; afinal de contas, não existe nada mais íntimo do que conhecer as memórias de alguém. Da mesma forma, é impossível ler mais uma obra deste ilustre escritor e não lembrar de seus irmãos das Letras, de seus conterrâneos, José Lins do Rego e Zé da Luz, pois parece que Antonio Costta herdou, além do dom divino de escrever a prosa e o verso, o amor por este lugar.

Frederico Lima

(Poeta e Escritor - Pilar/PB)