O Anti Cristo Filme de Lars Von Trier

Um filme dolorido. Ao qual ninguém dotado de mediana sensibilidade passa incógnito. O filme possibilita diversas leituras intertextuais. Eu detectei a óbvia dor do luto com a perda do filho, contudo, no final do filme em outros flashs, recordando o que acontecera em acessos delirantes, ela aparece com os olhos abertos, deliciando-se com o gozo sexual e observando a criança dirigir-se a janela, de onde acaba por cair, sem interromper o coito para impedir a queda do filho. Ele suspende o tratamento dela com o psiquiatra, propondo-se enquanto psicólogo a cuidar dela, afirmando que ninguém a conhece melhor do que ele. Dá-se conta do seu engano quando descobre que ela não escrevera a tese a qual se propora, quando se refugiara antes com o filho naquela cabana. Ela tem um distúrbio muito grave, que se manifestara muito antes da morte do filho, por exemplo, na forma descuidada com a qual ela cuidava do menino, de modo a colocar os sapatos trocados na criança que chorava com o desconforto e com a dor. E ela, não se importava. (Por outro lado, acusa-o, em um momento de projeção psicanalítica, logo no início do filme, de jamais ter dado atenção ao filho) Para a psicanálise, é permanente a luta entre pulsão de vida (eros) e pulsão de morte (tanatos) é a própria dinâmica do psiquismo humano. Fica clara a homenagem do diretor Trier à psicanálise, a Freud, ao deixar clara as limitações da Terapia Cognitiva Comportamental para tratar desse caso específico de psicose, onde o terapeuta se vê perdido a partir da eclosão de sintomas mais graves em sua companheira, onde a TCC não alcança a infindável complexidade da estrutura psíquica humana.

BARTHES
Enviado por BARTHES em 16/08/2015
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