sobre 'O CÂNONE OCIDENTAL' de Harold Bloom

Nessa obra, Harold Bloom se propõe a nortear o leitor contemporâneo no mar de leituras essenciais para se compreender o caminho da Literatura Ocidental desde sua pedra fundamental, segundo ele "O livro de Jó', seguido de Joyce, Beckett, Proust, Neruda, Borges, até Kafka e um pouquinho mais perto de nós... Para ele, Shakespeare está no centro do que é canônico: Shakespeare teria reinventado o que veio antes e inventado os caminhos para o que viria depois (ou seja, de Shakespeare ninguém escapa...).

Bloom também divide e classifica toda a Literatura por períodos de produção que chama de eras, indo assim de uma era de ouro (Homero), passando pela era democrática, até chegar à uma "era do caos". Quando ele escreveu, nos idos de 1990 (1994-7), sua voz erguia um estandarte contra o multiculturalismo - aquela tendência cultural que vimos florescer e que conclamava ao direito de voz a todos os excluídos da História dando oportunidade de expressão NO MERCADO cada segmento, gueto ou "tribo" que dissesse uma palavra de auto-afirmação - Claro que o multiculturalismo venceu e o resultado foi a total segmentação da produção literária (Ex: editoras voltadas para leitores negros publicando autores negros; editoras GLBTs voltadas para leitores GLBTs publicando autores GLBTs; editoras voltadas para leitores mexicanos publicando autores mexicanos; editoras voltadas para leitoras (mulheres) publicando autoras (mulheres); etc, etc, etc.).

Segundo Bloom, à "era democrática" seguiria uma "era do caos" - seguida e determinada por aquela suposta "democracia" multiculturalista. Não teria esta "era do caos" outra apresentação que não esta que vemos ser promovida nas redes sociais hoje? Eu me pergunto, respondo e pergunto de novo cada vez que escrevo um poema novo... Muitas críticas foram feitas ao livro, mas é preciso ler para acompanhar o raciocínio do autor que me satisfez por completo. Há muitas citações de Bloom à propósito do Cânone Ocidental na internet, vou deixar uma que penso ser conclusiva e espero que esse breve comentário sirva para instigar a leitura do livro.

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Escritores como Shakespeare, Dante, Cervantes e Milton não têm rival na história literária. São escritores tão fortes que suas obras e personagens alteraram os rumos da história literária futura. Continuamos vivendo sob seu impacto. Eles são dotados de poderes literários extraordinários. Chamá-los de gênios, portanto, é fazer-lhes justiça. - Harold Bloom

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Baltazar

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 04/10/2017
Reeditado em 10/10/2017
Código do texto: T6132971
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