Ayn Rand e a Ética Objetivista

Ayn Rand e a Ética Objetivista

O conceito de Egoísmo, na autora, diz respeito a uma nova definição do conceito. Um homem autêntico é aquele que se constitui moralmente com valores reais e, portanto, racionais, pois possuímos os instrumentos próprios para a sua compreensão. Ela cria um ponto de intersecção entre a episteme, ou seja, o conhecimento da realidade e a emanação analítica de uma estrutura moral. Portanto, os valores e princípios segundo os quais nos baseamos devem ser claros e, mormente, prescindidos do ser objetivo da realidade através da faculdade racional. O conhecimento se expressa pelos juízos ou proposições de valor de verdade, no tocante à afirmação e negação, as quais denotam verdade e falsidade. Primeiro, basilarmente, é conspícuo que uma coisa seja igual a ela mesma, isto é, que seus atributos numênicos sejam claros. Se a bola for redonda, trata-se de um atributo característico dela sem o qual ela não se sustenta e, assim, contradizê-lo se trata de um erro crasso que viola o Princípio de não-contradição e esboroa o baluarte do universo do discurso semântico. Deste modo, temos de nos atentar à estrutura lógica e, de certa maneira, ontológica, pois diz respeito à causa formal do homem (a razão) a potência (ou possibilidade) de abstrair das substâncias particulares o que lhe pode atribuir conceitualmente, para que o ato de clarificação e estruturação do pensamento acerca durante os juízos proposicionais sejam infalíveis ou sólidos. Estes juízos imputam a realidade redes semânticas (representam uma causa material), os objetos pelos quais o sujeito dotado de razão se expressa e, consequentemente, julga. Em virtude disso, com uma estrutura adequada de valores e ímpeto investigativo objetivo da realidade, haverá uma adequação correta na relação sujeito e objeto no momento da referenciação julgacional de si e do outro e, ao fazê-lo deste [outro], expressa-se a si com seus valores. Nossa transparência moral, logo, atine à identidade entre o que somos, dizemos e agimos.

A partir disso, com a elucidação racional dos conceitos e princípios, principalmente sobre os que dizem respeito aos valores morais, o indivíduo, sendo uma substância individual e um fim em si mesmo, não um meio, deve erigir um código moral dentro do qual a verdade límpida do seu ser transpareça. Isto não significa que haverá uma abstração da lógica para a moral, mas uma elucidação dos conceitos sobre os quais se utiliza como valor. Somente a partir disso um indivíduo está pronto para julgar e, assim, sua responsabilidade moral estará munida com um caráter virtuoso - um aperfeiçoamento do pensamento e atitudinal. Rand usa o termo substância individual. As quatro causas de Aristóteles são elementos semânticos meta-textuais que, com leitura sistemática, pode-se arguir, a fim de clarificar sua teoria. Há um preparo do homem para a liberdade, cuja faca de dois gumes que é revela a imputabilidade da responsabilidade moral indissociável. Quando um indivíduo é transparente e possui valores elevados, verá, na transparência daquele ao qual exorta e atribui preferência e valores, o reflexo de sua virtuosidade. Por isso, nossas escolhas, segundo ela, revelam o que somos. Não há pensamento coletivo. Somente conjunto de indivíduos que transmite conhecimento, informação e emanação do real. O coletivo, em contrapartida, retira a identidade e responsabilidade moral das pessoas. Somente o indivíduo tem culpa e somente ele fala. O coletivo é uma massa amorfa dissociada da concretude do ser. A dissociação da liberdade e racionalidade atinente ao coletivismo abarca a instrumentalização do indivíduo para a manutenção de uma ideia de união, cuja autenticidade, liberdade e valores individuais são desprezados. Esta massa amorfa advém de uma ideia de extensão irrestrita de continuidade incalculável de indivíduos dentro de um éctipo ornamental, cuja substancialidade particular é perdida.

O Egoísmo significa, por fim, ver a si e o mundo como um fim em si mesmo, ou seja, valorar e contemplar como ele realmente é. Sendo rigoroso no olhar para si, pode-se tornar autêntico e justo no olhar sobre o outro. A causa final, desta forma, concerne com a felicidade moldada desde si mesmo como princípio condutor da ação no mundo: o homem como sua causa inicial. Por isso, é importante construir um alicerce moral devidamente preciso e transladado com o raio de ação.

Carolina Chr
Enviado por Carolina Chr em 23/11/2017
Reeditado em 23/11/2017
Código do texto: T6179661
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