ANÁLISE DA OBRA “TODAS AS VEZES QUE DISSEMOS ADEUS” de Kaká Werá Jecupé (2002)

A obra “Oré awé roiru’a ma: todas as vezes que dissemos adeus” (2002), escrita por Kaká Werá Jecupé contém 119 páginas de ficção. Narrada na primeira pessoa, a obra contém a história de vida do próprio narrador-protagonista Jecupé, que relata momentos vividos sobre a busca pelas suas “raízes ancestrais”.

A narrativa segue em ordem cronológica, ao mesmo tempo psicológica que transcorre numa ordem determinada pela imaginação do narrador, como também ocorre quando o autor faz um comparativo de sua narrativa com a obra de José de Alencar: “O Guarani”.

A história relata, além disso, crendices indígenas das quais são relembradas pelo narrador, através dos ensinamentos dados pela sua família Tupi-guarani, como por exemplo, a recomendação dada por seu avô de se proteger do ladrão de almas, a trajetória de autoconhecimento e finaliza com o retorno às origens indígenas e a sua missão de ensinar aos outros a sua tradição.

A obra de Jecupé, como recentemente publicada em 2002, foi escrita sobre uma ótica passada, pelos conhecimentos desenvolvidos e repassados pelos seus ancestrais, desde o tempo de paz em que somente os índios viviam inteiramente em solo brasileiro, até as invasões territoriais em 1500, contendo ainda, fatos atuais na nova civilização em São Paulo, em Florianópolis, e diversas cidades que esteve, comentando quanto à miscigenação dos povos distintos, e a luta pela preservação de sua tribo.

O enredo da narrativa se divide em inúmeras descrições, e diversos episódios, mas algumas situações são destacadas, como a de quando Jecupé, na infância, saiu de sua aldeia localizada no norte do país, para a convivência com a civilização em São Paulo, onde cresceu e se desenvolveu em sabedoria entre os índios Guaranis.

Andando em aldeias, conhecendo e passando por iniciações espirituais entre o povo Tapuia e o povo Guarani, Jecupé narra seu sofrimento e suas aflições ao presenciar a cultura indígena sendo extinta a partir do crescimento desenfreado de São Paulo.

Jecupé, o único de sua tribo, revela que passou por um processo de aculturação e violência, pois foi escolarizado e era obrigado a mudar seus costumes, e ainda a ter que aceitar um nome não indígena. Toda essa novidade constrangeu sua família.

Jecupé conta que sua mãe teve depressão com todos os fatos acontecendo e não resistiu. Primeiro, a morte de sua mãe e, em consequência disso, seu pai virou alcoólatra e também morreu. Em decorrência desses acontecimentos, Jecupé resolveu fazer uma viagem a Florianópolis que o aproximou da identidade étnica e, portanto, foi adotado pela tribo Guarani.

Por meio dos ensinamentos culturais através das artes, da dança, da literatura, Jecupé começou a ser incentivado para que prosseguisse o ensinamento sobre sua cultura tradicional, bem como palavras de sabedoria que incentive as pessoas a compreenderem o sentido da vida.

Jecupé faz também uma crítica sobre a mídia (os olhos eletrônicos) que detalha massacres antigos e a invasão que exterminou povos indígenas, e que muitas vezes não expressa a luta pela paz, como é descrita.

A mensagem dada por Jecupé, engloba diversos fatores como: o testemunho da sua trajetória do campo ao urbano, a preservação da cultura indígena, o conhecimento da historicidade, e a luta pela paz entre os povos.

Angel Angélica
Enviado por Angel Angélica em 28/06/2018
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