Amnésia/Memento (Christopher Nolan, 2000) e Uma mente Brilhante (Ron Howard, 2001): o espectador na pele do personagem.

Além da originalidade dos roteiros, em especial o de Memento/Amnésia (idas e vindas na narrativa que exigem atenção), o espectador é colocado na condição do protagonista, na pele dele, e pode demorar a se dar conta disso.

Não há uma câmera na nuca do personagem principal; ele até pode narrar alguns trechos, mas não é uma narrativa em primeira pessoa comum. É como se você visse, vivesse e percebesse o mundo através dele, na mesma condição peculiar que o marca - nos longas, uma condição mental distinta.

Para evitar spoilers, digo apenas que, em Memento, o protagonista tem uma espécie de amnésia em que não consegue reter as memórias recentes e o roteiro foi construído em cima dessa condição, colocando-nos como o personagem, meio que perdidos entre um passado distante que é lembrado, memórias mais recentes que se esvaem e confusão sobre as outras personagens e os fatos, além de uma narrativa linear, em preto e branco, contando uma história paralela e complementar, que se mistura à vida do protagonista.

Já em Uma Mente Brilhante, fica complicado contar alguma coisa sem revelar a trama e certas surpresas importantes para a narrativa do longa. Sem perceber, o espectador é colocado na pele do protagonista, e o roteiro é incrível, embora menos chocante que o de Memento, que insiste na inversão em vários sentidos.

Vale a pena conferir os dois longas, que tiveram sucesso entre o público e da crítica.