Aprender a falar com as plantas” de Marta Orriols

 

Esse livro é mais um enviado pela TAG (Clube de experiências literárias) e tem uma edição de design deslumbrante! Já me apaixonei ao abrir a caixinha. É o livro de estreia da escritora Catalã Marta Orriols com um tema difícil e complexo: o luto, a morte e a vida.

 

Paula Cid é a personagem principal, uma médica neonatologista bem sucedida. Ela trabalha na UTI Neonatal de um hospital em Barcelona (Espanha) em plantões que absorvem sua vida social e pessoal. Seu marido, Mauro, morre atropelado no mesmo dia que pede a ela a separação e conta sobre sua traição. A dor da perda se junta à dor de descobrir-se traída. No celular dele, ela descobre as conversas do marido com a amante, mas ninguém da família sabe nada do assunto e é ela a viúva que precisa lidar com os detalhes do enterro e das coisas que ele deixou.

 

O livro mostra a realidade nua e crua do luto: os detalhes da casa e do dia a dia que trazem lembranças a todo momento e em todos os cantos. Em sua casa, Paula sente a falta de Mauro e ainda se questiona em que momento morreu a relação entre eles. Ela precisa lidar com a falta dele e ainda com sua traição.

 

A narrativa é delicada e ao mesmo tempo dilacerante. A dor de Paula ultrapassa a narrativa e praticamente nos toca, afinal “Morrer não é místico. Morrer é físico, é lógico, é real” (p.12). O leitor fica esperando uma superação da dor a cada página, mas a dor vai só se espalhando e se acomodando. Como na vida. Quem perde alguém que ama, de certa forma nunca “supera”, apenas aprende a viver sem o outro. Não se pode falar em superação, como se fosse uma página virada. Mas ao final… o final, você precisa ler o livro para entender.