Projeto Mamirauá: um levantamento histórico através de uma abordagem audiovisual

A história do Projeto Mamirauá tem vários personagens e protagonistas, o primatólogo Márcio Ayres foi um dos principais. Ele chegou à região em 1983 para fazer a pesquisa sobre o Uacari-branco (Cacajao calvus calvus), além disso, a pesquisa também mostrou a importância e a vulnerabilidade do ecossistema de várzea, além do endemismo de primatas. Em 1984, ele elaborou uma proposta de criação de Estação Ecológica para proteger uma área entre os rios Japurá, Solimões e o canal do Jarauá, que era a distribuição geográfica conhecida de dois primatas, o Uacari-branco (Cacajao calvus calvus) e o Macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta (Saimiri vanzolinii). (PERALTA, 2012). A justificativa para esta proposta foi a intensa exploração madeireira na várzea daquela região. Em 1990, foi criada a Estação Ecológica Mamirauá (EEM). Em 1992, foi criada a Sociedade Civil Mamirauá (SCM). E em 1999, foi criado o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), em maio deste mesmo ano o Presidente da República Fernando Henrique Cardoso qualificou o Instituto Mamirauá como Organização Social ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia hoje, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O objetivo da pesquisa à qual nos referimos aqui é relatar o histórico do Projeto Mamirauá através de uma abordagem audiovisual, no período correspondente aos anos de 1980 à 1999. A realização da pesquisa se deu através do acervo de imagens Instituto Mamirauá. A linguagem audiovisual torna-se importante neste contexto, porque ela é um meio de comunicação que nos permite construir uma mensagem através da interação entre o som e a imagem dentro de um contexto sequencial. (CRUZ, 2007). Em um primeiro momento foi realizada uma contagem das fitas em arquivo e digitalizadas com auxílio da ilha de edição. Após essa etapa foi criado um roteiro que pretendia responder algumas perguntas centrais para a montagem do documentário. Para responder a cada pergunta foram selecionadas duas a três imagens. A ideia é que a história seja contada por meio de seus próprios protagonistas. Depois de realizada a seleção das imagens para o documentário, sua edição e finalização foi feita utilizando o programa Final Cut Pro 7. Atualmente o acervo dispõe de 122 fitas VHS, a pesquisa conseguiu analisar 40 delas, das quais foram extraídas mais de 60 cenas para compor o documentário descrevendo a história do Projeto Mamirauá contada pelos principais atores. O documentário registra o depoimento de atores: pesquisadores, comunitários a favor e contra o Projeto, pessoas que tinham o pensamento diferente a respeito dos verdadeiros objetivos do Projeto. Alguns que, posteriormente mudaram seus conceitos com relação ao Projeto. O documentário apresenta também, conflitos, acordos, vitórias e lutas dentro do contexto histórico do Projeto Mamirauá. Ao longo do tempo lacunas foram fechadas, problemas foram solucionados e outros minimizados e a cada momento se buscava melhores condições de vida para as populações locais, conservando os recursos naturais e fazendo o melhor uso sustentável dos recursos, por meio de um sistema de manejo participativo. Com o documentário espera-se uma maior contribuição no cenário científico do Instituto Mamirauá, considerando a sua missão: Promover pesquisa científica para a conservação da biodiversidade através de manejo participativo e sustentável dos recursos naturais na Amazônia. Este trabalho serve também para que os jovens de hoje e sempre, despertem sua consciência de que preservar o maior ecossistema de várzea do planeta é fundamental para a sobrevivência da fauna e flora, e sintam-se motivados através da mensagem audiovisual que por si só, contagia, emociona e nos sensibiliza a fazer parte deste mundo que nos envolve com sua história por meio do gênero audiovisual.

2019: Este trabalho foi realizado por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic Sr) de 2012-2013, na sede atual do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).