Existe ou não como na fotografia peculiaridades na iluminação de pessoas negras?

Á memória e obra do mestre fotógrafo Mário Espinosa.

Para Danielle Meireles, Denilson Marques, Ronaldo Costa, demais manos e minas Lighting Designers; brodagem fotográfica, literária e audiovisual, iniciantes e veteranos; netas e netos presentes e futuros.

Por Oubi Inaê Kibuko – tempo de leitura integral: aproximadamente 60 minutos.

"Olho no espelho

E não me vejo

Não sou eu

Quem lá está

Senhores

Onde estão os meus tambores

Onde estão meus orixás

Onde Olorum

Onde o meu modo de viver

Onde as minhas asas negras e belas

Com que costumava voar?"

Eclipse, excerto, Carlos de Assumpção.

Salve majestade panterosa iluminada iluminante. Na humildade e com todo respeito, sou um ignorante em formação. Lembro que na casa dos mais velhos ou em situação de carência, dependência, favor, subordinação, havia uma regra general: “Baixe o bico e a crista. Quando você tiver a sua casa, fará o que quiser. Enquanto estiver debaixo do meu teto, sob a minha responsabilidade e sustento, fará o que eu mandar.” O que ainda procede, mudou, precisa ser mudado?

Como é do conhecimento de muitas, muitos e muites, meus primeiros passos se deram na literatura. Quase oposto a incorrigível romanticidade poética, minha trajetória artevista, se deu em partes, a respostas inconvincentes, insatisfatoriamente respondidas, mais intolerantes que os preconceitos que acenderam indagações. Tanto que de alguns anos para cá ando refratário a ismos de todas as ordens. Nestes e outros quadros recorrentes: afetivo, duvidando, observando e perguntando permaneço. E se fecham a porta, procuro outra. Não é receita, mas tem sido um caminho.

Ao contrário de muitos relatos, comecei a fotografar já adulto e autodidata a partir dos anos 1990 com uma Kodak KB20. Um tanto encantado com retratos e paisagens em imagens e pinturas comerciais, porém sem maiores embasamentos. Efeitos e sequelas do abandono escolar no terceiro ano primário, devido a bullyngs e necessidades familiares. Tempos bicudos e falta de tutoriais, a exemplo dos muitos que pululam na Internet, também contribuíram. Talvez um modelo a evitar repetir em alguém, seja quem for, é uma horrível foto 3x4, feita em 21/01/1974 para documentação e cadastros de empresa, meses após eu ter completado 18 anos, paga com antecedência. Assim exigiam. Oposto aos admiráveis e memoráveis lambe-lambe, o profissional do estúdio em tela não teve o mínimo apuro. São visíveis o desmazelo e o mero interesse monetário. Por ela percebi algo estranho ao fotografar e comparar fotos de pessoas brancas e pessoas pretas, juntas ou separadas. Briguei com laboratórios. Por ignorância química e técnica, mais falta de referenciais e argumentos consistentes, não soube abordar e desemaranhar novelos.

Em meados de 2000, numa conversa informal com o mestre Mário Espinosa (1943-2014), num rápido café de boteco na Praça da Sé expus o assunto. Ele, além de fotógrafo e revelador era professor de fotografia no meio acadêmico, pesquisador de cultura afro-brasileira e estava muito motivado em documentar comunidades quilombolas. Sem floreios e perfumes, confirmou assimetrias presentes em todo o processo da fotografia. Desde a invenção em 1839 à contemporaneidade. Prestativo, se comprometeu a me nortear. Estava ávido em transmitir conhecimentos aos seus pares. Seu sonho de consumo era ministrar aulas para uma classe preta, afins de equilibrar a balança, tipo algumas escolas em África, Haiti, Harlem, Jamaica, Salvador... Objetivo compilado de um seminário promovido pelo CEERT, no qual ele participou, é convite sugestivo: “Provocar a reflexão sobre o estudo da imagem do entorno afrodescendente, como forma de reconhecimento identitário gestual, corporal, postural, comportamental e verbal.” Se me permitem, incluo territorial material e imaterial.

Nessa breve conversa compreendi melhor sua preferência por fotos em P&B, em Sépia, uso do filme Ilford, por questões de linguagem e praticidades. Elucidou. Empreteceu. É preciso empretecer; claro demais, ofusca. Se eu já era inclinado a pagar, se necessário fosse para ser seu assistente, mais fiquei. Repetia o intento toda vez que nos encontrávamos. Ele propôs de eu ser como aluno-ouvinte num projeto junto aos Arturos, na época ainda em rascunho. Segundo reportagem referente no jornal O Tempo:

"Os Arturos constituem um importante agrupamento familiar que busca manter e preservar, em seu cotidiano, as tradições, usos e costumes afro-brasileiros herdados de Artur Camilo Silvério, fundador da comunidade. O culto a Nossa Senhora do Rosário permeia a atividade congadeira do grupo, que articula um "reinado próprio", reverenciado em seus festejos."

Passei um tempão sem vê-lo. Para ajudar eu estava impedido de voar devido a faculdade, trabalho e compromissos inegociáveis de serem pausados ou suspensos. Quando enfim tive notícias, soube do adoecimento e passamento decorrentes do Alzheimer! Parte do seu acervo e legado podem ser conferidos no portal Geledés e num vídeo em sua homenagem, disponível no Youtube. Ambos carecem de pesquisa, ampliação, documentação impressa e audiovisual para as novas gerações terem contato e conhecimento da sua vida, pensamento e obra fotográfica. No Brasil e no mundo: "Cada velho que morre é uma biblioteca que se incendeia", alerta um provérbio africano. Ainda mais num país que queimou sua documentação escravocrata e permanece de borracha, cassetete e fósforo em punhos. Videm o atual e vergonhoso mandato da Fundação Palmares, em conluio e parceria com as inquisições neopentecostais às culturas de matrizes africanas promovidas em pregações e transmissões multimídia. 

Meus respeitosos agradecimentos por terem salvo das fogueiras do esquecimento: ao Noel dos Santos Carvalho, pelo "Esboço para uma História do Negro no Cinema Brasileiro",  introdução do livro "Dogma Feijoada", de Jefferson De. Ao Clóvis Moura, por "Imprensa Negra - reedição fac-símile, seguida de estudo crítico". Ao Marcio Barbosa, por "Frente Negra Brasileira - depoimentos". Ao Cuti, por "E disse o velho militante José Correia Leite - depoimentos e artigos". A Soweto - organização negra, por "Afro Latino América 1977 a 1979, edição fac-similar" das 20 edições da seção homônima no jornal Versus. Ao Osvaldo de Camargo, por "O negro escrito - apontamentos sobre a presença do negro na literatura brasileira". A Irene Santos, por "Colonos e Quilombolas - memória fotográfica das colônias africanas de Porto Alegre". A Ligia Fonseca Ferreira, por "Com a palavra, Luiz Gama: poemas, artigos, cartas, máximas". A Heloísa Pires Lima, por "Benjamin - o Filho da Felicidade". Ao memorável professor Eduardo de Oliveira, autor do Hino á Negritude, por "Quem é quem na negritude brasileira". Aos documentaristas: Akins Kintê, por "Várzea: a bola rolada na beira do coração"; A Lilian Solá Santiago, por "Balé de pé no chão - a dança de Mercedes Batista"; ao Joel Zito Araújo, por "Meu Amigo Fela"; ao Renato Cândido, por "O Samba do Cururuquara"; a Sandra Kogut, por "O Passaporte Húngaro"; a Camila de Moraes, por "O Caso do Homem Errado"; e em especial  a dupla Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli, por "Cine São Paulo" e ao Gabriel Martinez, por "Envelhescência", apesar das controversas ausências negras em ambos. Quem convive e preza seus mais velhos, tratem de registrar suas biografias, memórias e trajetórias. Prega um provérbio africano que "Existem três tipos de riqueza: Bens, Filhos, Longevidade. A fortuna de quem vive muito é contar aos outros tudo que viveu!” Ferramentas, meios, modos e referências não faltam. A começar pelo Literafro - o portal da literatura afro-brasileira, apenas para citar.

Hoje entendo, admiro, invejo, respeito quem larga tudo e vira sombra de mestras e mestres francos, generosos, semeadores, griots em potencial. Assim fizeram Daniel Slon, discípulo do músico e percussionista argelino Guem e Samba Gadjigo, escritor e professor, que também gamou, se identificou e se especializou na obra do cineasta e escritor senegalês Ousmane Sembene (1923-2007). Em 2015 roteirizou, produziu e dirigiu o documentário "Sembene", a partir de um livro memorial "Ousmane Sembène: The Making of a Militant Artist", por ele escrito e lançado em 2010. Nele apresenta um retrato pessoal único e uma história intelectual do romancista e cineasta. Samba Gadjigo tem percorrido o mundo divulgando a vida, obra, ideias e ideais do mestre em palestras e workshops.

Tenho quedas por história, mitologias, meios de comunicação. O gosto pelo universo da música e suas curiosidades também me influenciam. Entrevistas com músicos populares, revelam que muitos já consagrados, voltaram a estudar confluindo autodidatismo com meios formais, tendo por base os eruditos, afins de melhor conhecer os meandros do que estavam fazendo. Frente a ignorâncias ou limitações existentes, almejavam atingir patamares maiores e fundamentados exigir empenhos a resultados sólidos e atemporais. Tanto que somente sosseguei após ter conseguido os dois volumes do livro Música Popular Brasileira, do fotógrafo Mário Luiz Thompson, 2001. A capa estampa um garoto negro regulando guitarra improvisada em madeira descartada, me fisgou. Quando criança eu tinha o hábito de montar guitarras com ripas e caixotes de frutas, encordoava com fios de nylon e fazia solos vocais, tipo Al Jarreu (1940-2017) e George Benson. Tanto que afirmo: eles me "plagiaram". Isto se deu por volta de 1967/68. Será que havia fotógrafos negros nesta época? A quem possa interessar, na Internet estão disponíveis diversas reportagens e tutoriais sobre instrumentos musicais feitos com material reciclável. Duas referências neste cenário alternativo musical são: Hermeto Pascoal e o grupo Uakti.

Quem já não passou pela experiência de chegar na casa de amigos, avós, familiares, parentes, ver e folhear álbuns e mais álbuns de fotografias e ouvir longas histórias sobre elas? Segundo o Portal Educação:

"Podemos considerar a fotografia como o meio mais perfeito para gravar e reproduzir manifestações culturais. A fotografia é a responsável pelo surgimento do cinema e da televisão. Outros dois grandes meios de comunicação importantíssimos para a sociedade. O grande inventor Leonardo da Vinci, por volta do ano de 1554, conseguira descobrir o princípio básico da câmera escura, onde uma luz é refletida por um objeto e projeta fielmente sua imagem dentro de uma câmera escura a partir de apenas um orifício para a entrada da luz. Esta ideia ajudou cientistas a desenvolverem equipamentos mais robustos e fiéis nos séculos seguintes."

Da Idade Média ao inventivo e profuso século das luzes, temos cenários complexos e controversos. Algo como um Brasil que proclamou fervorosa independência em 1882, mas o pacote não aboliu a escravidão, uma república reproduziu muito dos seus ranços e desde o estado novo ainda carregamos sequelas coloniais e ditatoriais. Neste quadro, de imagens microscópicas a astronômicas; incluindo águas, animais, arquiteturas, florestas, pessoas, plantas, experimentações abstratas, a fotografia nos ensina a olhar. A observar. A buscar. A pensar. A saber como e o quê dizer.

Meu TCC de graduação em Comunicação Social na FECAP em 2008: A Representação do Negro na Mensagem Publicitária, foi fecundado, gestado e parido a machadada xangônica. Quase metendo o pé na porta, com sangue nos olhos, como diz a mocidade periférica e pan-africanista. A começar pela centenária instituição atuante na área comercial, contabilidade e secretariado. O tema, campo de estudo e objetivos propostos destoavam das linhas de pesquisas. O sorriso amarelo do orientador, jornalista e mais focado na arena esportiva e olímpica era broxante. Um alerta reflexivo do filho Charles ao pré-projeto e desenvolvimento da monografia neste contexto, talvez por ele estar na época estudando Ciências Sociais fazia sentido.

Tinha por mote memorial a peça teatral "E agora falamos nós", de Theresa Santos (1930-2012) e Eduardo de Oliveira e Oliveira (1923-1980). E os solos do bailarino e coreógrafo Ismael Ivo (1955-2021). Movido por essa irmandade ativa, inspirado em expoentes como: Ilê Aiyê, Olodum, revista Raça, apenas para citar, almejava discorrer sobre Cresposim, Portal Afro ou Quilombhoje, uma das três, enquanto afromarketing potenciais paulistanos. Tomei canseiras e perdidos. Pra não levar bomba (já havia pego DP por intransigências de uma professora e por extensão impedido de participar do programa de Iniciação Cientifica interna), uma peça da Parmalat, empresa que nunca viu a minha cara preta, acenou salvações. Graças aos Orixás e a perseverança, mergulhei e sai vivo do outro lado!

Segundo a Wikipédia:

"Luz de palco, iluminação cênica ou iluminação teatral é o sistema de luzes que desempenha, no palco, diversas funções de efeito artístico. São instrumentos luminosos usados não apenas no teatro, mas em espetáculos diversos como balés, óperas, shows musicais, etc. (...)A história da Iluminação tem sua origem na Grécia Antiga, por volta do século V a.c., quando das primeiras encenações de tragédias e comédias feitas ao ar livre nos anfiteatros, onde a luz do Sol era utilizada para criar, ainda que mínimo, algum efeito cénico. A iluminação de palco é usada para a consecução de vários princípios e metas. (...) As quatro principais qualidades que uma luz de palco deve possuir são: intensidade, cor, padrão e foco."

Passados mal pensados e resolvidos tendem a se repetir no presente, no futuro. Há quem avente que museus surgiram não somente de colecionismos com recursos próprios, doações, mecenatos; decorrem também de apropriações, contrabandos, saques. Se refletirmos potencias dominantes sobre demais nações em termos econômicos, geopolíticos, tecnológicos, estas por extensão impõem suas culturas, costumes, idiomas, embutidos nos pacotes. Grécia e Roma serviram de bússola e rotas hierárquicas para tais intentos intermináveis e recorrentes. A Conferência de Berlim 1884-1885 delimitou regras e acordos. A partilha da África, oficializou o neocolonialismo e extensa exploração das colônias africanas pelos países europeus. E os demais países, povos e regiões do planeta? Como e de que modo perceberam, como filosofam e que importância dão a luz? Bem, são outras histórias e pesquisas a serem contempladas quando houver tempo, condições materiais e recursos humanos.

O negro era inteligente

O branco não

O negro era culto

O branco não

O negro era educado

O branco não

O negro era capaz

O branco não

Foram juntos pedir emprego

A uma mesma repartição

Umas três vagas havia

Fizeram sua inscrição

Decisão

O branco foi contratado

O negro não.

Decisão, Carlos de Assumpção

Na ELCV de Santo André, quando lá cursei cinema no triênio 2008/2011, o assunto voltou à cena, porém não repercutiu. A ausência de coordenação de curso, professores atentos e sensíveis ao tema e o desinteresse de muitos colaborou. O saldo relativamente positivo foram aulas de história da imagem e cineclubes temáticos encabeçados pelo mestre Milton Bíscaro. Em ambos, ele detalhava e dissecava os filmes exibidos. Aulas com os irmãos Solá Santiago - Daniel e Lilian - focaram mais na Produção, sem adentrar e esmiuçar questões étnicas. Centraram-se mais na bagagem e portfólio profissional de ambos, a saber: "Sete dias de agonia” (O encalhe) – filme, 1982; "Distrito de Brasilândia e suas histórias", 2006; "Uma Cidade chamada Tiradentes", 2006; 'Família Alcântara", 2005, documentários, dentre outros.

Não condeno. Talvez, por serem negros, eu tenha esperado posicionamentos Nina Simone e Spike Lee deles. Sem considerar que tal ato possa ter se dado pela forte ênfase artística e estética da instituição. Perceberam lacunas, procuraram preencher, sem levantar bandeiras. Produção, mesmo sendo espinha dorsal de todo tipo de evento, por atuar mais nos bastidores e sem holofotes, é área deficiente de pessoal disposto, disponível e qualificado. A maioria dos estudantes de artes visuais tende a preferir campos midiáticos e visibilizadores, geralmente: atuação, cenografia, direção, fotografia, roteiro... Soluções a questões raciais no Brasil, andam a passo de tartaruga subindo ladeira conversando com bicho preguiça, carregando lesmas e minhocas nas costas. Desse modo, ficou no vamos ver, empurra com a barriga, o costumeiro arroz com feijão e outros fast-food. Tanto que a realização de um curta sob minha direção, adaptado de um conto de Márcio Barbosa, "O Homem de Touca", gerou perrengues internos. E duas peças teatrais do Cuti: "Madrugada me proteja!" e "Nódoas"  por mim propostas para roteiro ao TCC em grupo foram delicadamente recusadas. Soaram como a estrofe daquele poema do Brecht: “Mas eu não me importei com isso”.

De 2020 para cá, por estar cursando Técnicas de Iluminação Cênica na SP Escola de Teatro, por indicação da atriz e doutora em antropologia Kelen Pessuto, motivado por icônicas fotos nas revistas Íris, Raça Brasil, National Geographic, Fotografe Melhor; pelo livro "Antropologia Visual: A Fotografia como Método de Pesquisa", de John Collier Jr., Editora da Universidade de São Paulo, 1973 (aceito doação sem promissórias). E por dois fotógrafos: o armênio-canadense Yousuf Karsh e o malinês Seydou Keita, a presença luminária e cênica no trabalho de ambos é significativa e referencial para amantes da P&B em fine art, acenaram possibilidades:

1.”Yousuf Karsh (1908-2002), fotógrafo armênio-canadense conhecido por seus retratos de indivíduos notáveis: Martin Luther King, Winston Churchill, dentre outros. É descrito como um dos maiores fotógrafos de retratos do século XX. Sobrevivente do genocídio armênio, Karsh migrou para o Canadá como refugiado. Na década de 1930, ele se estabeleceu como um importante fotógrafo em Ottawa, onde viveu a maior parte de sua vida adulta, embora viajasse muito em trabalho. Foi aluno e discípulo do fotógrafo John Higue Garo (1868-1939).” Nota: o documentário para televisão “Karsh is History”, de Joseph Hillel,2010, Sinopse: A portrait of legendary photographer Yousuf Karsh through told through his breathtaking photography. (Um retrato do lendário fotógrafo Yousuf Karsh contado através de sua fotografia de tirar o fôlego.) É recomendável. Não foi lançado no Brasil. Apenas exibido uma vez pela TV Cultura. Está disponível na Amazon Prime americana e consta na lista do MUBI.

2. "As fotografias de Seydou Keita (1921-2001) retratam eloquentemente a sociedade de Bamako durante sua era de transição de uma colônia francesa cosmopolita para uma capital independente. Formado inicialmente pelo pai para ser carpinteiro, a carreira de fotógrafo de Keita foi lançada em 1935 por um tio que lhe deu sua primeira câmera, uma Kodak Brownie Flash, que ele comprou durante uma viagem ao Senegal. Durante sua adolescência, Keita dominou os desafios técnicos de filmagem e impressão; mais tarde, ele comprou uma câmera de grande formato. O formato maior não só ofereceu um excepcional grau de resolução, mas também possibilitou a Keïta fazer impressões de contato de alta qualidade sem o auxílio de um ampliador. Em 1948 ele abriu seu próprio estúdio em Bamako e rapidamente construiu um negócio de sucesso. Seja fotografando indivíduos solteiros, famílias ou associações profissionais, Keita equilibrou um senso estrito de formalidade com um nível notável de intimidade com seus súditos." Nota: Seydou Keita teve mostra homônima realizada pelo Instituto Moreira Salles. Catalogo, informações e livros relacionados encontram-se no site da instituição. Sobre Mário Espinosa: nada consta. Qual o critério?

Cito também: Ansel Adams, Cláudia Andujar, Eufrate Almeida, Gisele Martins, Januário Garcia,  Martin Chambi, Luiz Paulo Lima, Osmar Moura, Vanderson Satiro, Walter Firmo, a lista é maior para quem se interessar pelos seus trabalhos. A exemplo da fotografia e da literatura, outros campos e gêneros das artes, estudar a luz, conhecer sua história e desenvolvimento, suas curiosidades, propriedades e aplicações, é apaixonante. Um verbete a ela relacionado na Wikipédia, livros e outras plataformas para ampliar e aprofundar conhecimentos, é convite irrecusável. Entrevista memorável com o ator João Acaiabe (1944-2021) no programa Persona em foco, TV Cultura, encorajou-me a encarar o processo seletivo da SPET ao dizer sem amaciados rodeios:

“Eu sempre fui o único negro da turma. No ginásio eu era o único negro. Na escola, na EAD (Escola de Arte Dramática ECA/USP), eu era o único negro. Mas é incrível essa coisa de como o teatro recebe a gente. O teatro recebe negros, brancos, mestiços, gays, lésbicas... Ele abraça. Ao mesmo tempo o teatro não perdoa quem o abandona, quem o trai. No teatro eu achei o meu espaço, apesar dessas dificuldades."

Neste leque, a paleta de cores. Vários tipos de filtros, gelatinas e holofotes. Assistindo peças variadas semanalmente. Técnicas de longa exposição fotográficas como a Light Paint, dentre outras. Além de cinéfilo ter sido coordenador de um cineclube criado pelo Fórum África, seguido de debate após as projeções, o questionamento retornou e desta vez alicerçado nas artes experimentais. As releituras: “Bertoleza”. “Gota d'água preta”. “Navalha na carne negra”. “E se Brecht fosse negro?”, dentre outras, muito contribuíram. Afinal, enquanto iluminadores, seja cena, seja fotografia, escrevemos com a luz.

Pegando carona solidária nas questões de gênero, suas controversas e discutíveis formas de tratamento aos não binários, levantados por dois colegas de classe (tenho amizades, clientes, familiares LGBTQI+ e se não tivesse respeitaria como respeito e gosto de ser respeitado), o campo se mostrou propício a hipóteses e problematizações, mesmo que deslocadas ou impertinentes: Em cinema, dança, teatro e demais artes cênicas, existem ou não peculiaridades na iluminação de pessoas negras?

Admito. Fui distinto e taxativo. Fiz recorte racial com base na fotografia, ciente de outros calos doloridos iguais aos meus. Mestre Januário Garcia sugeriu num post que estudemos a fundo os sensores das câmeras digitais, assim como os fotógrafos analógicos estudaram as extensões, limitações e propriedades das películas. A dica e relato do mestre foi postada num grupo do Facebook, elucidando conversa sobre as fotos pálidas que fizeram com a Thelma Assis, ganhadora do BBB 2020, que nos remetem a imagens semelhantes de Lima Barreto e Machado de Assis.

Se quem procura, acha, pesquisando a respeito encontrei numa revista de fotografia, matéria sobre escalas de cores e incidência de raios ultravioletas na luz do dia. Foi um pontapé inicial. Muita gente gosta de registrar seus momentos de lazer em parques, praias, viagens. Cujos resultados muitas vezes deixam a desejar. Nem todas as câmeras digitais, celulares e tablets são equipados com balanços de cor, modos de adaptação, compensação e estabilização da luz ambiente. Em outra encontrei dicas e truques para fotografar pessoas negras, que dispensam aplicações daqueles horrorosos e estourantes óleos para deixar a pele brilhante. Tem ajudado bastante.

A bem da verdade, fotografar branco e fotografar preto, se não souber dosar, é problema! O primeiro estoura e o segundo absorve luz. Por essas e outras percebemos preferências pelos meios tons, frequentemente presentes na maioria das mídias visuais em geral, afins de minimizar prazos, custos e aumentar lucros. É tese sequencial para oficinas, técnico, graduação, mestrado e doutorado. Sobretudo se juntarmos pesquisas de campo, partindo de duas matérias interligadas, presentes numa edição online da revista Zum número 10: "Sob a luz tropical: racismo e padrões de cor da indústria fotográfica no Brasil" e “Questão de pele: Os cartões Shirley e os padrões raciais que regem a indústria visual”. A saber em dois excertos compilados:

1) "Quando as impressoras automáticas chegaram ao Brasil, na década de 1970, os laboratórios da Kodak no país receberam cartões com a imagem de mulheres brancas ao lado de escalas de cinza e de cor, usados para padronizar os tons de pele das impressões fotográficas. Produzidos desde os anos 1940 nos Estados Unidos, os cartões Shirley só incluíram negras e asiáticas – eram sempre mulheres, como as Color Girls da televisão e as China Girls do cinema – na segunda metade dos anos 1990, quando os americanos negros já eram um público consumidor que podia pressionar por representação. No Brasil dependente das técnicas do exterior, os padrões delimitados pela Kodak não passaram despercebidos. Enquanto os profissionais sempre criaram técnicas para driblar as limitações dos filmes e das máquinas automáticas de fotoprocessamento, os próprios laboratoristas da empresa no Brasil alteravam as cores na impressão – não em função da população negra, mas sobretudo devido à luz tropical."

2) "AS MÚLTIPLAS identidades visuais de Shirley, a “moça do balanceamento de cores”, só chamaram minha atenção em 1995, depois de uma conversa com um negociante de máquinas industriais na América do Norte. Ele reclamava de ter comprado um laboratório de fotoprocessamento da Kodak que lhe causara grande frustração. Independentemente da calibragem configurada para imprimir as fotos, a reprodução de peles mais escuras apresentava uma coloração indistinta, pálida, ou tão próxima do preto que só o branco dos olhos e dos dentes exibia algum detalhe. Nas fotos em que diferentes tons de pele apareciam lado a lado – como as fotos de formatura com vários estudantes –, o desafio era ainda maior, pois os fotógrafos muitas vezes aumentavam a intensidade da luz e superexpunham as pessoas mais escuras para capturar a maior definição possível da pele. Isso também causava a superexposição das peles claras, tornando o resultado constrangedor para o fotógrafo."

Não era miragem nem implicância militante, que as vezes beira o militar. Nelas encontrei a argumentação e fundamentação incisivas, que eu vinha levantando atabalhoadamente e mestre Mário Espinosa confirmara. Mas eu não escrevi! Cujos links sublinhados compartilho a quem possa interessar e colocar em ventiladores para espalhar, igual Iansã quando rodopia suas saias. Eparrei!

Penso na princesa Anastácia. Vejo-a conversando com Domitila, ampliando depoimentos à Moema Viezzer no livro: “Se me deixam falar...” Quando contextos e modos interativos permitem ou abrem brechas, faço a mesma pergunta, independente da cor e do tom de pele de quem está oficinando ou palestrando. A exemplo da literatura, dos movimentos feministas, das defesas ambientais, sinto que a questão é mais ampla. Se desdobra em outras áreas como um “Efeito Borboleta” e por extensão atinge asiáticos, indígenas, classes, credos, culturas, outros povos e regiões não caucasianos. Porém, sem vez e sem voz, sob a bota imperial xenófoba e homogeneizante dos “brancos-donos-de-tudo”, citando Conceição Evaristo no poema Vozes-Mulheres. Um estudo realizado pelo fotógrafo Vini Bock, ajuda a desenrolar a discussão:

"Um dos fatores determinantes para a escolha da lente, do sensor, do negativo, da luz, da gelatina e de diversos outros fatores que compõem nosso quadro e nossa linguagem é o tom de pele, o skin tone: o espectro de todas as cores que formam a cor da pele humana. Pele essa que pode ter diversas tonalidades e não apenas uma, como algumas marcas de cosmético insinuam. (...)Em primeiro lugar vamos assumir o fator físico e natural da pele preta: ela absorve mais luz. Isso significa que nem toda a luz que chega ao corpo negro será rebatida."

Nesses tempos de amplos recursos digitais em meio aos analógicos, percebo que o tema é pertinente. Afinal nem todos tem acesso, cacife, conhecimento pleno e domínio absoluto do aparato top de linha existentes. Se duvida, monte uma lista descritiva e faça cotação. Quem de baixa renda ou meios limitados consegue dar saltos superadores além muros, via de regra desiste ou reutiliza equipamentos de segunda mão, descontinuados, a caminho da obsolescência programada. Ou vive de espinha curvada sorridente para não ser chutado ou congelado pelo meio. O esnobismo em ter e aparecer, na maioria dos casos, sobrepõe-se ao saber. Câmeras analógicas ou pinholes que nos digam.

Mestre Guilherme Bonfanti, Light Designer – Teatro da Vertigem, é o terceiro que ouvi indagar perante projetos e situações por ele relatados: "O que eu não quero?". A recusa, não o negacionismo, serve como ousado gatilho criativo motivante a buscas e reflexões conceituais e estéticas. Visa aparelhamentos e tecnologias potenciais além das convenções, receitas e congêneres comodistas, viciados, viciantes. Tal posicionamento remete a um tutorial de Cristiano Calafange:

"A construção da linguagem artística acontece como a linguagem escrita, em que letras formam vocábulos, palavras formam frases organizadas pelas pontuações, princípios e elementos linguísticos são descritos e regidos pela gramática. Do mesmo modo cada linguagem artística possui seus próprios códigos, elementos que constroem as formas e os conteúdos da arte. Um dos elementos que compõem a gramática artística, ou seja, a gramática visual, é a luz. O Elemento luz pode ser observado desde obras mais antigas, nas formas mais tradicionais da arte até os dias atuais, nas diversas possibilidades de meios e movimentos artísticos. Este elemento está em evidência no teatro, pintura, escultura, como também em intervenções urbanas, instalações, na dança contemporânea e no cinema."

Esses contatos literários e pontos de vista, ao mesmo tempo elucidativos e questionadores, remetem à lamentável foto 3x4 acima citada, aos documentários: “A Negação do Brasil - o negro na telenovela brasileira, de Joel Zito Araújo, resultante de livro homônimo e “Jogo de Cena”, Eduardo Coutinho. Somam-se com making of cinematográficos sobre Direção, Produção, Elenco e demais áreas da grade. Pedem ação consensual e harmônica da equipe em geral. Empenhos maiores possibilitam melhores resultados. Em teatro suponho não ser diferente.

Bem sei, artes de estúdio, passíveis de pós produção, diferem de artes ao vivo. Contudo, comparo a segunda com fotografia de casamento. A cena pode até repetir, mas a emoção tende a ser outra. Para não incorrer em deslizes e repetições desnecessárias, requerem afinidades, conhecimento, ensaios, materiais e preparos condizentes e não caricatos, sem fundamentos convincentes e consensuais. Conversas com colegas do meio nupcial, por este ser área e trabalho de grande responsabilidade, revelam que a maioria anda com caixinha de costura, maquiagem, medicamentos, primeiros socorros e outras intimidades femininas, caso sejam necessários. Como também a contenção de impulsos radicalmente modificadores perante situações grotescas de noivos, orientados e montados por produtores caninos, do tipo: "Na minha obra ninguém toca!"

Espelhando-se em congressos do MNU; encontro nacional de poetas e ficcionistas; clubes de leitores; rodas de conversas temáticas; slams; seminários de teatro; convenções político-partidárias; a Feira Preta integra o calendário anual, a exemplo da série Cadernos Negros. As plataformas virtuais vem anfitriando ágoras aquilombantes diversas e instigantes, tipo: Notas de Escurecimento; Pensar Africanamente; Sarau da Resistência Preta; Literafro Entrevista; Cultne; oficinas promovidas pelo Cine Passeio; cursos de extensão realizados pela SP Escola de Teatro, apenas para citar. Neste e demais conjuntos e contextos: urge mesas redondas, seguidas de workshops e encaminhamentos de fotógrafos, cinegrafistas, cenógrafos, figurinistas, iluminadores, maquiadores negros e companhia. Para subsidiar argumentos, indagações, pesquisas e projetos de Iluminação Cênica, sugiro a quem se interessa pelo assunto, assistir a série Lighting Studio, disponível no Youtube. Lá conhecerão a arte, correria e filosofia luminária de Danielle Meireles, Denilson Marques, demais manos e minas Lighting Designers.

Ensaios e literaturas publicadas referenciais são escassos. Em vez de minimização, a questão deve ser encarada, merece ampliações e aprofundamentos de artistas, educadores, elenco, empresariado, estudantes, pesquisadores, produtores e afins. Tanto em termos étnicos, quanto de classe, gênero e correlatos. Assistam: “Encontro com Milton Santos - o mundo global visto do lado de cá”, documentário de Silvio Tendler, 2006. Disseca a globalização da perversidade capitalista como fratura exposta terminal. Leiam: “O roubo da História: Como europeus se apropriaram das ideias e invenções do oriente”, Jack Godoy. E relacionem com "Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro", Flávio Carrança e Rosane da Silva Borges e “O Perigo de Uma História Única”, Chimamanda Ngozi Adichie. Descobrirão arco-íris maiores do que imaginam, do que pintaram, pintam, insistem pintar.

Capitalismo e Racismo são antropófagos e camaleônicos; na luta pelo poder, pelo mercado para ambos, mudam de forma conforme as circunstâncias; gado e pasto não faltam. É vírus pandêmico a ser enfrentado e combatido em conjunto por todas as forças e meios afetados. Afinal, arte, ciência, educação, formação, mercado, sociedade, tecnologia são interdependentes e estão interligados. Processos de ações afirmativas e inclusivos, lugares de fala e reformulações estruturais se mostram relevantes e irreversíveis, requerem atenção e respeito. Aceitemos, gostemos ou não. Remetem ao slogan de uma campanha da FIAT: "Está na hora de você rever os seus conceitos".

Que essas reflexões possam servir de espelhos decoloniais. Liberte-se do medo: QUESTIONE. Espero estar ajudando a fortalecer argumentações, acender enfrentamentos, pavimentar horizontes, semear superações.

“O meu poema não basta

Não leva o pão à mesa

Não constrói a moradia

Pelas venezianas/

Meu poema perambula

À cata de soluções

(…)

Bem sei, o meu poema não basta

Mas ai do povo

Que não tem seus cantores!”

Alerta mestre De Paula W. J. Concessões e silenciamentos são chicotes estalados de cor e salteado, certos dos efeitos medulares que produzem. Aprendi com mestre Rubens Viana: “O NÃO já está garantido. O problema começa quando dizem, quando dizemos SIM.” Se os apontamentos aqui elencados estiverem equivocados, peço que me corrijam. Bússolas, direções, mentes abertas, fazem-se necessárias. Verdade absoluta não existe. Citando Raulzito:

"Eu prefiro ser

Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião

Formada sobre tudo"

Se penso e logo escrevo ou fotografo e publico: existo, persisto, resisto, transmito, preto permaneço em modo continuo, antes que me apaguem ou desbotem. OUBIgrato, mestre Mário Espinosa. Gratidão. Trilhões de vezes Gratidão. Lembrando Ras Adauto: “Esteja onde estivermos, lá estarão nossos quilombos.”

Estão abertos os nossos trabalhos. Laroiê! Okê Arô!... Se cuide, Riqueza. Voe! Click, Click, Click...

Oubi Inaê Kibuko, Cidade Tiradentes para o mundo, 11/06/2021.

Oubi Inaê Kibuko. Escrevinhador, Fotógrafo, Pesquisador Audiovisual, Idealizador e Editor do blog Cabeças Falantes, criado em fevereiro/2002. Nasceu em 26/10/1955 na zona norte, bairro Tucuruvi. Em 1967, empurrada pela especulação imobiliária, a família mudou para a zona leste, Parada XV de Novembro; desde 1988 reside na COHAB Cidade Tiradentes. É formado em Comunicação Social/FECAP e em Audiovisual/ELCV. Preto em Movimento Solidário colabora com indivíduos e coletivos da região, no cenário cultural-étnico-pedagógico-social. Atualmente cursa licenciatura em Letras/Univesp e Técnicas de Iluminação Cênica/SP Escola de Teatro.

Contatos: E-mail: oubifotografia@yahoo.com.br  / tamboresfalantes@yahoo.com.br

Redes sociais: Facebook: oubi.fotografia; Instagram: @oubifotografia; Twitter: #oubifotografia

Correspondências: A/C. Sr. Oubi Inaê Kibuko, Caixa Postal 30255, Agência Cidade Tiradentes, São Paulo/SP-Brasil, CEP. 08471-970

Este artigo está disponível na integra em:

1)Cabeças Falantes blog:

https://tamboresfalantes.blogspot.com/2021/06/existe-ou-nao-como-na-fotografia.html

2) Comunidade Recanto das Letras:

https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-audiovisual/7280493

Sobre o mestre Mário Espinosa

Nascido no Uruguai, Mario António Espinosa Cabrera, iniciou-se na fotografia em 1965, quando era técnico de aerofotogrametria do Instituto Geográfico de Montevidéu. Foi professor de fotografia em nível superior e pesquisador de comunidades quilombolas. Morou no Brasil desde os anos 1970 até o seu falecimento em 2014. Segundo ele, à época, a população afro uruguaia constituía em torno de 10% da população total de seu país. Montevideo, a capital, concentrava a maior parte da população afrodescendente. Mário Espinosa deixou seu país quando, já casado com afro-brasileira, teve seu curso de medicina interrompido em função de crise política ocorrida na Universidade de Medicina do Uruguai. No Brasil se dedicou à profissão de fotógrafo especialista em imagens afro-diaspóricas. Teve duas filhas, Eliana e Fania. Avô dos netos Luana e Gustavo. Sua ex-esposa, Marilândia Frazão, é educadora, reconhecida ativista pelos direitos da população negra brasileira particularmente, no que tange à defesa dos direitos à educação dos afro-brasileiros. Mario Espinosa foi professor da Focus Escola de Fotografia no período 1980–1986, em São Paulo, e outras instituições: Mercedes Benz, Unip, Unimar, ImagemAção.

Obras e Participações

Arquitetura do Brasil: o olhar de oito fotógrafos sobre as paisagens e as cidades do país. Coletânea de ensaios de: Araquém Alcântara, Claudio Edinger, Cristiano Mascaro, Fábio Cabral, Mario Espinosa, Maureen Bisilliat, Nana Moraes e Pedro Martinelli. Editora Abril, 1999.

Livro de Fotografia – Mário Espinosa

https://livrosdefotografia.org/perfil/2360/mario-espinosa

Mostras coletivas

1º Encontro Internacional de Vídeo-Arte de São Paulo - exposição coletiva, Museu da Imagem e do Som (São Paulo, SP), 1978.

Arte Negra/Raízes - exposição coletiva. Paço das Artes, São Paulo/SP, 1981.

Enciclopédia Itaú Cultural

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa3553/mario-espinosa

Workshop

Construindo Novas Linguagens. A pesquisa fotográfica da Cultura Afrobrasileira e Quilombola com foco na lei 10.639/03 com o fotógrafo e pesquisador Mario Espinosa.

Fundação Catarinense de Cultura

https://www.cultura.sc.gov.br/noticias/7208-7208-mario-espinosa

Reportagem

Fotografias de Espinosa. O fotógrafo Mario Espinosa presenteia a comunidade dos Arturos com exibição, retratando seus costumes e festas com originalidade.

https://www.otempo.com.br/o-tempo-contagem/fotografias-de-espinosa-1.32363

Divulgação

CEERT faz 15 anos e promove Seminário

Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades promove (...) o III Seminário “Desafios das Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial”. AfroPress - setembro/28/2005.

https://www.afropress.com/ceert-faz-15-anos-e-promove-seminario/

Iluminação

Bailes - Soul, Samba Rock, Hip Hop e Identidade em São Paulo - DVD, resultante do livro homônimo. Organização geral: Quilombhoje, 2007.

Disponível no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=RJ0w6DtpG-Y

Mário Espinosa, 27/04/2009, Portal Geledés:

https://www.geledes.org.br/mario-espinosa/

Mario Espinosa, fotos, 23/07/2014, No Orun, Portal Geledés:

https://www.geledes.org.br/geledes-instituto-da-mulher-negra-com-pesar-noticia-o-falecimento-fotografo-mario-espinosa/

Homenagem a Mário Espinosa – vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=L0CoWgbMVGY

Referências citadas

Carlos de Assumpção - Um dos decanos da literatura afro-brasileira

Literafro - o portal da literatura afro-brasileira

http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/180-carlos-de-assumpcao

Samba Gadjigo - Wikipédia inglesa: https://en.wikipedia.org/wiki/Samba_Gadjigo

Ousmane Sembène: A construção de um artista militante, por Samba Gadjigo - Research Gate:

https://www.researchgate.net/publication/298643023_Ousmane_Sembene_The_making_of_a_militant_artist

Thereza Santos - escritora, atriz, dramaturga, professora e ativista brasileira

https://pt.wikipedia.org/wiki/Thereza_Santos

Eduardo de Oliveira e Oliveira - sociólogo, dramaturgo e ativista brasileiro

https://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_de_Oliveira_e_Oliveira

Ismael Ivo - bailarino e coreógrafo brasileiro: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ismael_Ivo

Fotografia e a sua importância para a sociedade

https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/marketing/fotografia-e-a-sua-importancia-para-a-sociedade/53756

Iluminação cênica ou Luz de palco – verbete: https://pt.wikipedia.org/wiki/Luz_de_palco

Márcio Barbosa - Um dos expoentes da Geração Quilombhoje

Literafro - o portal da literatura afro-brasileira

http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/304-marcio-barbosa

Cuti (Luiz Silva) - escritor, poeta e dramaturgo brasileiro

Site oficial: https://www.cuti.com.br/

Conceição Evaristo - Vozes-Mulheres - poema

Literafro - o portal da literatura afro-brasileira

http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/188-conceicao-evaristo

Fotografando peles negras – O brilho, por Vini Bock, 24/11/2020.

Blog Mundo Monstro:

http://www.monstercam.com.br/fotografando-peles-negras-o-brilho-por-vini-block/

Guilherme Bonfanti, Light Designer, é com António Araújo um dos fundadores do Teatro da Vertigem, coordenador e um dos fundadores do curso de Iluminação da SP Escola de Teatro.

Guilherme Bonfanti - site oficial: http://guilhermebonfanti.com.br/guilherme-bonfanti/

A importância da luz na arte - Cristiano Calafange:

https://www.passeidireto.com/perfil/cristiano-calafange/enviados

Luz – Wikipédia – verbete: https://pt.wikipedia.org/wiki/Luz

Yousuf Karsh - Wikipédia inglesa

https://en.wikipedia.org/wiki/Yousuf_Karsh

Portfólio: https://karsh.org/

John H. Garo - Portfólio: Harvard Art Museums

https://harvardartmuseums.org/collections/person/22104?person=22104

Seydou Keita homepage

http://www.seydoukeitaphotographer.com/en/biography/

João Acaiabe - Persona em foco - TV Cultura - 06/09/2016

https://tvcultura.com.br/videos/56091_joao-acaiabe-persona-em-foco-06-09-2016.html

Revista ZUM 10. Sob a luz tropical: racismo e padrões de cor da indústria fotográfica no Brasil. Suzana Velasco, publicado em 13 de julho de 2016:

https://revistazum.com.br/revista-zum-10/racismo-padroes-industria-brasil/

REVISTA ZUM 10. Questão de pele: Os cartões Shirley e os padrões raciais que regem a indústria visual. Lorna Roth, publicado em 23 de junho de 2016:

Questão de pele: Os cartões Shirley e os padrões raciais que regem a indústria visual

https://revistazum.com.br/revista-zum-10/questao-de-pele/

Lighting Studio – série de entrevistas com Iluminadores e Light Designers, disponível no Youtube:

https://www.youtube.com/channel/UCXkg9fxW8eYtfjug7FGMSyQ

De Paula, W.J. Cadernos Negros 3, poesia, Edição dos Autores, 1980, Meu Poema, excerto, página 55.

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