FRONTEIRAS DA CIÊNCIA: ÉTICA E DESENVOLVIMENTO
 
Por: Aline Cristina C. de Oliveira
 
            O presente trabalho se propõe a refletir sobre o artigo “Fronteiras da Ciência: Ética e Desenvolvimento.” Parece-me oportuno antes de adentrar nos meandros científicos abordados pelo autor trazer os conceitos do que é a moral e do que é a ética. Assim, segundo o Aurélio a ética está ligada ao comportamento individual, a maneira que o indivíduo se expressa para o mundo enquanto a moral é normativa, seguindo determinados princípios sociais. Franklin Rumjanek nos traz que todo trabalho científico é fruto da curiosidade humana entre o limiar do sabido e do desconhecido.
O filósofo e o cientista transitam no campo inquisidor da criatividade e seja por genialidade ou mesmo por persistência acabam trazendo descobertas fantásticas, embora não tenham controle sobre as conseqüências das mesmas. Assim ocorreu com as inovações tecnológicas, por exemplo, na área da saúde, com as vacinas, antibióticos e transplantes que tanto beneficiam a humanidade. As últimas tendo um “final feliz” pois vieram a contribuir para o aumento da expectativa de vida. Já não podemos dizer a mesma coisa quando o conhecimento científico é escravizado para fins e benefícios particulares, transformando-se em verdadeiras armas mortíferas, como a bomba atômica por exemplo. Concordo com o autor do artigo que muitos cientistas, inclusive brasileiros, vêm desenvolvendo pesquisas fantásticas, possibilitando um avanço na área da eletrônica. A comunicação via- satélite permite que o mundo esteja interligado num piscar de olhos numa velocidade incrível.
Penso ser fantástico toda essa “parafernália tecnológica” criada pela mente humana. Por outro lado, se formos analisar questões como a clonagem humana e as células tronco começaremos a entrar num campo perigoso das polaridades e da polêmica e justamente por que temos conceitos diferentes de ética, embora nossa moral dite como devemos nos “comportar em sociedade.” Dessa forma, a ética está extremamente ligada aos valores individuais, a maneira que nos constituímos enquanto seres humanos.
Destaco o início de penúltimo parágrafo do artigo como decisivo para o desfeche dessa abordagem crítica, quando Rumjanek diz que talvez num futuro próximo poderemos ter a auto-clonagem e até um banco de órgãos para os casos de acidentes e de doenças crônicas. Sua ressalva procura chamar a atenção que para chegarmos nisso não podemos “arruinar de vez o Planeta Terra”. Aí me questiono: quem irá prevalecer nesse contexto, o Homo sapiens ou o Homo demens como nos traz Leonardo Boff? Por enquanto parece que ainda o demens não quer deixar nosso mundo.
As inovações tecnológicas devem vir em favor a todos os seres humanos do planeta, sendo um complemento indispensável no processo do desenvolvimento de uma sociedade numa determinada época. Pensamos que é inerente a relação humana e se explica pela própria natureza de constante busca pelo novo. Contudo, o que percebo é que tais construtos não devem fugir de uma ética constituída com liberdade, uma ética refletida como nos traz Foucault. Se a mesma for escravizada por interesses particulares perderá sua razão, trazendo conseqüências nefastas e destrutivas, muitas das quais irreversíveis para a sobrevivência a longo prazo.
Talvez já esteja acontecendo isso. Enquanto, por exemplo, fabrica-se alimentos transgênicos em larga escala para acúmulo de riqueza de multinacionais, milhões de crianças morrem de fome no outro lado do mundo. Entretanto, o discurso é justamente o oposto: pretende-se beneficiar a população com essas inovações. Então o que se discute já não é mais as inovações, mas para quem elas interessam? Se formos avaliar pelo prisma da moral e da ética necessariamente precisamos socializar as benesses. Mas o que vemos é a socialização dos prejuízos e a privatização dos lucros.
Poderia me alongar muito mais, mas o desafio da humanidade, o nosso desafio é justamente nos darmos conta que os recursos do planeta são finitos e que sua forma de utilização só levou a um crescimento desnorteado e tendencioso sem um verdadeiro desenvolvimento. Hoje lembramos com ar jocoso que na época das Grandes Navegações achava-se que a Terra era quadrada e que precisou vir um Galileu para dizer que ela é redonda e gira em torno do sol.
Talvez  nossa dita Civilização desenvolvida, em plena era tecnológica, que foi à lua, que construiu templos que conseguimos ver do espaço e até já levou uma sonda no planeta Marte ainda não conseguiu achar a solução para problemas aparentemente bem mais simples e próximos como a fome, a miséria, a falta de amor, de compaixão que nos assola. Onde está a ética e a moral do egoísmo? Isso não é uma verdadeira contradição? Mas a propósito: Quem construiu as pirâmides do Egito mesmo? Ou melhor, será que já temos tecnologia para construí-las? Ou vamos deixar a esfinge nos vencer com seu ar lacônico? 
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Foca
Enviado por Foca em 28/07/2010
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