Ondas eletromagnéticas e seus efeitos biológicos

Ao escrever este artigo, tenho o objetivo de falar sobre um assunto que não é comentado nas mídias, mas que faz parte de nosso dia-a-dia: são as ondas eletromagnéticas. Todavia quero deixar claro que o presente texto não tem a finalidade de ser conclusivo, mas de fornecer elementos para que o leitor com pouca ou nenhuma familiaridade com a questão, possa ter um entendimento mínimo sobre o tema. Para tanto, compilamos informações tendo como referência o trabalho científico do doutor em Engenharia Elétrica e Prof. Álvaro Augusto A. Salles do Depto. de Eng. Elétrica da UFRGS, palestras na Câmara de Vereadores de São Leopoldo – RS e discussões desenvolvidas em entidades não governamentais.

As radiações não-ionizantes, representadas pelas ondas ou campos eletromagnéticos, diferentemente das radiações ionizantes, não provocavam a separação da molécula e seus efeitos biológicos são: "efeitos térmicos" e "efeitos não-térmicos" e, como fontes geradoras dessas radiações não-ionizantes têm as linhas de transmissão de energia elétrica, aparelhos de TV, monitores de computadores, ERBs (Estações de Rádio Base de telefonia celular), intercomunicadores portáteis UHF e VHF, telefones celulares e outros aparelhos e equipamentos que funcionam a base de ondas eletromagnéticas.

Efeitos térmicos – os efeitos térmicos são aqueles que causam aquecimento dos tecidos dos seres, resultante da absorção da energia eletromagnética dissipável em um meio de propagação, por exemplo, água, cálcio, sódio, potássio entre outras substâncias contidas nas células.

Quanto ao nível de aquecimento causado, dependerá da densidade de potência incidente, a qual é expressa em mW/cm². Para tanto, comitês internacionais criaram parâmetros dosimétricos como elemento de medida para exposição localizada, definida como SAR – Specific Absorption Rate - ou Taxa de Absorção Específica, expressa em mW/g, ou seja, miliwatt por grama de tecido.

Efeitos não-térmicos – são efeitos bioquímicos e eletrofísicos causados pelos campos magnéticos induzidos, os quais alteram o fluxo de íons através das células causando alterações na mobilidade dos íons de cálcio na síntese de DNA (ácido desoxirribonucléico) e na transcrição de RNA (ácidos ribonucléicos). É importante dizer que os resultados das pesquisas nesta área ainda são polêmicos, não havendo consenso na comunidade científica. A OMS (Organização Mundial da Saúde) está financiando um projeto orçado em 23 milhões de dólares em que um dos objetivos é o estudo desses efeitos.

Considerando que a absorção da energia eletromagnética pelos tecidos varia em diferentes frequências, as normas limitam a exposição em função da frequência de operação dos aparelhos. Outro detalhe não menos importante é que os limites de exposição variam conforme o ambiente, sendo diferenciado o ambiente ocupacional, normalmente controlado, do ambiente público, não controlado, onde as pessoas não têm conhecimento ou controle da exposição.

ERBs – Estações de Rádio Base (torres de antenas de telefonia celular) – estas antenas geradoras de ondas eletromagnéticas precisam ter suas potências irradiadas acompanhadas e medidas de forma sistemática e comparadas com os limites estabelecidos pelas recomendações da ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações - e ICNIRP – International Commission on Non-ionozanting Radiotion Protection – e IEEE/ANSI – American National Standard Institute. Quanto às instalações, elas são regulamentadas conforme lei municipal, onde são previstos diversos parâmetros e avaliações técnicas, tais como, análise de impacto ambiental, limites da antena com outras áreas residenciais e públicas com concentrações de pessoas como escolas, hospitais, distâncias entre torres já existentes, nível máximo de potência irradiado em mW/cm², entre outras.

Telefones Celulares – os aparelhos de telefonia móvel funcionam emitindo e recebendo sinais de ondas eletromagnéticas através de suas antenas monopolo, onde os efeitos térmicos e não-térmicos sobre o usuário dependerá das especificações técnicas e das normas de segurança com que foi fabricado o aparelho, do tempo de conversa, do direcionamento da antena do mesmo em relação à cabeça, pois as irradiações das ondas em relação à antena são simétricas e seguem um plano horizontal e, é por esta razão que ao falarmos por muito tempo ao telefone temos a sensação de aquecimento da orelha, o que é denunciado pelos nossos sensores térmicos, os quais estão localizados apenas na periferia do nosso corpo, ficando fora do alerta os efeitos mais profundos de aquecimento.