COMPLICAÇÕES MODERNAS

A idade é uma fronteira que nos divide em mundos diferentes. Ouvindo “como vai você”, uma velha canção do cantor Antônio Marcos, 8/11/1945 – 5/04/1992 é que me dei conta disso dias atrás. Ah! Quanta saudade das coisas simples: Ligar um rádio e pronto. Ouvir o que das ondas sonoras vier, ligar a TV em horários específicos ver alguma coisa especifica e depois pular na cama e dormir. Ir para a cidade, dizer vou ao cinema, chegar a ter a satisfação de aguardar a hora do filme imaginando este ou aquele protagonista ou coadjuvante conhecendo o nome de alguns ou vários deles, indo ao cinema, inclusive por causa dos artistas. A última vez que senti o efeito saudosista de uma sala de cinema foi na cidade de São João Del-Rey no ano de 2003, a passeio naquela cidade das nossas Minas Gerais, hoje mal imaginar a sensação que o filme causará.

E aquele almoço na casa de alguém com convite prévio? Silvio Santos Macarrão, guaraná, mas a missa era um compromisso resolvido antes das nove. Por aqueles tempos era comum ter a roupa só do domingo e ninguém quer a volta de tais hábitos, mas ficava uma certeza: O domingo era um dia aguardado com euforia a partir de quinta-feira, principalmente quando havia alguma coisa de especial na data tiritando. Quando morei numa área rural de Santa Rita do Sapucaí no Sul de Minas, sentia um prazer especial pelos finais de semana e uma melancolia danada quando previa a vinda da segunda feira braba.

Hoje os dias são todos iguais, as pessoas também, ninguém quer saber de tornar as coisas especiais. Estamos enfurnados no comboio morro abaixo das complicações modernas. Impessoais, intempestivos, desinteressados e o que é pior, conectados com algo do outro lado do mundo sem saber nome de quem está a seu lado. É o ônus das complicações modernas.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 29/09/2020
Reeditado em 04/03/2022
Código do texto: T7075161
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