Meiguice (no bom sentido) (publicado originalmente em 24/3/2018)

‘Doentes de Amor’ (2017) deu rasante por aqui quase no fim do ano passado. Pouca gente viu, ou deu a sorte de pegá-lo em cartaz nos cinemas. É uma história real, roteirizada e protagonizada pelo ator paquistanês Kumail Nanjiani. Comediante de stand-ups, conhece Emily em uma apresentação. Mas o namoro não engata a primeira.

Ele a enrola o quanto pode, pois tem receio de levá-la a conhecer a família, que detém tradições de mais de mil anos, uma delas é o casamento arranjado. Kumail não é corajoso o suficiente para esclarecer esses pontos à companheira. O relacionamento não dá certo. Mas dias depois, Emily adoece de forma grave, entra em coma e Kumail precisa conviver com os pais dela para acompanhar a saúde da moça.

Betty (Holly Hunter – demorei a reconhecê-la, envelheceu bem) e Terry (Ray Romano) de início dão pouca confiança ao ex-quase- genro. Aos poucos, o humor muito quadrado de Kumail espanta essa repulsa e Beth e Terry ‘entram no jogo’. O dia a dia no hospital, e a desesperança de que Emily se recupere fazem com que o cotidiano do trio fique mais grudado.

Para o público, pode ser estranho ver Kumail interpretando ele mesmo, por exemplo. Acostumamo-nos. É o script, indicado ao Oscar de Roteiro Original, e o desempenho de Zoe Kazan como Emily que tornam a produção palatável.

Há a parte cômica: família de Kumail, que insiste em apresentar pretendentes. ‘Ela estava passando por aqui e resolveu nos visitar’, é sempre a desculpa da mãe Sharmeen (Zenobia Shroff). A direção de ‘Doentes de Amor’ é de Michael Showalter, que tem pouco trabalho para fazer a coordenação do elenco. Kumail ajeitou as situações por sua maneira e simplicidade e entregou a nós um filme doce e meigo, no bom sentido, sem ser piegas. O entrosamento do protagonista com Holly e Ray explode na tela a cada cena exibida.

As ironias ditas por Kumail nos fazem rir de nervoso, como na sequência em que Terry vai dormir em sua casa e revela ao ex-quase- genro que traiu a esposa. As lições trazidas à baila nos convencem de que o amor pode, sim, dar certo, duma maneira ou de outra.

É evidente que o Emily e Kumail se reconciliam por conta da doença e da recuperação surpreendente – lembrem-se de que a trama foi baseada em fatos. No fim, só faltavam salpicar nos créditos as rosas e as margaridas. Duração: 120 minutos. Cotação: bom.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 26/03/2018
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