Ilha do Medo (2010) - A VERDADE REVELADA POR TRÁS DO FILME

O filme Shutter Island (2010) é baseado no livro homônimo de Dennis Lehane de 2003. Ambientado no verão de 1954, um ano depois do fim da Guerra da Coreia e em meio à Guerra Fria, conta a história de um agente do FBI Ted Daniels (Leonardo DiCaprio) que vai, com seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo), investigar o desaparecimento de uma paciente num hospital em Shutter Island.

A história ficcionaliza experiências levadas a cabo pela CIA, em Long Island (ilha onde existia um hospital). Havia o uso de drogas, hipnose, privação do sono, controle da mente e do comportamento. Criada em 1953, a Operação MK-ULTRA permaneceu oculta da opinião pública por duas décadas. Veio à tona por causa das revelações sobre a morte do agente Frank Olson, atirado da janela de um hotel em Nova York (como é visto em Wormwood – Netflix) para evitar as revelações de uso de armas biológicas na Guerra da Coreia.

Em Ilha do Medo, Ted Daniels é atormentado por lembranças das execuções sumárias de guardas do campo de concentração de Dachau. Assassinatos a sangue frio de pessoas que se renderam configurando crime de guerra. O agente do FBI tem informações de que os Estados Unidos estão fazendo experiências para apagar memórias, em busca de resultados como obtido por comunistas na Guerra da Coreia.

No começo do filme, Ted Daniels está no barco e sente enjoo do mar. Está sem seu maço para fumar. Seu novo parceiro fornece um cigarro para ele, adulterado para criar dependência química. Após desembarcar, começa a operação para quebrar sua resistência psicológica. Ted Daniels é impedido de entrar com sua arma. Privá-lo de algo ligado à sua função é o primeiro indício de controle do comportamento.

O objeto da investigação é a busca por uma mulher desaparecida chamada Rachel Solando (Emily Mortimer) que matou os três filhos. O médico responsável pelo Hospital Ashecliffe é o Dr. Cawley (Ben Kingsley) e seu colega Dr. Naehring (Max Von Sydow), um ex-nazista. Apesar de aparentar ser um local para psiquiatria ou de psicofarmacologia, Shutter Island é essencialmente um local para fazer lobotomia (prática abandonada que cortava conexões cerebrais e transformava os pacientes em vegetais, passivos e fáceis de controlar).

Uma tempestade aproximava-se da ilha. O controle da mente trabalha a desestabilização do senso de realidade, a ponto de a pessoa abdicar do desejo próprio e seguir a direção e a sugestão de outros. A técnica para quebrar a resistência da vítima envolve forçá-la a trocar de roupa e parecer um funcionário. Fornecer drogas que parecem ser para dor de cabeça. Induzir à confusão e desorientação, assim como ao sentimento de culpa ou vergonha. A luz de trovão causa sensibilidade à luz. A indicação de pistas, como o bilhete sobre a “lei dos quatro; quem é 67?”, apenas reforça a direção para a qual se quer levar a manipulação. Provocar alucinações que fazem crer existir outra pessoa. Criação de falsa memória que substitua um trauma existente. Ted Daniels tem alucinações com a esposa Dolores Chanal (Michelle Williams) que morreu num incêndio provocado por Andrew Laeddis (Elias Koteas).

A busca pela paciente desaparecida termina quando o Dr. Cawley informa que Rachel Solando 1 (Emily Mortimer) foi localizada. Personagem que envolve uma combinação de técnicas psicológicas para desestabilizar e confundir Ted Daniels. Desempenha o papel de pobre vítima, mas que depois o ataca com raiva para gerar culpa. Ele sonha com ela e a morte de três crianças.

A reveladora conversa com a médica Rachel Solando 2 (Patricia Clarkson) na caverna é o ponto chave do filme. Ela revela a verdade sobre a existência de experimentos: os nazistas usaram judeus; os soviéticos, prisioneiros nos gulags; os americanos, pacientes em Shutter Island.

Em ambiente controlado no farol e com uma falsa sinceridade, o Dr. Cawley confronta Ted Daniels (Ted é apelido para Edward) e afirma que há dois anagramas de 13 letras: Edward Daniels é na verdade Andrew Laeddis, enquanto Rachel Solando é Dolores Chanal. Seu “parceiro” Chuck é na verdade o Dr. Sheehan. Com as fotos das crianças mortas na mão, o Dr. Cawley hipnotiza Ted Daniels. Diante dos olhos nos olhos, a confusão e a ambiguidade de seu mundo desabam e a perda da identidade se completa. Ele não consegue mais lutar. Ted Daniels não se reconhece mais. Ao assumir ser Andrew Laeddis, isso permite legalmente a lobotomia. No final do filme, pergunta como Ted Daniels: “O que seria pior? Viver como um monstro ou morrer como um homem bom?”. A lobotomia mata a identidade de Ted Daniels. O Dr. Cawley vai viver como um “monstro” com a consciência do terrível mal cometido contra um homem inocente.

Uma cena faz crer que Edward Daniels matou a esposa, após ela afogar os três filhos. Este fato mostra o verdadeiro poder do controle da mente. Falsa memória implantada por hipnose ao som de badaladas.