Mais ou menos (publicado originalmente em 18/7/2020)

A força de 'O Escândalo' (2019) está no fato que inspirou o filme: a denúncia de assédio sexual que derrubou o CEO da Fox News, Roger Ailes, em 2016.

Fora isso, até mesmo as atuações do quarteto que sustenta o longa - Nicole Kidman, Charlize Theron, Margot Robbie e John Litghow - balançam ao longo das quase duas horas de duração. A trama aborda a cobertura da emissora americana, de viés conservadora, nas prévias do Partido Republicado às eleições presidenciais de 2016.

Megyn Kelly (Theron) é a jornalista responsável por entrevistar os candidatos, dentre eles Donald Trump. Seus questionamentos são duros e colocam o empresário contra a parede, o que irrita Ailes (Lithgow).

Enquanto isso, Gretchen Carlson (Kidman), a apresentadora de variedades, sabe que será demitida e só aguarda esta decisão para tomar outra que promete chacoalhar as estruturas da Fox: processar Ailes por assédio.

E Kayla Pospisil (Robbie) é a aspirante a sucessora de Carlson. Para isto, está disposta a qualquer coisa. O pecado de 'O Escândalo' é tratar a história com um tiquinho de ironia e repetir o modo agitado e 'brincalhão' de 'A Grande Aposta' (2015) e 'Vice' (2018), com os personagens olhando à câmera e comentando determinadas situações, principalmente Kelly.

Apenas Kayla é fictícia - um amálgama de depoimentos de vítimas de Ailes que culminaram nesta caracterização. A maquiagem é outro ponto determinante: para o bem e o mal.

Kidman, por exemplo, parece que está com cimento no rosto, de tão carregada que está. Mas a transformação de Lithgow impressiona. Para quem se lembra, ele é o ator do clássico, hoje cult, 'Um Hóspede do Barulho' (1984).

Alto e magro, surge baixo e gordo na pele do criminoso Ailes. Dirigido por Jay Roach ('Entrando numa Fria Maior Ainda', 2004) e roteirizado por Charles Randolph ('A Grande Aposta'), 'O Escândalo' recebeu 3 indicações ao Oscar: atriz (Theron, justificável), coadjuvante (Robbie, idem) e maquiagem (pode até ser, mas há produções melhores).

No frigir dos ovos, o que existe de bom ali são os bastidores de um canal onde os chefões abusam demais do poder e são suscetíveis a tudo. E é claro, a intenção é cutucar 'a direita', 'os conservadores' etc e tal.

Uma bobagem tratada por Ailes, numa das poucas frases ótimas dele: 'O jornalismo é como um barco - se você tirar a mão do comando ele tende a virar à esquerda'. É uma fita bem mais ou menos. Duração: 108 minutos. Cotação: regular.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 20/07/2020
Código do texto: T7011207
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