Biscoutos na tela (publicado originalmente em 7/5/2022)

‘Capital dos Biscoutos’ (2022), documentário em média-metragem que estreou no fim de abril na Sala Mário Lago e logo estará, na íntegra, disponível no youtube, conta a história da empresa que levou a fama de Jacareí aos mais diversos cantos do planeta: a Fábrica de Biscoutos (assim mesmo, ‘Biscoutos’, com U).

Quem já passou dos 40 certamente ouviu falar ou saboreou ‘flor de Jacareí’, oriundo da indústria familiar fundada em 1899 pelo casal Amâncio e Leonor Dias com o nome de ‘Fábrica Nossa Senhora da Conceição de Jacarehy’. Ela, neta de ingleses, usava antigas receitas caseiras para produzir o quitute, feito de maneira totalmente artesanal. A fita nos traz ar melancólico, misturado a um cheiro que parece pairar no ar na medida em que os minutos avançam.

Ex-funcionários dão depoimentos sobre a rotina da confecção da iguaria, vendida em bancas na beira da via Dutra por moças que seguravam e balançavam as também célebres latas azuis (tempos depois, esse tipo de comercialização foi proibido devido ao reflexo das latas, que poderia causar acidentes). As latas, por serem bonitas, eram dadas de presente a amigos.

Até relacionamento amoroso que resultou em casamento teve lá, onde 2 funcionários se conheceram e se casaram. Silvio Santos era um dos consumidores que passavam de automóvel pela estrada e citou o biscoito diversas vezes em seus programas. 53 anos após a inauguração, o comando a empresa passou a Indalécio Villar, cuja família permaneceu como proprietária até o centenário, 1999, quando fechou as portas.

‘Capital dos Biscoutos’, ‘um filme com sabor de saudade’, como definiram os envolvidos no projeto, tem também entrevistas com a dupla de cantores Jaime Alem e Nair Cândia, que lembram do prestígio que o biscoito tinha no Brasil todo, ao viajarem para fazer shows. ‘Vocês são de Jacareí, a cidade dos biscoitos?’, indagavam.

Jaime chegou a morar bem perto da loja, e sentia o aroma inesquecível que vinha do local. A produção do filme optou por fotografá-lo todo em preto-e-branco para fixar ainda mais a sensação de que se trata de uma história que passou e, infelizmente, não volta mais. Duração: 36 minutos. Cotação: ótimo.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 09/05/2022
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