"Português, Língua Maltratada Até Pela Própria Mãe"

Na padaria que funciona no prédio onde moro há uma pilha de jornais “Mundo Lusíada”. Peguei um exemplar e o trouxe para casa depois de brincar com o dono do estabelecimento sobre “aprender um pouco mais de português”. Doce ilusão...

Sem qualquer implicância ou prevenção, mas que jornal mal escrito esse!! A primeira frase que li já foi um pé no...ouvido, digamos assim: “Folclore e culinária é destaque na primeira festa da entidade”. Vai ver, folclore e culinária, quando acontecem ao mesmo tempo, tornam-se uma coisa só e, portanto, a flexão para o plural é dispensável...Coisas, talvez, do português-português.

Li mais um trecho e conclui que as crases devem ter caído de seus lugares durante o transporte do jornal. Como todos nós já percebemos, o pessoal que entrega jornais não os trata muito bem. Já cansei de ver os entregadores jogando os pacotes de qualquer maneira, de longe, e com isso as crases devem estar esparramadas por aí.

Mais adiante fiquei sabendo que estão aguardando para ver como “ficará estas viagens”. Ficarão bem, talvez, se as colocarem também no plural o verbo ficar.

A leitura do periódico português trouxe-me à memória a revista “Isto É”, que nem sei se ainda existe, que achava que um milhão só merecia o singular e noticiava sobre o Mappin, localizado na esquina onde “transitava um milhão de pessoas por dia”. Se fossem apenas duas pessoas creio que teriam escrito: “onde transitavam duas pessoas por dia”. Mas como o um milhão é um número um pouco maior...

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 19/04/2010
Código do texto: T2206486
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