Nobel machado de sangue. (parte 2)

A Frente de Libertação da Terra (ELF) e a Frente de Libertação dos Animais (ALF) são ainda mais radicais. Ambas adotam expedientes como incendiar casas em bairros onde haja vida silvestre ou depredar lojas do McDonald’s porque defendem a idéia de que todos devemos ser vegetarianos. Este ano, militantes da ALF espancaram o diretor de um laboratório científico que fazia testes com animais. O incêndio de lojas do McDonald’s virou moda e foi adotado por ativistas antiglobalização, como o francês José Bové, aquele que, em janeiro, comandou, no Brasil, destruição de uma lavoura da Monsanto sob a alegação de que eram plantas transgênicas. Outra “causa justa”.

“Sou totalmente a favor das causas ecológicas”, afirma o sociólogo Gabriel Cohn, da Universidade de São Paulo. “Mas seja qual for a causa, ela não será vencida com violência. Se o McDonald’s tem um valor simbólico para os manifestantes ecológicos ou antiglobalização, é justo que alguém faça um protesto simbólico, com faixas ou pixações, por exemplo. No momento em que se fazem ataques reais, ameaçando vidas humanas, os manifestantes se colocam no mesmo nível dos celerados que derrubaram o World Trade Center”, diz.

O historiador das religiões Philip Jenkins, da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, outro estudioso da violência, tem opinião parecida. “Nenhuma causa é boa o suficiente para justificar a morte de inocentes”, diz. Jenkins estabelece um limite claro para separar as lutas legítimas do terrorismo condenável. Se civis têm suas vidas ou sua propriedade ameaçada, então o ato foi longe demais. Pelo mesmo critério, a Resistência Francesa, que atacava apenas alvos militares com táticas de guerrilha na Segunda Guerra Mundial, se justifica. Mas a luta de Mandela não.

Pelo mesmo critério, também, a atuação dos Estados Unidos durante a Guerra Fria – apoiando o terrorismo de Estado na América Latina, financiando grupos terroristas de oposição em países comunistas como Camboja e Angola, e fortalecendo extremistas que viriam a se tornar terroristas, como o próprio bin Laden, no Afeganistão – é completamente condenável. Tal política foi conduzida pelo secretário de Estado Henry Kissinger (que, dias após o atentado de Nova York, afirmou que “tão culpados quanto os terroristas são aqueles que os apóiam, financiam e inspiram”). “Kissinger é o terrorista-mor”, diz Cohn. Pois bem. O terrorista-mor, assim como Mandela, Begin e Arafat, também ganhou seu Nobel da Paz – em 1973, pelo fim da Guerra do Vietnã.

Será que isso quer dizer que, no mundo real, por mais condenável que seja, a violência é muitas vezes o único caminho contra um inimigo mais forte? Com certeza não. A história tem alguns exemplos de pessoas que se recusaram a matar inocentes em nome de uma causa. É o caso de Mahatma Gandhi, herói da independência indiana, que pregava a resistência pacífica aos colonizadores ingleses. Ah, sim. Ao contrário dos terroristas Arafat, Begin, Kissinger e Mandela, Gandhi jamais ganhou o Nobel da Paz.

SUPER OUT/2001.(Existe terrorismo bom?)

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É dificil entender como assassinos iguais a esses,que derramaram muito sangue inocente receberam tamanha honraria.

O Nobel da Paz deve ser entregue a quem luta pela paz de forma pacífica,como fez Ghandi.

O Nobel está manchado de sangue!

Arcanjjus Negrus
Enviado por Arcanjjus Negrus em 16/07/2012
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