Por que o prefeito Edgar Bueno e toda a sua equipe merecem uma grande vaia

Depois de anos de espera pela promessa da inauguração do Teatro Municipal de Cascavel, o prefeito Edgar Bueno inaugura-o com auxílio das lojas Havan, trazendo a escola de balé do teatro Bolshoi. Um evento belíssimo, certamente. Entretanto, reservado apenas à elite e a alguns puxa-sacos da administração municipal e dos empresários patrocinadores. Ora, agora pergunto-me: Para quem o teatro foi construído e a que servirá de fato?

Tal resposta não é nem um pouco instigante ou curiosa, diante de um quadro político abjeto, este por que nós brasileiros temos passado, principalmente frente às políticas neoliberalistas e elípticas promovidas por gente da laia do governador Beto Richa e, percebo agora mais visivelmente, não sendo eu residente do município, do prefeito Edgar Bueno. Preocupado este com a má reputação que o tal governador angariou para si, resolveu escoltar o teatro impedindo que se aproximassem dele as classes do servilismo público e dos verdadeiros interessados em Cultura, como marginais, ceifados pela polícia. Ou seja, para protegê-lo das consequências de sua administração maquiavélica, incompetente, atuou contra o seu próprio povo, contra os cidadãos a quem deve o voto e o respeito.

É quase de se imaginar que os manifestantes pudessem perder a cabeça e apedrejar os vidros do teatro! Depredação do patrimônio público? Vandalismo? Ora, digo que vandalismo é um prefeito fazer a inauguração de um espaço público especialmente a um grupo de elite, inaugurando-o, com o dinheiro público, como uma festa particular, que interessasse somente a si e aos seus. Isso é vandalismo, isso é depredação. E é uma falta de respeito a envergonhar imensamente qualquer cidadão de qualquer cidade do mundo.

Se o prefeito e sua equipe fossem pessoas sérias e que se dedicassem realmente ao público cascavelense, haviam inaugurado o espaço da forma correta: Convidavam os agentes da cultura cascavelense e regional publicamente, como um todo; abriam com simplicidade o teatro para apresentações de esquetes e músicas locais etc., selecionando de alguma forma, mesmo que por edital, essas apresentações sem comprometer a qualidade (pois ao contrário do que pensam tem muita gente boa que trabalha com arte em nossa região); punham, quem sabe, uma bela exposição de obras de arte diversas no hall de entrada; deixavam o governador lá no seu canto, se estivessem com medo de vaias (de que adiantou o governador aparecer para um público que já é seu mesmo, não lhe acrescenta nem lhe tira)...

Bem, pode-se até discordar de como eu pensaria uma inauguração de um espaço para a população em geral (nem me oporia em haver uma noite a R$ 120,00 na programação, contanto que se contemplasse a todos); entretanto, não dá para discordar que tal ato foi uma grande displicência insalubre para todos os amantes da Cultura do município e da região.

Por isso, o prefeito da cidade de Cascavel com sua equipe merecem ser vaiados até ao ano de 2080, se possível for, e não sei se 65 anos não seriam pouco para tão grande gafe, tão grande desrespeito e descrédito com os atuantes do ramo e com a população municipal em geral. Dá-me dor de estômago pensar que alguém arquitete com tão grande mediocridade um evento que poderia servir de integração aos artistas e à população.

Não precisamos de eventos caros de elite para enriquecer nossa cultura, precisamos de formação de público. Eventos caros podem ser um adendo, para a não exclusão de ninguém, se for o caso. Contudo, percebo que este espaço não servirá ao principal propósito cultural em nosso velho oeste. Servirá, perdoem-me, à nojentice extrema de muita gente burra. Sim, não direi de todos (pois há sempre de haver as exceções no ínterim dos eventos), mas muita gente burra, que preserva essenciais arrogantes de qualidade ariana em seu cérebro consumista. Gente que tem por virtude compra e venda, que não tem a mínima noção de Arte, mas de preço.

Fecharam-nos as portas do teatro, impossibilitando-nos conhecer suas dimensões. Impossibilitanto que entrássemos e o prestigiássemos.

Deixo aqui, portanto, esta demonstração de meu imenso descontento e tristeza com a vil atitude de vosso prefeito, amigos cascavelenses, doa a quem doer, traga-me isso as consequências que forem. Não me importo. Não respeitarei gente ignóbil em meus textos, mas ocuparei das minhas míseras palavras para suscitar revolta sobre eles: trapos de um Paraná mesquinho e rasteiro, que não deve permanecer!