A cultura de paz e resiliência das minorias no Brasil
 
Cultura de paz é compreendida não como uma falta de guerra, ausência de conflitos bélicos, de combates armados. Cultura de paz é traduzida como o respeito ao indivíduo, às diferenças e às singularidades, convivência pacífica com o coletivo das civilizações, “[...] justiça social, igualdade entre os sexos, eliminação do racismo, tolerância religiosa, respeito às minorias, educação universal, equilíbrio ecológico e liberdade política” (Milani, 2003 et al., p. 31). O conceito de paz tem se ampliado ao longo da história com a inclusão da cooperação entre os povos, cujo objetivo é o fim da violência estrutural e da predisposição para a guerra (SILVA, 2002).

Para Diskin (2008) e Milani et al. (2003), o estímulo à Cultura de Paz passa, necessariamente, pelo exercício do aprendizado das necessidades existentes entre as diversas etnias, gêneros e classes sociais. É importante mudar conceitos e estereótipos que limitam a compreensão do ser humano e é fundamental que se estimule a “solidariedade, participação comunitária, companheirismo, protagonismo juvenil, direitos humanos, o aprendizado da cidadania, justiça, igualdade e respeito às diferenças” (MILANI et al., 2003, p.7).

Na Declaração de Sevilha (UNESCO, 2000) as Nações Unidas e o Programa de Cultura de Paz enumeram que é importante “[...] respeitar todas as formas de vida, rejeitar a violência, compartilhar com os outros, escutar para compreender, preservar o planeta e redescobrir a solidariedade, incluindo a democracia e a igualdade entre mulheres e homens”.

Minoria, na literatura sociológica, tem dois sentidos mais frequentes. Primeiro, grupo de pessoas que está em situação de desvantagem ou dependência em relação a outro, ambos fazendo parte de uma sociedade mais ampla. Exemplo é uma pequena comunidade religiosa cujo credo seja divergente da fé da maioria da população. O segundo sentido são minorias nacionais, grupos raciais ou étnicos integrantes de uma Nação (CHAVES, sd).

A resiliência, na leitura de Melillo (2004, p. 63), “se define como a capacidade dos seres humanos de superar os efeitos de uma adversidade a que estão submetidos e, inclusive, de saírem fortalecidos da situação”.

Ser resiliente, no Brasil, é travar uma luta de Davi contra Golias, individualmente ou em grupos minoritários para sobreviver à ganância de poder, concentração de renda, injustiças sociais, discriminações diversas e políticas de exclusão. Relatório da Secretaria da Receita Federal (2016), informa que 10% da população brasileira concentra 48,5% da renda declarada. Aponta que a desigualdade nos estratos mais altos da sociedade é elevado, vem aumentando e que, numa perspectiva global, os países latino-americanos são os que menos distribui a renda, com destaque especial para o Brasil. A concentração de renda também concentra os meios de produção e o poder.

Povos indígenas
No Brasil houve aumento da violência contra índios em 2015 de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Ministério Público Federal – MPF e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Foram 55 invasões de territórios em Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins; casos de abuso de poder, atropelamento, ameaças de morte e outros tipos de violência simbólica; registro de 36 homicídios no Mato Grosso do Sul e suicídios de jovens indígenas. O maior desastre ambiental da história brasileira, ocorrido na mineradora San Marco, em Minas Gerais atingiu três povos indígenas em dois estados: os Tupiniquim e os Guarani, no Espírito Santo, e os Krenak, em Minas Gerais.
Os povos indígenas se mobilizaram "(...) na esperança de construir formas pacíficas de convivência através da regulamentação da política indigenista, debatendo o atendimento de saúde e de educação; fóruns de jovens, assembleias comunitárias, regionais e nacionais e a explicitação cada vez mais forte da consciência de que a luta pela terra representa o cuidado de si, dos povos, de todos os seres vivos, de todos os recursos naturais, de todos os seres encantados, dos espíritos fortes que sustentam a projeção do futuro” (RANGEL; LIEGBOTT, 2015).

Povos ciganos
Os povos ciganos no Brasil sofrem violências de todo tipo, desde a simbólica, com preconceitos diversos, a agressões e assassinatos. Este povo, hoje e outrora, vive na carne e na alma as marcas da incompreensão por parte da sociedade com relação à sua cultura. Apesar de cinco séculos da presença do povo cigano no Brasil, as políticas públicas em relação à questão cigana surgiram somente a partir de 2002, com o Plano Nacional de Direitos Humanos, que ressalta, entre outros, o direito à liberdade; a importância de estudos e pesquisas sobre a história e cultura dos grupos; a necessidade de revisão de livros e dicionários que contenham expressões depreciativas em relação aos ciganos; o incentivo à criação de áreas de acampamentos em municípios que tenham a presença de comunidades ciganas; e o direito ao registro de nascimento gratuito para as crianças (MALLACARNE, ROMANHA, 2013).

Em 2006 foi instituído o dia 24 de maio como o Dia Nacional do Cigano, mesma data da padroeira Santa Sara Kali. Em 2008 a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República criou a cartilha “Povo Cigano – o direito em suas mãos”, que defende a inviolabilidade dos acampamentos ciganos, o direito ao uso de trajes típicos pelas mulheres em qualquer estabelecimento e o de serem atendidos em postos de saúde e hospitais sem ter que apresentar documentação.

A resiliência cigana fez surgir em 1960 uma militância em diversos países, com ativistas que lutam em prol do “anti-ciganismo”, como ressalta o antropólogo Nicolas Ramanush, fundador da Embaixada Cigana no Brasil, cujo propósito é confrontar estereótipos, preservar a identidade, resgatar a língua, a música e a tradição do seu povo, como uma forma de acabar com os preconceitos criados no imaginário popular, por meio de esclarecimento cultural e a preservação da tradição.

Violência contra LGBTS
O Relatório de Violência Homofóbica no Brasil de 2013, da Secretaria de Direitos Humanos destaca o trabalho pioneiro do Grupo Gay da Bahia que, desde 1980, contabiliza notícias relacionadas a homicídios contra a população LGBT, no sentido de embasar estatísticas não oficiais sobre homofobia no Brasil, através de notícias de jornais.

Segundo esse estudo, entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2013, foram 317 violações contra a população LGBT, dentre elas 251 homicídios. Em 2014 foram 326 mortos: 163 gays, 134 travestis, 14 lésbicas, 3 bissexuais, 7 amantes de travestis e 7 heterossexuais que foram confundidos com gays ou por estarem em circunstâncias ou espaços homoeróticos. Esses dados coloca o Brasil na vergonhosa e constrangedora posição de campeão mundial de crimes motivados pela homo/transfobia.

O ano de 2015 encerrou com 319 mortos e 2016 somou 343 assassinatos, conforme dados do Grupo Gay da Bahia em reportagem publicada dia 23.01.2017, no Correio da Bahia.

A cobertura jornalística tem olhar estereotipado. Privilegia noticiar: 1) travestis e transexuais quando se encontram em situação de prostituição de rua e 2) homens gays qe morrem por circunstância do exercício de sua (homo)sexualidade. Em relação às mulheres trans e aos homens trans há silenciamento. O olhar discriminatório influencia nas investivações e no combate aos crimes, culpa as vítimas e fragiliza políticas públicas para LGBTS, que é uma das parcelas mais vulneráveis da população. Pensar na resiliência dessas pessoas e na luta por direitos humanos, infelizmente, é uma tarefa difícil.

Violência contra negros
O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI sobre Assassinato de Jovens, do Senado Federal, publicado em 2016, declara que a Comissão foi criada com o objetivo de investigar o assassinato de jovens no Brasil, identificar as causas e os principais responsáveis pela violência letal contra a juventude, a fim de criar mecanismos para prevenir e combater o grave problema. No Brasil, segundo a CPI, os homicídios dolosos são uma triste realidade: 56.000 pessoas são assassinadas todos os anos no País, o que equivale a 29 vítimas por 100.000 habitantes, índice considerado epidêmico pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os números informam que 53% das vítimas são jovens de 12 a 29 anos de idade; destes, 77%, negros e 93% do sexo masculino.

O relatório aponta que o risco de morte é maior na camada mais pobre e na população negra, reproduzindo e aprofundando as desigualdades sociais e o racismo estrutural, que violenta, exclui e marginaliza mulheres e homens, negando-lhes os direitos humanos básicos.

A poesia contrariando os prognósticos negativos na periferia de Salvador
O bairro de Sussuarana concentra uma população com pouco acesso a bens simbólicos e culturais e está localizado numa região periférica de Salvador. Ali há pouco investimento em serviços básicos de saúde, educação, segurança pública, transporte, lazer e emprego. Como outras localidades suburbanas da cidade, Sussuarana só chamava a atenção da mídia quando acontecia algum crime. Atualmente, a poesia disputa as páginas culturais e a imprensa já vê a periferia com outros olhos.

O Sarau da Onça nasceu em Salvador inspirado no Sarau Bem Black, fundado por Nelson Maca, que debate sobre negritude. O Grupo Recital Ágape é a parte itinerante do Sarau da Onça. Em encontros quinzenais no Centro de Pastoral Afro Padre Heitor, o Sarau da Onça move a cena cultural do lugar. Associado a outras entidades, o coletivo promove oficinas de criação artística, música, teatro e dança, recitais de poesia, concurso de beleza negra, caminhada contra o extermínio de jovens negros, debates políticos, cursos pré-vestibulares, palestras sobre saúde, direitos humanos etc. O resultado é o fortalecimento da cultura, intercâmbios, oficinas de poesia, trabalhos de mestrado e pesquisas acadêmicas, repercutindo em escolas, igrejas, grupos de jovens, coletivos de Hip Hop etc.

O Sarau lançou o livro "O diferencial da favela: poesias quebradas de quebrada", e o Grupo Ágape publicou "A poesia cria asas". Estes dois trabalhos reverberam mundo a fora e já levou o nome de Sussuarana e dos coletivos Sarau da Onça e Grupo Ágape para a Bienal Internacional do Livro de São Paulo (2014), Feira do Livro e da Imprensa de Genebra (2014), Parlamento Internacional de Escritores da Colômbia (2013 e 2015) e, agora, à Organização das Nações Unidas, através da Associação Internacional de Poetas, presidida pela nobre poetisa Delasnieve Daspet. Vale citar outros coletivos de arte e educação: Resistência Poética, Sarau do Gheto, Sarau da Laje, Sarau da Paz, Poesia Além das Sete Praças, Sarau do Cabrito, Sarau do Jaca – Juventude Ativista de Cajazeiras, Sarau Enegrescência, Coletivo Tática Prática da Poesia, Coletivo de Artistas de Rua, Sarau Arte Livre, Sarau das Rainhas Negras, Sarau Urbano, Sarau Fábrica de Rimas, dentre outros.

Cultura de Paz e políticas culturais
Os artistas da palavra da periferia de Salvador se mantêm resilientes e produtivos de arte, cultura, debates qualificados, fortalecimento em coletividade. Muito ainda há por se realizar e o caminho é longo, prevendo, claro, novos e saudáveis debates, sempre. Nessa jornada a periferia está atenta e vigilante, investindo em educação, ganhando poder. Prova disso são os projetos aprovados nos diversos editais de cultura e as redes que se formam e se firmam no entorno da cidade, de mãos dadas, para construir um panorama inclusivo, democrático, empoderador. Se a poesia é marginalizada na literatura, aquela produzida pela periferia é marginalizada duplamente, por ser poesia e por ser poesia de favela. Mas o efeito dessa exclusão tem fortalecido os poetas, que usam a palavra como arma pra fazer guerrilha de versos e rimas.


Pomba Preta da Paz

Chega de luz no fim do túnel;
É tempo de enegrecer, escurecer,
todos os túneis, ruas, praças;
tudo virar noite, trevas, sombras...
É tempo de ocupar esquinas, labirintos da Terra,
as profundezas abissais,
empretecer cada canto, cada recanto;
 
É hora de ocupar o que é de direito,
repartir a renda nacional,
estar em todos os continentes,
rios, riachos e afluentes...
É tempo de reciclar,
passar tudo pelo Buraco Negro,
filtrar o mundo e o universo,
fazer outra prosa e outro verso...
 
A coisa tem que ficar preta
e quanto mais preta, melhor;
se empretecer, vai melhorar...
Mentes e consciências
o Câmbio Negro vai cambiar
e a cor negra vai imperar...
Será um novo mundo,
com Magia Negra
e todos terão orgulho
de ser mais uma Ovelha Negra
participar do Mercado Negro
e entrar na Lista Negra
pois tudo vai enegrecer...
 
É hora de substituir a Pomba Branca
pela verdadeira Pomba Preta da Paz... “


Políticas Públicas da Bahia para a Cultura
As políticas culturais tomaram corpo desde 2006, com a criação da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Antes, outras iniciativas, como Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL, incentivaram os Estados a criarem seus Planos Estaduais de Cultura, Planos Estaduais do Livro e Leitura, Conselhos Estaduais de Cultura; os municípios a criarem os Planos Municipais de Cultura,, Conselhos Municipais de Cultura, que desaguaram nas Conferências Federais, Estaduais e Municipais de Cultura, Conferências Setoriais, Colegiados Setoriais etc.

Ressalte-se que os Poetas da Praça (anos 80), formado por Douglas de Almeida, Walter Cézar, Geraldo Maia, Zeca de Magalhães, Eduardo Teles, Antônio Short, Gilberto Costa, Haroldo Nunes, Jairo Rodrigues, César Lisboa, Araripe Junior, Ronaldo Braga, Valente Junior, Miguel Carneiro, Mario de Oliveira, Ametistas Nunes, dentre outros, foi um dos maiores, se não o maior movimento popular literário de resistência à Ditadura Militar, cujos participantes se apresentavam na Praça da Piedade para protestar e denunciar os desmandos através de poemas e performances. Ainda hoje são referências os gritos de protesto, a forma de performar e objeto de estudo em universidades e grupos de pesquisa. Outra iniciativa que marcou história foi a Seliba – Semana Literária da Bahia (1978), realizada pelo diretor do Instituto de Educação Isaías Alves – ICEIA, professor Hermano Golveia, na Praça da Piedade.

Além dos Poetas da Praça, muitos deles ainda em atividade, outros grupos começaram a surgir na capital baiana. Em 2009 não era tão grande o número de saraus, ou não havia uma maior visibilidade, o que pode ter camuflado a existência e atuação de poetas e poetisas pela cidade. Este marco simbólico é o ano de fundação do Projeto Fala Escritor, que reúne interessados em literatura e outras artes, uma vez por mês, para declamar, ler textos, admirar obras artísticas e debater o cenário do livro, leitura, edição, publicação, divulgação etc. É também do mesmo período o Sarau Bem Black e o Sarau Bem Legal, o primeiro para poetas adultos e o segundo para crianças, ambos apresentados pelo escritor e professor Nelson Maca. O Sarau da Onça, inspirado no Bem Black e no Sarau da Cooperifa - este fundado em São Paulo por Sérgio Vaz -, surge no bairro Sussuarana e estimula a criação do Sarau da Laje, composto por crianças e na mesma pegada da poesia que retrata os anseios e pensamentos de quem mora na periferia. É de Sussuarana, também, o Grupo Recital Ágape, que faz itinerância, junto com o Sarau da Onça, pela Bahia, Brasil e fora do país, através de representantes.

O que se percebe em Salvador, a olhos e ouvidos atentos, é que os artistas da palavra estão empoderados, politicamente, lutando por direitos, não só relativos às políticas literárias, mas a todos os direitos elencados na Constituição Federal. O tema dos poemas e dos discursos variam de respeito, cidadania, luta contra o racismo, machismo, homofobia, gordofobia, contra a cultura do estupro, a favor dos direitos humanos, pelo empoderamento da população negra, por auto estima e respeito à estética afro-brasileira, em prol das liberdades individuais, da democracia, pelo fortalecimento das cotas sociais e raciais nas universidades, pelo direito à vida, a favor das religiões de matrizes africanas, pelo estabelecimento de novos paradigmas literários que levem em conta a produção de escritores e escritoras negras, pelo direito de negros e negras ocuparem espaços de poder nos órgãos e entidades públicos, pelo direito a saber e a reproduzir a verdadeira história da diáspora, pelo reconhecimento dos heróis e heroínas negros e negras brasileiros, pelo ensino da história afro e indígena nas escolas, denunciando a injustiça que coloca na cadeia a maioria da população negra e periférica, contra o jornalismo sensacionalista e que representa negros e negras das periferias sempre como vilões, por representações positivas de negros e negras nas novelas e filmes brasileiros, contra o extermínio de negros nas periferias das cidades, a favor da liberdade de culto religioso, pela preservação do meio ambiente, contra a violência policial, pelo direito à saúde, esporte, lazer e educação de boa qualidade, a favor do estado laico, direito da mulher para decidir sobre aborto, em defesa da vida, das minorias etc.

Segundo Valdeck Almeida de Jesus, a Bahia é conhecida como “Terra da Felicidade”, cuja porta de entrada principal é sua capital soteropolitana, Salvador, tem experimentado um fluxo de criação literária sem precedentes em sua história. Vale salientar que os meios de divulgação, nas redes sociais, demonstram esta efervescência criativa, e que dão suporte a artistas novos e consagrados. Nesse sentido, basta uma simples pesquisa na internet para encontrar grupos e coletivos de artistas da palavra, poetas individuais e organizações do terceiro setor envolvidos nesse grande caldeirão poético. Se a felicidade estampada como chamariz para turista não bate à porta de todos os baianos, a poesia, esta, sim, portadora de uma energia criativa e criadora, é passaporte para sorrisos, lutas, embates, afirmações e conquistas de novos paradigmas sociais.

Ações Culturais na Bahia
A partir de 2007, muitas ações politicas e artísticas têm acontecido na capital e também contribuem para a proliferação da arte na cidade do Salvador: Ações Poéticas nas Comunidades, Escritas em Trânsito, Mapa da Palavra, Editais Públicos (Fundação Cultural do Estado da Bahia, através da Coordenação de Literatura), Concurso Literário para Estudantes de Escolas Públicas (Fundação Pedro Calmon, Secult-BA), Selo Literário João Ubaldo Ribeiro, Editais Arte em Toda Parte, Prêmio Literário Jorge Amado, Projeto Boca de Brasa (Fundação Gregório de Matos, Secretaria de Cultura do Município do Salvador, PMLLB), Bate Papo com Escritor e Encontro de Escritores Baianos - ENEB (União Baiana de Escritores – Ubesc), Parada do Livro da Bahia (Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca – PMLLB de Salvador-BA), Bienais do Livro promovidas pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, Feira do Livro de Feira de Santana, Feira do Livro do Campo Grande (Diretoria do Livro e Leitura, da Fundação Pedro Calmon, Secult-BA), Festa Literária Internacional de Cachoeira – FLICA, Festa Literária do Sertão de Jequié – Felisquié, Festa Literária Internacional da Chapada Diamantina – Flich, trabalhos institucionais realizados pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais de Salvador – CMPC, Colegiados Setoriais das Artes (incluídos o Colegiado Setorial de Literatura do Estado da Bahia e Colegiado do Livro e Leitura), contações de histórias realizadas por coletivos e pessoas individuais, trabalhos efetivos realizados pelas Bibliotecas Comunitárias de Salvador, Movimento Cultural ArtPoesia, atividades da Academia de Letras da Bahia, encontros e debates da Academia de Letras de Lauro de Freitas – ALALF, produções, realizações da Academia de Letras de Alagoinhas e da Casa do Poeta de Alagoinhas, apresentações de poetas no Centro Cultural A BOCA (Santo Antônio Além do Carmo, Salvador-BA), Feiras de livros infantis realizadas por escritoras como Sandra Poppoff, Ações de distribuição de livros pelo projeto Ler na Praça (Brotas, Salvador-BA), Festival de Literatura Infantil e Ilustração, Festival de Arte e Cultura do Sarau da Onça, atividades culturais do Movimento Clara Clarear, concursos literários do Projeto Alma Brasileira, Cortejo Literário promovido pelo Movimento de Cultura Popular do Subúrbio, Cortejo Poético-Performático promovido por Douglas de Almeida no carnaval de Salvador, Cortejo Cênico Forró do Cecéu em homenagem a Castro Alves (Cabaceiras do Paraguaçu-BA), Cortejo “A morte e a ressurreição de Castro Alves” (Colégio Ipiranga, Dois de Julho, Salvador-BA), Coletivo Tática Prática da Poesia (Jocevaldo Santiago, Adalmi Xabath Chabi e Leandro Silva da Mota), Revista Òmnira, Revista Cotoxó, Antologias Cogito Editora, Slam da Onça, Slam Lonan (Nelson Maca), Pré Balada (Marcelino Freire, Nelson Maca e outros), participação de poetas baianos no Parlamento Internacional de Escritores da Colômbia, Feira do Livro e da Imprensa de Genebra, Bienais Internacionais do Livro da Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Prêmio Literário Galinha Pulando (em dez anos publicou quase dois mil poetas de língua portuguesa), encontros de cordelistas e xilogravuristas, encontros de contadores e contadoras de histórias etc. Perinho Santana pinta nas paredes e no muro do trem do subúrbio em Plataforma. O Poeta das Flores, Wagner Américo, recita e distribui flores pela cidade. Iniciativas de poetas como Rilton Santos (“Poeta com P de Preto”), Marcos Peralta e outros, que publicam folhetos e livretos, são louváveis e impulsionam o mercado de mão em mão, em recitais em ônibus ou eventos diversos. O grupo Poesia em Trânsito, através de edital público, imprimiu milhares de livrinhos com textos de vários artistas da palavra, democratizando o acesso à produção poética. Poetas como Lívia Natália (“Água Negra”, “Correntezas e outros estudos marinhos” e “Outras Águas”), Alex Simões (“Contrassonetos Catados & Via Vândala”), Nelson Maca (“Gramática da Ira”) e Cidinha da Silva (“Sobre-vivente” e vários outros livros) também fazem parte da cena literária baiana, com livros solos e penetração no mercado. Na área infantil, Davi Nunes é um expoente com “Bucala: a pequena Princesa do Quilombo do Cabula”, juntamente com uma série de autores com os primeiros livros impressos, engrossam as fileiras de poemas e escritos da literatura negra e periférica baiana. Há, ainda, antologias e livros coletivos como a antologia “A poesia cria asas” (Grupo Ágape), “O diferencial da favela: poesias quebradas de quebrada” (classificados em concurso do Sarau da Onça), autores baianos selecionados para os Cadernos Negros, antologia “Enegrescência” (concurso realizado pelo grupo de mesmo nome), “Movimento Poetas na Praça – entre a transgressão e a tradição” (Douglas de Almeida e outros), “Fala Escritor” (organização de Valdeck Almeida de Jesus), CD com poemas declamados ou cantados de Giovane Sobrevivente: “Melanina” e Indemar Nascimento: “Uma Alma Gritante”. Todo esse arsenal de palavras e rimas, crônicas, romances e outros gêneros, ainda precisa de pesquisadores, estudiosos e críticos de arte para amparar, comparar, estudar, além de profissionais para distribuir, escoar, vender, fazer chegar a produção aos leitores e fruidores. Em Itaberaba, no Campus da UNEB, já existe um Grupo de Estudo Literatura e Periferias, mas talvez não dê conta de toda a profusão de criações da Bahia inteira. Mas é um começo.

Alguns grupos de escritores
E lista de coletivos não para de crescer, alguns com trabalhos intermitentes, outros que param por falta de apoio, mas também tem aqueles cujos componentes se envolvem com trabalhos fixos, ações em escolas, e acabam deixando os saraus para quando puderem se reorganizar. Eis uma lista, que a cada dia se torna maior: Sarau da Chácara (Santo Antônio Além do Carmo), Sarau de Itapuã (Casa da Música, no Parque Metropolitano de Abaeté), Sarau da Câmara Municipal de Salvador (com Edgar Velame na curadoria), Sarau do Gato Preto (Thiago Oliveira Nascimento), Sarau das 7 Praças (Marcos Peralta, Semírames Sé e outros), Movimento Exploesia, Academia de Cultura da Bahia, Sarau dos 13 Poetas Malditos (Espaço Canduras e Artes), Sarau Varvara (Varenka de Fátima Araújo), Sarau Urbano (Galeria Pierre Verger), Sarau Rainhas Negras (Jocélia Fonseca), Sarau d'A Flauta (Âmbar Café), Sarau da Capelinha (São Caetano), Sarau do BEM - Biblioteca Em Movimento (Colégio Senhor do Bomfim), Sarau da Sereia (Osmar Machado Tólstoi), Sarau do Gheto (Gamboa, com Pareta Calderasch), Impacto Poético, Prosa e Poesia (Fábio Haendel, Ligia Benigno, Kátia Borges, Nilson Galvão, Mariana Paiva), Sarau da Zefa (Conjunto Pirajá I), Coletivo A TU AR, Sarau Ferroviário (Biblioteca Comunitária Paulo Freira, em Escada), CEPA – Círculo de Estudos, Pensamento e Ação (Germano Machado), CHA Cultural (Biblioteca Infantil Monteiro Lobato), Pós-Lida (James Martins), Sarau Aa Cara de Ethos (Mussurunga I), Sarau Boca Quente (Ladeira da Preguiça), Sarau das Ruas (Ladeira da Preguiça e itinerante), A Pombagem, A Chicheria, Sarau da Cor (Denisson Palumbo), Sarau da Praça (Praça Cultural Bendengó, Itapuã), Resistência Poética (itinerante), Sarau A(mar) (itinerante, em praias da cidade), Sarau do Cabrito (Alto do Cabrito, com Grupo Cultural E²), Sarau Porto dos Livros (Largo do Porto da Barra), Sarau Fábrica de Rimas (Loteamento Vila Mar – Nova Brasília, Estrada Velha do Aeroporto), EdificaRap (Arvoredo, Cabula), Sarau Erótico (Zezé Olukemi), Sarau Lilás (Casa Amarela, Campo Grande), Sarau da JACA – Juventude Ativista de Cajazeiras (Marcos Paulo de Oliveira Silva), Sarau da Paz (Bairro da Paz), Sarau da Flor (Espaço L7), Sarau da Mata Escura, Kakarecos Brechó (Rua do Carmo, Pelourinho), Sarau de Letras da UFBA, Sarau Arte Livre (Uneb, Campus I, Salvador), Sarau do Palacete das Artes, Sarau Viva a Poesia Viva (Douglas de Almeida), Sarau Cosme de Farias, Arte Marginal Salvador, Cajazeiras que Lê, Sarau Enegrescência (David Alves Gomes, Lidiane Ferreira, Gonesa Gonçalves e Fábio Cunha, na Casa de Angola), Sarau da UCSAL, eventos culturais do Buk Porão (Escadaria do Passo, Pelourinho), Galeria 13 (Rua da Independência), Poesia em Trânsito (recitais em ônibus e transporte coletivo), As Sussurradeiras (sopram poesia nos ouvidos), Importuno Poético (Jocélia Fonseca, Cléa Barbosa e Lutigarde Oliveira), Sarau do Beco (Sueide Kintê, Paripe), Sarau das Flores (Casa Preta), Escritores do Largo (iniciativa de Carlos Vilarinho, Largo dos Paranhos, Salvador-BA), Sarau da Lona Preta, na capital, e Sarau da Casa de Barro (Cachoeira-BA), Sarau de Sapeaçu (Jacquinha Nogueira), Sarau do Pôr do Sol (Jequié-BA), Sarau Serra Viva (Serra Grande-BA), Sarau do Angari, no bairro Angari, criado por Luar do Conselheiro (Juazeiro-BA), Caruru dos Sete Poetas (Cachoeira-BA), Roda de Poesia de Valente (criada por Luar do Conselheiro e Aliã Ferreira, em Valente-BA, inspirada nos Poetas da Praça).

* Valdeck Almeida de Jesus é jornalista, poeta, escritor e mecenas cultural.


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Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 13/03/2018
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