O GIGANTE DAS MINAS GERAIS

Nunca fui de propagar meus feitos. Em minha vida, nunca fui de correr atrás de “glórias” Tampouco de “Janetes” ou “Clarices” (rindo aqui). Desde pequeno, as coisas aconteceram naturalmente. A começar quando com nove para dez anos, uma professora de história, me incentivou e me inscreveu no concurso de redação do colégio e assim, ganhei a minha primeira medalha (Honra ao Mérito), quando cursava a quarta série do antigo “Primário”. 

Assim foi também, com a minha profissão, apresentei alguns trabalhos em alguns congressos ao longo de minha vida. Fui desenvolvendo técnicas cirúrgicas como a do auto implante de baço e outras técnicas e livretos que distribuí, para a iniciação de muitos colegas que estagiaram ou que trabalharam comigo. Talvez, por isso, no ano de 2000, fui agraciado pela Câmara de Vereadores da cidade de Niterói, com a “Moção de Aplausos”, por serviços prestados à cidade, no setor da medicina veterinária e no bem-estar animal. 

Na literatura fui apenas, escrevendo o que a alma ordenava. Era uma necessidade de colocar no papel, os sentimentos que sentia, e principalmente, o que as outras pessoas sentiam assim, ganhei também alguns prêmios e essa bela surpresa por e-mail, do célebre escritor José Pedro A. Araújo Silva, pedindo o meu consentimento para comentar em seu mais novo trabalho, parte das minhas pesquisas sobre o “Santuário do Caraça”, em citação no seu livro “O Gigante das Minas Gerais”. 

A citação em questão, faz parte da minha segunda visita ao Santuário do Caraça – Catas Altas – Minas Gerais, de modo a coletar dados e documentos, sobre aquele Santuário, que provavelmente será, palco do meu quarto livro, o romance histórico. “O Santuário do Caraça”. 

Recebi o pedido do nobre escritor, com tanto entusiasmo que gostaria reparti-lo com os amigos da literatura, amigos da boa leitura que ao longo dos anos, fui juntando pelo Brasil e por outros países como Itália e Portugal. 

Ainda que me sinta constrangido a relatar aos amigos, os meus feitos, reconheço a necessidade de mostrar na íntegra, parte desse lindo e importante trabalho do nobre escritor e amigo, José Pedro A. Araujosilva – Ex-aluno do primeiro e mais importante colégio do Brasil – O colégio do Santuário do Caraça (1820-1968). 
 
MISTÉRIOS, MÁGICAS E MAGIA
De José Pedro A. Araujosilva
 
O Caraça são mistérios. Basta colocar a imaginação a explorar os férteis campos caracenses.
E haja curiosos, especuladores, poetas, escritores, dramaturgos, pesquisadores, cientistas. São os mais diversos os interessados, entre outros: geólogos, botânicos, zoólogos, ornitólogos etc.
No próprio Caraça, existe o padre-detetive, aqui citado inúmeras vezes. Contra sua vontade, é claro. Mas ele confessa, não aceita as artimanhas do nosso Gigantone.
Palú, sempre às manhãzinhas, se encarrega de examinar os terrenos, principalmente os mais pertos do complexo arquitetônico, para verificar as pegadas dos bichos que aconteceram à noite[1]. É normal encontrar vestígios deixados por jacus, antas, lobos-guará, cachorros-do-mato, onças, cobras, lagartos etc.  Entretanto, quer se surpreender, mais especificamente, com sinais de uma novidade m-i-s-t-e-r-i-o-s-a. Mas ele, o padre, nega peremptoriamente.
Tem mais. O mesmo padre-detetive ficou por muito tempo intrigado com o mistério do resplendor da imagem de Santo Estêvão, que se encontra na sacristia do Santuário.
Padre Lauro Palú conta que, quando olhava para a imagem, o resplendor – auréola que contorna a cabeça dos santos – estava virada para trás à moda dos bonés usados pelos jovens. O padre endireitava-o sempre e sempre o desarrumavam. Quem provocava aquele desarranjo? Quem?!! Ele diz que descobriu o segredo[2]. A sua afirmação é um simples disfarce. Na realidade, são os confrades invisíveis de Mégalon a lhe dizer: “Estamos de olho em você”.
Se ainda há alguém que duvida do fascínio que o Caraça exerce nas pessoas, nada mais real que o depoimento do professor universitário Celson José da Silva sobre a magia do Caraça, “verbis”:
 
Lá, não tive o privilégio de ter estudado. Mas, assim como outros tantos diletos amigos, um irmão passou parte de sua adolescência, o que me proporcionou, ainda na minha pré-adolescência um contato com a magia que circunda todo o complexo do Caraça.
Sempre me senti capturado pela aura mística e os bons fluidos que sinto ao lá chegar e por lá poder tirar proveito de longas caminhadas, assim como desfrutar das águas que jorram sinuosas de sua envolvente cachoeira. Elas parecem brindar seus visitantes com momentos mágicos.
O Caraça sempre nos reserva uma boa surpresa, como a composição que tive a sorte de capturar na foto em que aparece a “caraça” ao fundo, emoldurada por uma figura que parece nos desafiar com o dilema: não sou mais o que fui, mas decifra-me ou te devoro.[3] 
 
Celson da Silva tem no seu DNA o gene investigativo. Por vários anos, estudou na Alemanha e se especializou em várias matérias. Ainda que de longe, nunca deixou de se intrigar com a “aura mística e os bons fluidos“ do Caraça. Ao retornar ao Brasil, voltou várias vezes à “Montanha Viva”. Sempre atraído pelas vibrações megalônicas.
Não resta dúvida que o professor é dos “quadros” da Associação dos Amigos do Gigante, sempre brindado com “momentos mágicos”.
Entre os inacreditáveis “mistérios do Caraça” - e só pode ser atribuído ao Giganteu caracense - está o do escritor e poeta, autor de inúmeras obras: Paulo Cesar Coelho[4].
Foi ele ao Caraça pesquisar sobre o nobre português Carlos Mendonça Tavares, também conhecido como Irmão Lourenço, fundador do Caraça. E se enfronhou na busca de “casos realmente acontecidos”.
Não sabia ele por quais caminhos embrenhava.
Paulo Coelho se internou na biblioteca, assistido de perto por uma funcionária. A biblioteca se tornou a sua cartuxa. Devorava livro sobre livro: situação propícia para os eflúvios megalônicos. E haja livros, documentos. No afã de descobertas, o escritor lê, copia, anota, grava, fotografa. Folheia daqui, separa ali. O silêncio só era quebrado com o folhear dos livros e pelo “click do celular”.
Naquele ambiente, no entanto, acontecem “coisas”. E é o próprio poeta que narra[5]:
 
Depois de alguns outros livros, comecei a fotografar o livro das cartas do Arthur de Oliveira, lá pela metade do livro, comentei com a moça que estava assessorando: parece que tem outra pessoa pesquisando na biblioteca, está folheando um livro. A moça apenas respondeu: sim parece, estou escutando há algum tempo e continuamos o nosso trabalho.
 
Paulo Cesar, o experiente romancista, mal, mal continha a ansiedade e se pôs a procurar, no ambiente vazio, quem poderia estar a folhear livros também.
 
Quase terminando de fotografar o tal livro, fiz novo comentário com a moça: a pessoa não faz nenhum barulho só folheia, espera que vou dar uma olhada para ver quem, além de nós, está pesquisando na biblioteca. Levantei-me e me dirigi até o fundo da biblioteca e não vi nenhuma pessoa[6].
 
Constatou: não havia ninguém.
Ninguém?! Será que Paulo Coelho queria saber demais? Estaria a sua curiosidade acima do limite? Estaria ele a descobrir “coisas”? Será que um espião invisível da Confraria do Gigante espreitava o prestigiado pesquisador?
Não para por aí sua aventura. Lá pelas tantas, o escritor e a bibliotecária ouviram do nada “um único e sutil ‘Psiu’.
O visitante niteroiense não encontrou resposta e tampouco explicações para o acontecido.
Pudera! Ele, também, foi “enfeitiçado” pelo Gigantão caracense e se tornou mais um “fascinado” por aquele lugar mágico e misterioso, chamado Caraça.
 
[3] MSG enviada em 04/05/2018 a colegas da Turma de Direito-UFMG/67.
[4] Paulo Cesar Coelho nasceu em Niterói. É escritor, romancista, poeta, contista, letrista, compositor. Como escritor, muito premiado, publicou vários livros. No site: Recanto das Letras tem cerca de 2.400 textos com aproximadamente 535.000 leituras. No site: www.luso-poemas.net (Portugal) tem 1.100 textos editados com 1.450.000 leituras. Disponível no site: https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=3108. Acesso em 16/05/2018.
[6]Disponível em https://www.recantodasletras.com.br/contosdesuspense/55 18994. Acesso em 23/05/2018.
 
 
 
 
Feliz e grato ao ilustre escritor e amigo José Pedro A. Araujosilva, que com maestria, descreveu um pedaço daquele gigante chamado Caraça.
 

 
Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 20/05/2018
Código do texto: T6341596
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