A lenda do nascimento de Perseu
Sílvia M L Mota
 
Esta é uma das lendas da Mitologia, que me fascinam, a tal ponto, que a referenciei na minha Dissertação de Mestrado, defendida frente a Banca Examinadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em maio de 1999, no tópico referente à inseminação artificial.

Vamos à lenda... 

Perseu ou Perseus (em grego: Περσεύς, transl.: Perséus), na mitologia grega, é um semideus. Nasceu da princesa mortal Dânae e Zeus, o deus dos deuses.
 
Dânae é filha de Acrísio, rei de Argos, casado com Eurídice, filha de Lacedemonfora. Acrísio, que, por não ter filhos homens, consulta o Oráculo de Delfos (1), para saber a respeito da possibilidade de Dânae trazer ao mundo filhos homens. Por resposta, recebe a profecia de que a princesa teria um filho que o mataria. Acrísio, imediatamente, enclausura a filha em uma câmara de bronze subterrânea, na companhia de sua ama, ambas sob guarda rigorosa, para evitar a concepção do filho predestinado a usurpar-lhe o trono. Mas, independentemente da reclusão, durante o sono, a bela Dânae é seduzida por Zeus, que transformando sua semente em chuva de ouro, insemina-a. Conta a lenda, através de Lucio Célio Firmiano, autor cristão que viveu por volta do ano 300, que essa "chuva de ouro" foi, na verdade, uma grande quantia em dinheiro que o imortal Zeus despejou sobre o colo de Dânae, para compensar-lhe a desonra. E, através dos tempos, a lírica “chuva de ouro” foi cantada pelos poetas.
 
Da união entre a bela mortal e o poderoso deus, nasce Perseu. Acrísio, por não acreditar na paternidade de Zeus, coloca a filha e o neto em um baú, que é jogado ao mar, a fim de sufocá-los. O cesto chega à ilha de Sérifos, onde é resgatada por Díctis, um pescador que confeccionara as primeiras redes do mundo, com a ajuda da deusa Atenas. Ao puxar as redes do mar, traz o baú, que ao ser aberto, desvenda a presença da mãe e o seu filho. Díctis recepciona-os na sua casa e proporciona a Dânae uma vida digna ao lado de Perseu. (2)
 
Perseu torna-se um homem forte, cobiçoso, audaz, intenso, impetuoso e sempre reconhecido como o protetor da mãe. Entre os seus grandes feitos, conta-se que matou a górgona Medusa.
 
Tempos depois, a funesta profecia que antecipara o nascimento de Perseu, se concretiza. O jovem assassina o avô Acrísio, acidentalmente. Durante jogos esportivos fúnebres, em honra de Polidectes, sem saber da presença do avô no evento, Perseu arremessa um disco de forma desastrosa, que atinge Acrísio, decapitando-o. Todavia, Perseu não aceita governar Argos e troca de reinos com Megapente, filho de Preto, rei de Tirinto, filho de Abas. Perseu governa Tirinto e Micenas, a cidade que fundou. Da união familiar estabelecida com Andrômeda, nascem sete filhos: Perseides, Perses, Alceu, Helio, Mestor, Sthenelus e Electrião, além de uma filha, chamada Gorgófona. Os descendentes de Perseu também governam Micenas, de Electrião a Euristeu, após os quais Atreu, rei de Micenas, filho de Pélope e de Hipodâmia, neto de Tântalo, irmão gêmeo de Tiestes e pai de Agamemnon e Menelau, conquista o reino. Entre esses descendentes incluem-se o grande herói Héracles, um semideus filho de Zeus e Alcmena, portanto, meio-irmão de Perseu. Nesse refrão, Perseu também é o ancestral dos persas.

Notas
 
(1) O templo de Apolo, incrustado na fascinante paisagem montanhosa de Delfos, abrigava o poderoso oráculo e era o mais importante local religioso do antigo mundo grego. Os generais buscavam conselhos do oráculo a respeito de estratégias de guerra. Os colonizadores procuravam orientação antes de suas expedições para a Itália, Espanha e África. Os cidadãos consultavam-no sobre investimentos e problemas de saúde. As recomendações do oráculo emergem de forma notável nos mitos. [...] O oráculo de Delfos funcionava em uma área específica, o ádito ou - área proibida -, no núcleo do templo, e por meio de uma pessoa específica, a pitonisa, escolhida para falar, como uma médium possuída, em nome de Apolo, o deus da profecia. A pitonisa era mulher, algo surpreendente se levarmos em conta a misoginia grega. E, contrastando com a maioria dos sacerdotes e sacerdotisas gregas, a pitonisa não herdava sua posição pela nobreza de seus vínculos familiares. Embora devesse ser natural de Delfos, poderia ser velha ou jovem, rica ou pobre, bem-educada ou analfabeta. Ela passava por um longo e intenso período de treinamento, assistida por uma congregação de mulheres de Delfos, que zelavam pelo eterno fogo sagrado do templo. HALE, John; BOER, Jelle de; CHANTON, Jeff Chanton; SPILLER, Henry. A fonte do poder, no oráculo de Delfos. Reportagem. Scientific American Brasil, São Paulo. Disponível em: https://sciam.com.br/a-fonte-do-poder-no-oraculo-de-delfos. Acesso em: 01 jul. 2021.

(2) Percebe-se no evento aqui relatado, a semelhança com o mito judaico-cristão de Moisés, que foi abandonado por seus pais no rio Nilo, numa cesta, para depois ser encontrado e adotado pela Princesa Hatshepsutt, filha do Faraó Tutmose I e da rainha Ahmose.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 22/07/2018
Reeditado em 01/07/2021
Código do texto: T6397198
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