FLIPO 2020: Resiliência e resistência cultural

FLIPO 2020: Resiliência e resistência cultural

Alexandre Santos *

Neste final de 2020, mantendo o objetivo de mobilizar artistas e apreciadores de todas as linguagens artísticas em torno de temas culturais de interesse nacional e internacional, a Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural vai realizar a edição anual da FLIPO.

Este ano, no entanto, a festa será diferente. Ao contrário das edições anteriores - festas que, tomando por base a plataforma histórica e cultural de Pernambuco, cumpriram extensa agenda, tanto na vila de Porto de Galinhas, em Ipojuca, como na Casa Rosada da Rua Santana, sede da União Brasileira de Escritores (UBE), no Recife -, em 2020, fruto da resiliência e resistência que marcam o mundo cultural, a FLIPO terá programação condensada e, seguindo os termos do 'novo normal' estabelecido pela pandemia de coronavírus que assola o Planeta desde o começo do ano, realizará todas as atividades de forma remota, apresentando-as ao grande público através da internet.

Em sua 8ª edição, cuja realização está programada para os dias 26 e 27 de dezembro, a FLIPO evoca o tema ‘Resiliência e resistência cultural', destacando alguns dos principais aspectos que o mundo cultural precisou cultivar e praticar ao longo deste ano, principalmente no Brasil, onde, além dos rigores impostos pela pandemia, enfrentou o descaso e o desrespeito do governo federal. Ao valorizar estas características e, ao invés de homenagear personalidade do mundo artístico, enaltecer 'toda a cadeia cultural brasileira', a FLIPO 2020 incorpora sua voz ao movimento que reclama respeito ao Povo brasileiro e atitudes concretas capazes de minimizar as crises sanitária e econômica que tanto sofrimento têm causado às famílias e lares do país.

A FLIPO 2020 é uma festa cultural realizada na perspectiva da transversalidade das artes, oferecendo ambiências digitais específicas para a fruição de apresentações artísticas, apreciação da cena cultural do País e do mundo, especulação de tendências e para a apresentação e discussão de projetos e políticas públicas para o setor. Ajustada às limitações e contingenciamentos próprios da época vivida pelo mundo na contemporaneidade, as atividades da FLIPO 2020 vão ocorrer em ambientes digitais colocados ao alcance da sociedade através de transmissões ao vivo, pela Internet. De fato, este ano, ao invés dos grandiosos palcos que marcaram as edições anteriores, concentrada em dois dias, garantindo o deleite com a apresentação digital de clipes artísticos em sessões da chamada 'Tribuna das Artes' e contação de histórias no 'Espaço do Faz de Conta', a FLIPO vai realizar sessões virtuais para a discussão dos temas 'cultura e resistência', 'perspectivas culturais para 2021', 'cultura no mundo em tempos de pandemia', a importância da literatura pelo olhar do público feminino e dos autores 'jovens e inéditos', o panorama das artes cênicas no País, a visão das artes plásticas sobre o planeta Terra e a realidade do universo musical na Era do virtual, com a participação de artistas, produtores culturais, críticos de arte e gestores culturais, envolvendo cerca de 60 personalidades do mundo artístico e cultural.

Embora alguns não consigam ver ou admitir, a pandemia de coronavírus mergulhou o Planeta numa crise de proporções inimagináveis, cuja superação depende da conjunção da ciência, da tecnologia, da arte e da cultura. Demonstrando resiliência e resistência para colocar arte e cultura nas casas das pessoas, a FLIPO está fazendo a sua parte.

Viva resiliência! Viva a resistência! Viva a FLIPO!

(*) Alexandre Santos é o curador geral da FLIPO