Quilombo

Para falar sobre folguedos e folclore alagoano, busca-se bibliografias e sites. Os

primeiros são raros, os segundos raríssimos ou inexistentes. Há que se entender que tais assuntos, aqui, em Alagoas não levam muito crédito, menos ainda divulgação na mídia. Existiu um historiador - Théo Brandão (alagoano de Viçosa) que se interessou e escreveu sobre alguns folguedos, visto que, tais assuntos eram/são tidos como coisa de pessoas simplórias (sem cultura), sem entender que cultura e folclore, pouco tem a ver com academicismo. Sobre folguedos natalinos, no Folguedos e Danças de Alagoas: sistematização e classificação, neste caso os Quilombos, nas palavras de José Maria Tenório Rocha :

Durante muito tempo pensou-se ser os Quilombos um auto que rememora o

acontecimento dos Quilombos dos Palmares. Mas porque não existe, de nenhum

modo, ligação entre o fato histórico e o folguedo, e existe identificação desse auto

com similares do Brasil e do estrangeiro (Congadas, Cucumbis, Caboclinhos,

Mouriscadas etc) chegou-se à conclusão que é uma adaptação local ou reinterpretação de origem branca e erudita de danças brasileiras e europeias que

demonstram lutas, ora entre negros e brancos, ou mouros e cristãos, ou negros e

índios (caboclos). Mais um fato a demonstrar ter sido o auto maquinação branca, é a derrota dos negros no final da apresentação. Ora, se fosse idealização dos escravos negros dos Palmares, os negros sairiam vitoriosos, não perdedores. (ROCHA, José Maria Tenório; BRANDÃO, Théo.Folguedos e Danças de Alagoas:

sistematização e classificação. Secretaria de Educação e Cultura de Alagoas,

Departamento de Assuntos Culturais, Comissão Alagoana de Folclore, 1984. )

No livro de Carlos Rodrigues Brandão, nomeado por A Festa do Santo de Preto,

explana-se sobre a Congada como elemento componente de outra festividade conhecida como Festa de Nossa Senhora do Rosário advinda do Catalão, localizada ao sul do estado de Goiás. Nesta pesquisa dividida em uma trilogia ele diz que:[...]Elas se organizam a partir e através de inúmeros rituais: os desfiles de ternos, os cortejos processionais, as missas, as visitações cerimoniais, as cerimônias em torno à coroa e outras. Há situações rituais que envolvem, ao mesmo tempo, atuações altamente formalizadas, prescritas rigidamente pela própria ordem de um terno de congos ou de moçambiques, ao lado de um movimento de ritmo e alegria muito próximo ao do Carnaval. De algum modo a Congada de Catalão, como um complexo de rituais, reúne, nos três dias nucleares da Festa de Nossa Senhora do Rosário, o Carnaval e a Semana Santa, que Roberto da Matta separa e opõe.(BRANDÃO. C.R - A Festa do Santo de Preto. pg. 5. GO.FUNARTE/ Universidade Estadual de Goiás, 1985.)

Ainda segundo as palavras da aluna mestranda em multimeios (IA) da Unicamp, Lilian Sagio Cesar:

[...] Os desfiles ocorridos nas festas organizadas pelas irmandades de escravos por

ocasião da coroação de Reis e Rainhas africanos ou afro-descendentes ficaram

conhecidos no Brasil por Congadas, Cucumbis, ou Reinados de Congos e foram

bastante comuns em toda a colônia, sendo ainda celebradas no presente momento

em diversas localidades do Brasil, nos estado de São Paulo, Minas Gerais, Espírito

Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pará. A primeira manifestação de Congada

registrada por escrito no Brasil foi localizada no Recife em 1674. Sua origem é

relacionada por alguns autores à apropriação de autos populares ibéricos reinterpretados por irmandades ou grupos de negros bantos em diferentes lugares e épocas (Brandão, 1985). (CESAR, .L.S - Congada nos media: um estudo de caso da utilização de conjuntos de imagens fotográficas no jornalismo. pg. s/n, ano não

informado.)

Em Maceió, segundo o mapeamento da Secretária de Educação e Cultura do estado de Alagoas, existe o grupo chamado Quilombo Axé - Zumbi, que foi fundado em 1984, com a iniciativa do Mestre Geraldo e do Mestre Biu, composto por 22 componentes e 5 músicos; já na região do Agreste de Alagoas, temos em Anadia um grupo chamado Quilombo de Limoeiro de Anadia, que foi fundado pelo Mestre Abílio, que aprendeu com seu avô, o ofício da dança, dando continuidade ao folguedo; o grupo é formado por 32 componentes de 12 a 65 anos.

GK Bagoé
Enviado por GK Bagoé em 13/09/2021
Reeditado em 14/09/2021
Código do texto: T7341310
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