BRASIL: DIA NACIONAL DE ZUMBI E DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Em 2024, o Brasil celebrou pela primeira vez o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra como feriado nacional, um marco significativo na valorização da memória e da luta da população negra. Essa conquista foi primeiramente institucionalizada em novembro de 2011, pela Presidente Dilma Rousseff, pela Lei 12.519. Agora, instituído pela Lei 14.759/2023 e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 2023, o reconhecimento nacional desta data reforça a necessidade de refletir sobre a contribuição histórica, cultural e social dos afrodescendentes para a construção do país, ao mesmo tempo em que evidencia a persistente luta contra o racismo e as desigualdades estruturais.
A escolha do dia 20 de novembro, em memória de Zumbi dos Palmares, não é apenas um tributo à sua liderança no maior quilombo da história do Brasil, mas também um símbolo de resistência e coragem frente ao regime colonial escravocrata. Zumbi liderou o Quilombo dos Palmares, uma comunidade formada por pessoas escravizadas que fugiam em busca de liberdade, transformando-o em um bastião de luta contra a opressão portuguesa. Sua morte, em 1695, representou uma tentativa de silenciar um movimento que desafiava as bases do sistema escravista, mas sua história se perpetuou como um exemplo de resiliência e esperança.
O reconhecimento do Dia da Consciência Negra como feriado nacional é também um passo importante para repensar as desigualdades que ainda marcam a sociedade brasileira. Durante anos, a data já era celebrada em diversas localidades do país, mas apenas agora ganhou amplitude nacional, ampliando o alcance de seu simbolismo. Esse avanço legislativo carrega consigo a responsabilidade de não se limitar à interrupção das atividades cotidianas, mas de ser um espaço de educação e reflexão coletiva sobre o passado e suas conexões com o presente. Fato marcante, extremamente necessário e, historicamente e socialmente justo.
Zumbi dos Palmares não é apenas um herói do passado; ele representa uma luta que ainda precisa ser travada. A escravidão deixou marcas profundas na sociedade brasileira, refletidas no racismo estrutural e nas desigualdades sociais que persistem. Por isso, o Dia da Consciência Negra transcende a homenagem histórica, funcionando como um chamado à ação para enfrentar essas questões e construir uma sociedade mais justa e igualitária. É um momento de reconhecimento das contribuições da cultura afro-brasileira nas artes, na música, na culinária, na religião e em tantos outros aspectos da identidade nacional, além de um lembrete da dívida histórica que ainda precisa ser reparada por todos nós.
A transformação da data em feriado nacional é um convite à reflexão e à valorização das vozes historicamente silenciadas. Ao resgatar a memória de Zumbi e do Quilombo dos Palmares, o Brasil reafirma seu compromisso com os ideais de liberdade, igualdade e justiça social. Esse reconhecimento não apaga os erros do passado, mas é um passo fundamental para construir um futuro onde a diversidade e a inclusão sejam de fato celebradas. Assim, o Dia da Consciência Negra deixa de ser apenas um marco histórico e se torna um símbolo vivo da resistência e da luta por um país mais humano e plural.