FREUD APLICADO AO MARKETING: UM ESBOÇO DE APROXIMAÇÃO ENTRE PSICANÁLISE E PUBLICIDADE

A palavra Marketing tem uma tradução estranha para o português: "mercadejar", "mercadejando", sem muito a dizer sobre sua essência semântica, para nós, brasileiros. Muitos confundem Marketing com estratégias de venda de produtos e serviços, mas o sentido é, aqui para nós, a consolidação de uma marca dentro do inconsciente do consumidor, a exemplo do que as imagens do arquétipo fazem com o inconsciente coletivo (crucifixos, mandalas, estrela de Davi, daí em diante).

Para tanto, precisamos entender que o inconsciente do consumidor é feito de emissões de ondas que chamamos princípio de prazer ou libido. A libido é uma excitação que conduz a ansiedade angustiante que provoca o secretar de fluídos corporais, a saber: lágrimas, saliva, urina, fezes, sêmen, sudorese e calafrios. Depois do secretar há uma sensação de esvaziamento, que é o prazer em si mesmo: a sensação de que o corpo voltou ao controle pelo psiquismo. Logo, o marketing precisa criar a COMPULSÃO, que é o eterno perder e reconquistar a mente.

As logomarcas são o objeto catártico que podem provocar lembranças no psiquismo, por meio do secretar. Uma pessoa precisa ficar ansiosa ao ver a logomarca: se vejo um carro da Toyota, por exemplo, sei que por meio dele consigo favores sexuais e satisfação do desejo sádico de provocar no outro um sofrimento por meio do prestígio social. Posso até conseguir uma ereção peniana por imaginar que por meio deste produto eu posso satisfazer meus instintos sexuais mais primários - que todos os seres humanos têm em si. Freud explica como ninguém essas forças do inconsciente, mas não as aplica ao Marketing.

O arquetípico do Marketing, para emprestar um jargão da psicanálise junguiana em direção ao setor, está em trazer à lume ideias como proteção paterna, amamentação materna, misticismo e transcendência, agora numa visão mais para Carl Jung. A proteção paterna pode estar ligada às empresas de segurança, aos bancos, às seguradoras que sempre devem se comunicar com o inconsciente neste diapasão. Já a ideia de amamentação sempre deve estar ligada aos alimentos não necessários ao corpo, como chocolates, bolos e demais produtos das cadeias de "fast foods" (que sempre instigam a comermos além do que o corpo pede, como todo bebê faz quando mama até regurgitar: ou seja: uma coisa que já está programada na mente). O misticismo está ligado ao modo de vestir, que pode dizer por meio da combinação de calças com camisas e demais acessórios como eu "encaro" a vida enquanto "persona ou máscara" (o terno que inspira seriedade ou o jeans com tênis que diz que eu sou uma pessoa irreverente, que não estou, em tese somente, nem ai para o que você pensa de mim); a transcendência acontece quando compro imóveis para legar para meus herdeiros, quando compro um plano funerário de alto padrão para meu velório ou faço obras de arte com meu busto numa empresa que eu fundei.

As logomarcas devem trazer ao ego, via instintos, o libido, por meio de cheiros, cores e lembranças que atrelem a logomarca ao seio materno, ao pênis ou qualquer outro objeto de excitação sublimada. Por esse motivo, os odores de baunilha, as cores vermelhas e as embalagens de produtos com relevo-arredondadas sempre fazem esta ponte com a sexualidade primitiva.

LUCIANO DI MEDHEYROS
Enviado por LUCIANO DI MEDHEYROS em 19/07/2018
Reeditado em 11/04/2020
Código do texto: T6394379
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