Fragmentação do Congresso dificultará governo de Bolsonaro

|Primeiro artigo de uma série de conjecturas econômicas sobre o governo Bolsonaro|

O deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) é favoritíssimo para ser eleito no dia 28 de outubro. A extrema rejeição ao petismo provavelmente o levará até a rampa do Planalto em 1º de janeiro de 2019. O que esperar do primeiro ano de seu governo na esfera econômica?

O programa econômico de Bolsonaro, registrado no site do Tribunal Superior Federal, diz que 2019 será o "ano da mudança". Fácil dizer. O Presidente da República precisa do Congresso para conseguir governar. O problema é que o Legislativo estará ainda mais fragmentado em 2019. Por exemplo, o PT, que tem a maior bancada na Câmara Federal, tem apenas 11% dos 513 deputados. Isso dificulta bastante a conquista de apoio suficiente para aprovar propostas. Diante deste problema, Bolsonaro, que sempre criticou a barganha política, poderá iludir seus eleitores ao ter que ceder ministérios para angariar votos a favor de seus projetos.

O "Controle de Gastos", que tem ênfase no programa econômico de Jair, refere-se a um conjunto de medidas que para ser aprovado precisa-se de maioria constitucional, assim como a Reforma da Previdência Social e a Reforma Tributária. Segundo o colunista da Folha de S. Paulo, Vinícius Torres Freire, haverá oposição de esquerda, em tese contrária às reformas. A bancada de partidos de centro-esquerda à esquerda praticamente não se alterou nesta eleição: 136 cadeiras em 2019 (de 513), ante 137 entre 2015 e 2018.

Até para privatizar estatais, ele terá que ter autorização do Congresso. A proposta dele, que consta em seu programa econômico, é fazer privatizações e concessões para reduzir a dívida pública em 20%.

Se Bolsonaro não pretende barganhar para governar, terá que corromper. Ou criar um método revolucionário no sistema político para atingir seus objetivos e garantir estabilidade do seu governo.