Capitalismo de compadrio

Grandes empresários jamais defendem reforma tributária que redunda em redução da carga tributária, pois, sabem eles, elevada a carga tributária, maior é o custo de capitalização de uma empresa, menor é o lucro dela, e mantê-la é uma via crucis devido a, além dos impostos que incidem em toda a cadeia produtiva, aos impostos trabalhistas, aos que incidem sobre a venda, o lucro, enfim, aos impostos de todos os gêneros.

Aos grandes empresários não interessa a redução da carga tributária por duas razões: 1) A elevada carga tributária, que mantêm elevado o custo de manutenção das empresas, eles a diluem no volume incalculável do faturamento, devido às imensuráveis dimensões das grandes empresas e ao poder econômico delas; 2) as pequenas e médias empresas, de faturamento baixo, não podem fazê-lo - no caso destas, o custo corresponde à parcela considerável do faturamento, reduzindo-lhes, em alguns casos anulando-lhes, condições para competirem no mercado e conservarem-se em atividade. Os governos, cobrando impostos extorsivos aos empresários, e aos trabalhadores e aos consumidores (os impostos que incidem sobre mercadorias e serviços, sobre os lucros das empresas, e sobre a folha de pagamento dos empregados, quem os paga são os consumidores, pois os empresários os repassam ao preço de produtos e serviços), recolhem aos cofres públicos um capital imensurável, e uma parcela dele eles os emprestam aos grandes empresários via bancos de fomento (no Brasil, o BNDES), com juros subsidiados, adquirindo os grandes empresários - comparando-os com os seus concorrentes de menor porte (os pequenos e os médios empresários), que não têm acesso aos bancos oficiais e aos empréstimos com juros facilitados que os governos oferecem, e seus meios de captação de empréstimos são restritos aos que o mercado oferece - vantagem competitiva, que não é fruto da competência, mas de um privilégio, que fere o ideal de livre-mercado, de cujos valores eles não apreciam na prática, apenas na teoria, privilégio este que não é legítimo, e é causador de injustiças, e fere as leis de mercado - é o mesmo que, numa competição esportiva, um esportista fazer uso de doping e, em vez de punido, é premiado. A redução da carga tributária interessa aos pequenos e médios empresários; aos grandes, não; se menos impostos o governo recolhe aos cofres públicos, menos dinheiro ele terá à disposição para emprestar aos grandes empresários, a juros subsidiados, abaixos dos juros de mercado – estes os únicos aos quais os pequenos e médios empresários têm acesso.

Os grandes empresários, associados em confederações de indústrias, se quisessem a redução da carga tributária, pressionariam o governo a reduzi-las, e o conseguiriam, mas não têm tal interesse, e os seus motivos são os expostos acima.

Dou um exemplo de relação promíscua entre governo, via BNDES, e empresários: Governo Lula e JBS. Lula, aliado dos grandes capitalistas, é contra o capitalismo, contra o livre-mercado, e favorável ao capitalismo de estado, ao capitalismo de compadrio.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 23/04/2019
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