AGRONEGÓCIO - O dilema da indústria sucroalcooleira do Brasil

Não se surpreende mais com a decisão da maioria das usinas sucroalcooleiras ao darem preferência a produzir açúcar em vez de etanol no beneficiamento de cana-de-açúcar. Isso acontece porque, de acordo com as estatísticas da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o subsetor açucareiro tem se mostrado em recorrentes safras mais atrativo e rentável, inclusive no último ano agrícola, o que amplia o mercado de açúcar e reduz, por consequência, a intenção de se investir no subsetor alcooleiro. A causa aponta para uma subida significativa do preço do produto devido à má aceitação no mercado.

Segundo o relatório de apresentação do PIB (PIBAGRO) para o atual cenário do agronegócio brasileiro, o álcool hidratado tem se mostrado bastante ineficiente para competir com o açúcar a nível industrial e no atendimento ao maior número de clientes potenciais no setor externo, à jusante, ainda que os dois produtos não sejam concorrentes diretos, nem mesmo substitutos. Além do mais, agora sob a visão da macroeconomia, com foco aprofundado no segmento industrial da cultivar agrícola, percebe-se que a atual crise da economia abala o setor automobilístico e dificulta o crescimento da demanda pelo combustível renovável, ainda que os veículos em circulação continuem se utilizando do bem.

Desviando-se a atenção do mercado para a matéria-prima, à montante verificou-se significativas vantagens competitivas do cultivar se comparado com outros quanto às condições climáticas agradáveis. Ainda de acordo com resultados do PIBAGRO, a safra sucroalcooleira de 2016 foi enormemente favorecida por boas taxas de pluviosidade e umidade, principalmente em São Paulo, no Paraná e alguns estados do nordeste brasileiro.

Nota-se que, em suma, um desequilíbrio no escoamento da cana-de-açúcar para produção de um bem ou de outro, mas ao se avaliar a situação através de um outro ponto de vista, o ramo de investimento dá ao produtor e/ou investidor a flexibilidade para se inclinar em suas decisões e direcionar o seu produto ao encontro das necessidades do mercado no momento da negociação, o que não acontece na cadeia produtiva do café, por exemplo. A isso e a outros diferenciais se dá o sucesso da cadeia sucroalcooleira, mesmo que, em estudos aprofundados, tenha muitos processos que carecem de plena otimização, através de pesquisa, desenvolvimento e modernização da indústria e do mercado pertinentes a ela.

Segunda-feira, 30 outubro 2017, 23:49

Disciplina: Economia e Sociedade

Renadson Augusto
Enviado por Renadson Augusto em 02/06/2020
Reeditado em 02/06/2020
Código do texto: T6965046
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