Ponto de vista: festas juninas

As festas juninas estão acontecendo e, apresenta-se um bom momento para discutirmos nas salas de aula conteúdos sobre cultura e meio ambiente. Ao mesmo tempo em que as tradições devem ser cultivadas, faz-se necessário uma reflexão sobre aspectos que interferem na preservação do meio ambiente, lembrando também os perigos dos fogos de artifícios, os cuidados com as fogueiras e, principalmente, o quão perigoso é soltar balão.

Como toda boa sertaneja, sou apaixonada pelos festejos juninos: as simpatias e adivinhações, a fogueira no terreiro, os jogos, as comidas de milho, as barraquinhas, a coroação do rei e rainha, quadrilha e o forró (com sanfoneiro e zabumba). Quem nunca pulou fogueira? Assou milho com espeto e batata no braseiro? Quem não brincou de madrinha e padrinho no terreiro? Quem não viu balão subindo e fogos de lágrima caindo?

Quando criança, sempre via meu avô soltar balão e não compreendia o perigo que ele representa ao cair (continuo encantada pelos balões, agora consciente da impossibilidade de soltá-los). No interior, em noite de São João, até o universo conspira a favor e o céu se enche de estrelas para iluminar a festança, mesmo que à noite caia uma chuvinha para acalmar o calor, nunca para atrapalhar a dança.

Inquieta-me a versão São João eletrônica (despojo-me aqui de qualquer preconceito ao modo contemporâneo de ser e de ver) divulgada e generalizada que, em minha opinião está descaracterizando os festejos nas suas verdadeiras raízes. Essa versão, presente não apenas nas cidades, já está fazendo parte dos costumes do interior, espaço que, por dever e respeito deveria cultivar a tradição. Penso que manter as características dos usos e costumes, divulgar a cultura de uma região é fazer história e me preocupa o que a próxima geração irá conhecer sobre o nosso passado.

Não me considero uma saudosista, mas defendo que é fundamental os alunos conhecerem a cultura do seu povo, as suas raízes e tradições, porque são fatos importantes que compõem a história de cada um. Afinal, que juízo de valor poderão formar daquilo que não conhecem?

FATIMA MOTA
Enviado por FATIMA MOTA em 12/06/2011
Código do texto: T3030621
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