Educação e Pensamento na Idade Média - Patrística e Escolástica

Ambas correntes educacionais surgiram na Idade Média. Todavia, enquanto a Patrística se preocupava mais com a elaboração, propagação da fé cristã e no combate aos pagãos, a Escolástica surgiu da divergência com relação à questões teológicas como movimento intelectual, artístico e filosófico. Porém, tanto uma como a outra tinham como objetivo a manutenção do poder e a manipulação do povo e do Estado através da “verdade cristã”.

De acordo com MOSER (2008 apud PINTO, 2012), “a Patrística foi uma das primeiras correntes a ensinar na Idade média, era uma filosofia que surgiu como forma de evitar heresias, essa forma de combater as religiões pagãs fez com que os padres tivessem que buscar argumentação nos fundamentos filosóficos gregos "extraindo dela argumentação que justificasse a interpretação pagã da nova religião/ filosofia."

Podemos dividir a Patrística em três fases ou períodos:

Na fase inicial, a maior preocupação era o combate ao paganismo e suas crenças, onde a verdade e a fé cristã foram impostas; a segunda fase, onde o maior destaque se dá através de Santo Agostinho tinha como marca principal aliar a fé e a razão e; a terceira fase que visou a reelaboração das doutrinas existentes e formulação de novas.

SANDRELLI (2009 apud PINTO 2012) afirma que: "A escolástica era um tipo de vida intelectual e educativa que predominou entre os séculos XI e XV, contribuindo para o estabelecimento das universidades. Produziu um acervo literário extensivo. Tinha como premissa justificar a fé a partir da razão, revigorando a religiosidade exaltando a Igreja através dos argumentos intelectuais." (PINTO, Francisco Augusto Tavares. A Influência da Patrística e da Escolástica na Educação na Idade Média. Disponível em http://www.artigos.etc.br/a-influencia-da-patristica-e-a-escolastica-na-educacao-na-idade-media.html. Acesso em 15 de março de 2012 as 23.45h).

A escolástica também pode ser dividida em três períodos que são Escolástica primitiva (desenvolvimento do ensino baseado nas questões fundamentais acerca da fé e da razão), Escolástica média (surgimento das escolas, tradução da literatura clássica grega e latina, reestruturação das ordens religiosas e a adaptação por São Tomás de Aquino da filosofia de Aristóteles a filosofia cristã e de São Boaventura que se fundamentou no neoplatonismo e na filosofia de Santo Agostinho) e Escolástica tardia (que separa em definitivo a filosofia da teologia).

O critério de verdade que prevaleceu na Idade Média foi o imposto pela igreja através da opressão, perseguição e imposição de suas “verdades inquestionáveis”.

Neste período surgiu o Tribunal da Santa Inquisição que trás até hoje os malefícios deste pensamento manifestado através do preconceito e da intolerância religiosa, da violência de gênero, dentre outros.

É certo que, não existiram somente influências negativas advindas deste período, temos, também, por exemplo, as Universidades.

Ao fazermos uma analogia entre as diferenciadas religiões primitivas até os dias atuais perceberemos os motivos da intolerância religiosa e poderemos observar que essa intolerância provém de questões políticas e de disputas de poder, mas do que propriamente de crenças. Podemos verificar isto, através do período denominado Período Medieval, onde verificamos o domínio da Igreja Católica e a criação da Santa Inquisição cujo objetivo principal era eliminar as antigas crenças que constituíam uma ameaça ao clero que estava mais preocupado em acumular riquezas e bens do que em transmitir a palavra e os ensinamentos de Jesus. Outro propósito deste movimento foi o de combater as heresias e vigiar os judeus e muçulmanos convertidos ao cristianismo.

No século XVI o poder da Igreja estava em cheque e a Inquisição foi restaurada em diversos países do Sul da Europa, entre os quais Portugal, para perseguir e condenar, em autos de fé todos os que se manifestassem a favor do Luteranismo ou de algumas ideias defendidas pelos humanistas. Este tribunal era composto por um grupo de seis cardeais denominado o Santo Ofício, grupo este que funcionava sob a autoridade direta do Papa.

Todos os suspeitos eram perseguidos e julgados, e aqueles que eram condenados, cumpriam as penas que podiam variar desde prisão temporária ou perpétua até a morte na fogueira, onde os condenados eram queimados vivos em plena praça pública. Com o passar do tempo, esta forma de julgamento foi ganhando cada vez mais força e tomando conta de países europeus como: Portugal, França, Itália e Espanha. Entretanto, na Inglaterra, não houve o firmamento destes tribunais.

Nesta ocasião, todos os que ousavam se opor as doutrinas da igreja ou apresentavam pensamentos tidos como hereges eram presos, torturados (até confessarem, e, acreditem...confessavam!) e sentenciados a morte.

Muitos cientistas foram perseguidos, censurados e até condenados por defenderem idéias contrárias à doutrina cristã, como por exemplo, o astrônomo italiano Galileu Galilei, que escapou por pouco da fogueira por afirmar que o planeta Terra girava ao redor do Sol (heliocentrismo). Já o cientista italiano Giordano Bruno não teve a mesma sorte, sendo julgado e condenado a morte por este tribunal.

Durante o século XV, o rei e a rainha da Espanha se aproveitaram desta força para perseguirem os nobres e principalmente os judeus. No primeiro caso, eles reduziram o poder da nobreza, já no segundo, eles se aproveitaram deste poder para torturar e matar os judeus, tomando-lhes seus bens.

Durante a esta triste época da história, milhares de pessoas foram torturadas ou queimadas vivas por acusações que, muitas vezes, eram injustas e infundadas. Com um poder cada vez maior nas mãos, o Grande Inquisidor chegou a desafiar reis, nobres, burgueses e outras importantes personalidades da sociedade da época. Por fim, esta perseguição aos hereges e protestantes foi finalizada somente no início do século XIX. Mesmo assim, o que aconteceu na prática foi que a Inquisição acabou por funcionar como instituição de apoio aos reis e ao clero, eliminando pessoas muitas vezes inocentes mas incomodas ao poder político.

Deste período herdamos também a misoginia, o ódio às mulheres, transformou-se em forte elemento no cristianismo medieval, uma vez que as mulheres, que menstruam e dão à luz, eram identificadas com a sexualidade e, consequentemente, com o poder maléfico e diabólico.

Andréa Vidal
Enviado por Andréa Vidal em 18/03/2012
Código do texto: T3562157
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