A IMPORTÂNCIA DE FRIEDRICH FROEBEL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

A IMPORTÂNCIA DE FRIEDRICH FROEBEL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

SILVA, Márcia Gomes dos Santos

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo principal descrever as principais contribuições do Froebel para a Educação Infantil, traçando um percurso pela vida e obra do autor que é considerado o pai do jardim de infância e que deixou grandes contribuições para esta fase tão importante do processo de desenvolvimento do ser humano.

Friendrich Froebel defendia um ensino sem obrigações, pois acreditava que o aprendizado depende dos interesses de cada um e se faz por meio da prática. As técnicas utilizadas até hoje em Educação Infantil devem muito a Froebel. Para ele, as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da aprendizagem. Não são apenas diversão, mas um modo de criar representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo.

O alemão Friedrich Froebel (1782-1852) foi um dos primeiros educadores a considerar o início da infância como uma fase de importância decisiva na formação das pessoas - ideia hoje consagrada pela psicologia, ciência da qual foi precursor. Froebel viveu em uma época de mudança de concepções sobre as crianças e esteve à frente desse processo na área pedagógica, como fundador dos jardins de infância, destinado aos menores de 8 anos. O nome reflete um princípio que Froebel compartilhava com outros pensadores de seu tempo: o de que a criança é como uma planta em sua fase de formação, exigindo cuidados periódicos para que cresça de maneira saudável. Ele procurava na infância o elo que igualaria todos os homens, sua essência boa e divina ainda não corrompida pelo convívio social. A partir de suas ideias a afetividade e o lúdico passam a ser destaque no processo educativo das crianças menores de 8 anos.

O conceito que Froebel atribuiu à Educação, considerando-a como um processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana auto-consciente, com todos os seus poderes funcionando completa e harmoniosamente, em relação à natureza e a sociedade. Pode-se afirmar, fundamentada na pesquisa bibliográfica, que uma das melhores ideias com que Froebel contribuiu para a Pedagogia Moderna foi a de que o homem é essencialmente dinâmico e produtivo, e não meramente receptivo. O homem é uma força e não uma mera esponja que absorve o conhecimento exterior. Com essa ideia ele mudou completamente o conceito tradicional do processo educacional.

UMAS PALAVRAS SOBRE O CRIADOR DO JARDIM DE INFÂNCIA

Friedrich Wilhelm August Froebel nasceu em Oberweissbach, no sudeste da Alemanha, em 1782. Nove meses após o seu nascimento sua mãe morreu. Filho de um pastor protestante, foi adotado por um tio e viveu uma infância solitária, se empenhando em aprender matemática e linguagem e explorando as florestas perto de onde morava. Após cursar informalmente algumas matérias na Universidade de Jena, tornou-se professor e ainda jovem fez uma visita à escola do pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi, em Yverdon, na Suíça.

Froebel foi um discípulo de Pestalozzi, com quem estudou, em Yverdon, tomando contacto com o "Emílio" de Rousseau que tanta influência iria ter na sua pedagogia. Em 1816, fundou, em Keilhau, na Turíngia, o Instituto Alemão de Educação Universal, seguindo o modelo das escolas fundadas por Pestalozzi. O programa de estudos incluía o Alemão, a Aritmética, o Desenho, o Canto, a Religião, a Geografia, a Música, o Grego e a Ginástica.

Sua obra mais importante é publicada em 1826, A Educação do Homem. Em seguida, foi morar na Suíça, onde treinou professores e dirigiu um orfanato. Todas essas experiências serviram de inspiração para que ele fundasse o primeiro jardim de infância, na cidade alemã de Blankenburg. Paralelamente, administrou uma gráfica que imprimiu instruções de brincadeiras e canções para serem aplicadas em escolas e em casa.

Em 1840, Froebel descobre, como que por intuição, o nome apropriado para essa etapa no processo educativo. Será um local onde a criança pequena poderá engajar-se plenamente na atividade criativa: o jardim de infância, "kindergarten". Ali a criança pode desenvolver-se e crescer naturalmente, sem restrições".

Foi Froebel o primeiro pedagogo a desenvolver jogos e materiais educativos especificamente apropriados ao jardim de infância. "Através de conferências e aulas práticas, Froebel divulga as suas ideias. Também funda e dirige dois institutos para a formação de professores para essa nova e indispensável etapa no processo educativo.

Froebel foi confundido com um sobrinho esquerdista no ano de 1851 pelo governo da Prússia que proibiu as atividades dos jardins de infância. O educador morreu no ano seguinte, mas o banimento só foi suspenso em 1860, oito anos mais tarde. Os jardins de infância rapidamente se espalharam pela Europa e nos Estados Unidos, onde foram incorporados aos preceitos educacionais do filósofo John Dewey.

FROEBEL E A VALORIZAÇÃO DA INFÂNCIA

Froebel marca a história da educação infantil ao fundar o primeiro Jardim de Infância, o Kindergarten, que era constituído como um centro de jogos, organizado segundo seus princípios e destinado as crianças menores de 6 anos. Seria um ambiente não apenas de aprendizado dos conteúdos tradicionais, mas um espaço ideal onde as crianças e adolescentes estariam livres para aprender sobre si mesmos e sobre o mundo. Em sua metodologia, Froebel valorizou a infância que passou, entre os séculos 18 e 19, a ser encarada como uma fase da vida com particularidades bem marcantes e com duração longa. Dessa época também ressaltamos o surgimento do conceito de adolescência.

Jardim de infância é um termo criado pelo alemão Friedrich Froebel (1782-1852), que foi um dos primeiros educadores a se preocupar com a educação de crianças. Na tentativa de criar um espaço singular para que um tipo especial de educação fosse realizado, por algum tempo pensou em uma palavra que pudesse explicar esse espaço, denominado por ele Kindergarten, ou "Jardim de infância" em português (WIKIPEDIA).

O Jardim de Infância da Escola Froebeliana caracteriza-se por, atividades como: canto, jogos, pinturas, palestras, jardinagem, modelagem, olhar gravuras e ouvir histórias. Froebel criou um material pedagógico muito rico, constituído por sólidos geométricos, gravuras coloridas, trabalhos manuais que consistiam em exercícios sensório-motores (pintura, desenho, recorte, colagem, tecelagem, bordados, etc.), utilizando alguns princípios fundamentais para o processo de ensino da criança: auto-realização / auto atividade (a compreensão das coisas da vida, na prática, é mais frutífera e formativa que a simples compreensão teórica); finalidade (realização plena das potencialidades do eu interior, por meio do empenho em se trabalhar um ser livre, independente e disciplinado); o ambiente (propiciar o desenvolvimento máximo das crianças e sua integração).

Assim como a linguagem, Fröebel valorizava a música. Muitas das atividades eram desenvolvidas com música, pois acreditava que através da música era possível despertar sentimentos que as palavras, muitas vezes, não conseguem expressar. Sugere uma série de canções para esses momentos e publica em 1844 a obra ‘Canções para a mãe que acalenta o filho’. Esse livro dedicado às mães, com várias canções para ajudá-las a estimular sensorialmente a criança, além de brincar com ela no primeiro mês de vida.

Em toda sua metodologia, Fröebel deixa claro que é por meio da arte – canto, poesia, desenho, pintura, escultura – que o homem, desde a mais tenra idade tenta expressar-se. Sendo assim, ele faz parte de todas as culturas, devendo ser cultivada, pois a criança ao chegar à maturidade, mesmo não sendo um artista, poderá ser um contemplador da arte e do belo.

Toda essa contribuição fez de Fröebel o primeiro pedagogo da educação infantil, o primeiro a romper com a educação verbal e tradicionalista de sua época. Ele propôs uma educação voltada à sensibilidade, baseada na utilização dos jogos e materiais didáticos, que deveriam traduzir por si a crença em uma educação que atendesse a natureza infantil.

A avaliação para Froebel deveria ser feita analisando dois aspectos: como a criança realiza suas atividades enquanto pessoa dentro de um contexto social e como a criança usa os materiais para efetivar as atividades. Quanto à relação professor-aluno, compara o aluno com uma planta e o professor como mãe – jardineiro. É necessário acompanhar o desenvolvimento da criança, se fazer presente, cuidar e proporcionar as melhores condições de crescimento; através de afeto, amizade e uma relação construtiva, humana e justa.

Sobre os materiais pedagógicos idealizou recursos sistematizados para as crianças se expressarem: blocos de construção que eram utilizados pelas crianças em suas atividades criadoras, papel, papelão, argila e serragem. Também destaca os dons que eram bola, cubo e cilindro, os blocos eram utilizados em uma medida bem restrita, enquanto as demais atividades eram mais livres. Todos os jogos que envolvem os dons sempre começavam com as pessoas formando círculos, dançando, movendo-se e cantando.

Froebel considerava a Educação Infantil indispensável para a formação da criança - e essa idéia foi aceita por grande parte dos teóricos da educação que vieram depois dele. O objetivo das atividades nos jardins-de-infância era possibilitar brincadeiras criativas. As atividades e o material escolar eram determinados de antemão, para oferecer o máximo de oportunidades de tirar proveito educativo da atividade lúdica. Froebel desenhou círculos, esferas, cubos e outros objetos que tinham por objetivo estimular o aprendizado. Eles eram feitos de material macio e manipulável, geralmente com partes desmontáveis. As brincadeiras eram acompanhadas de músicas, versos e dança. Os objetos criados por Froebel eram chamados de "dons" ou "presentes" e havia regras para usá-los, que precisariam ser dominadas para garantir o aproveitamento pedagógico. As brincadeiras previstas por Froebel eram, quase sempre, ao ar livre para que a turma interagisse com o ambiente. "Todos os jogos que envolviam os ‘dons’ começavam com as pessoas formando círculos, movendo-se e cantando, pois assim conseguiam atingir a perfeita unidade", diz Alessandra Arce. Para Froebel, era importante acostumar as crianças aos trabalhos manuais. A atividade dos sentidos e do corpo despertariam o germe do trabalho, que, segundo o educador alemão, seria uma imitação da criação do universo por Deus.

Por meio dos brinquedos que desenvolveu, Froebel previu uma educação que ao mesmo tempo permite o treino de habilidades que elas já possuem e o surgimento de novas. Dessa forma seria possível aos alunos exteriorizar seu mundo interno e interiorizar as novidades vindas de fora. Ao mesmo tempo em que pensou sobre a prática escolar, ele se dedicou a criar um sistema filosófico que lhe desse sustentação.

CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

A grande contribuição de Froebel à educação reside em seus estudos e aplicações práticas acerca dos Jardins de Infância, dos quais é considerado o iniciador.

Reformador educacional de primeira grandeza, professor universitário, com experiência em trabalhos práticos, enfatizou a importância da criança, destacando suas atividades estimuladas e dirigidas.

Devido ao seu temperamento introspectivo passou a observar e interpretar as atividades das crianças, despertando um grande interesse pelas experiências de natureza infantil. Após várias tentativas em encontrar uma profissão de acordo com sua vocação, acabou por descobrir na atividade educativa uma sua aptidão que correspondia aos seus anseios. Sua vida acadêmica iniciou-se com a escola primária, depois entrou para a Universidade de Iena, onde revelou grande aptidão para a matemática, ciências naturais, agricultura e arquitetura. Tornou-se em seguida, professor da escola de Grüner e discípulo de Pestalozzi.

A escola, para Froebel, é o lugar onde a criança deve aprender as coisas importantes da vida, os elementos essências da verdade, da justiça, da personalidade livre, da responsabilidade, da iniciativa, das relações causais e outras semelhantes, não as estudando, mas vivendo-as”. Para que tal vivência ocorra, Froebel considera de muita importância o brinquedo, o trabalho manual e o estudo da natureza, enquanto processos espontâneos na criança e, ao mesmo tempo, meios educativos. Partindo dos interesses e tendências inatos na criança para a ação, o jardim de infância deve ajudar os alunos a expressarem-se e a desenvolverem-se, baseando-se na auto-atividade. A aquisição de conhecimentos está em segundo plano, subordinado ao crescimento através da atividade. O gesto, o canto e a linguagem são as formas de expressão de sentimentos e ideias apropriadas à educação infantil.

A história contada pela professora, por exemplo, deve ser expressa pela criança não somente na sua própria linguagem, mas por meio de canções, representações, figuras ou construção de objetos simples com papel, barro ou outro material adequado. Deste modo, as ideias são olhos treinados, os músculos coordenados, e a natureza moral fortalecida pelo esforço para realizar, de forma concreta e objetiva, os motivos superiores e os sentimentos despertados.

A mais luminosa ideia com que Froebel contribuiu para a Pedagogia Moderna foi a de que o ser humano é essencialmente dinâmico e produtivo, e não meramente receptivo. O homem é uma força auto-geradora e não uma esponja que absorve conhecimento do exterior.

O objetivo do ensino é sempre extrair mais do homem do que colocar mais e mais dentro dele. A criança não deve ser iniciada em nenhum novo assunto enquanto não estiver madura para ele. Educação, para Froebel, é um processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana auto-consciente, com todos os seus poderes funcionando completa e harmoniosamente, em relação à natureza e à sociedade. Enquanto os brinquedos físicos davam força e poder ao corpo, as histórias desenvolviam o poder da mente. As excursões a montanhas e vales eram semanais na escola de Froebel. Na sua opinião, a natureza tinha um enorme poder para auxiliar o menino a compreender a si mesmo e aos outros.

Froebel, valorizava a família, tanto quanto Pestalozzi, abrangendo a função familiar aos planos biológico, social, religioso e educacional. Foi o primeiro educador a captar o significado da família nas relações humanas.

O educador acreditava que as crianças trazem consigo uma metodologia natural que as leva a aprender de acordo com seus interesses e por meio de atividade prática. Ele combatia o excesso de abstração da educação de seu tempo, argumentando que ele afastava os alunos do aprendizado. Na primeira infância, dizia, o importante é trabalhar a percepção e a aquisição da linguagem. No período propriamente escolar, seria a vez de trabalhar religião, ciências naturais, matemática, linguagem e artes. Froebel defendia a educação sem imposições às crianças porque, segundo sua teoria, elas passam por diferentes estágios de capacidade de aprendizado, com características específicas, antecipando as ideias do suíço Jean Piaget (1896-1980). Froebel detectou três estágios: primeira infância, infância e idade escolar.

Para Froebel, era importante acostumar as crianças aos trabalhos manuais. A atividade dos sentidos e do corpo despertaria o germe do trabalho, que, segundo o educador alemão, seria uma imitação da criação do universo por Deus.

Valorizou também a linguagem como sendo a primeira forma de expressão do ser humano, a partir da qual se podem expressar os sentimentos; o desenho também teve grande significado para sua pedagogia, o qual segundo Froebel, desenvolve a habilidade de pensar abstratamente. Outro ponto importante foi o que ele chama de atividades construtivas, nas quais o menino deve participar do trabalho da casa, como por exemplo cultivar seu próprio jardim, de uma a duas horas diárias.

A LUDICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL

A criança deve ter todas as possibilidades de entregar-se aos jogos e às atividades recreativas, que devem ser orientadas para os fins visados pela educação; a sociedade e os poderes públicos devem esforçar-se por favorecer o gozo deste direito. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA, 1959).

Ao longo de seu trabalho Froebel pode analisar a importância do jogo para o desenvolvimento da criança de maneira integral, com todas as suas potencialidades. E que as atividades devem ser orientadas não apenas para a diversão, mas para os fins visados pela educação das crianças. Ele ressalta que a brincadeira é a chave para nos comunicarmos e comprendermos a criança pequena.

Muitas características humanas desenvolvem-se na criança pela sua brincadeira com a boneca, porque em razão disso sua própria Natureza se tornará, em um certo tempo, objetiva e daí reconhecível para a criança e para os pensativos e observadores pais e babás. Daí se tornar visível mais tarde, através da e pela diferença espiritual, a diferença de vocação e vida entre o menino e a menina. O menino deslumbra-se com o brincar com a esfera e o cubo como coisas separadas e opostas, enquanto a menina ao contrário desde cedo se deslumbra com a boneca, o que intimamente une em si os opostos da esfera e do cubo. O significado interno deste fato é que o menino pressente cedo e sente seu destino – comandar a e penetrar na Natureza externa – e a menina antecipa e sente seu destino – cuidar da Natureza e da vida. Isso aparece um pouco mais tarde. Assim como a união do esférico e do angular é, especialmente para a garota, uma boneca, uma criança de brincadeira, da mesma forma a régua da mãe, ou a bengala do pai são, para o garoto, um cavalo, um cavalinho de pau. O último expressa o destino masculino do garoto, aquele de dominar a vida; o primeiro expressa o destino feminino da menina, de cuidar da vida. (Acer, 2004 apud Froebel, 1917, p. 93)

A brincadeira é uma característica essencial na vida das crianças e constitui-se como atividade fundamental para o desenvolvimento da identidade da criança. Daí a importância dada por Froebel ao desenvolvimento de atividades lúdicas nesta fase tão importante do desenvolvimento do ser humano. Ele foi o primeiro educador a utilizar o brinquedo, como atividade, nas escolas; as atividades e os desenhos que envolvem movimento e os ritmos eram muito importantes.

Para a criança passar a se conhecer, o primeiro passo seria chamar a atenção para os membros de seu próprio corpo, para depois chegar aos movimentos das partes do corpo. Os blocos de construção, chamados de materiais específicos, eram usados pelas crianças nas suas atividades criadoras. Trabalhava-se com outros tipos de materiais, como: papel, papelão, argila e serragem.

Froebel em suas pesquisas comprovou que a utilização das brincadeiras colabora e muito para o desenvolvimento da criança nesta fase, bem como, a importância da utilização do brinquedo como prática pedagógica Com as brincadeiras a criança pode se projetar para o futuro por meio da imaginação, além de ajudar as crianças a desenvolverem a sociabilidade, o psicológico e o psicomotor, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade e potencialidades de cada uma.

Brincar é fonte de lazer, mas é, simultaneamente, fonte de conhecimento; é esta dupla natureza que se leva a considerar o brincar parte integrante da atividade educativa. Além de possibilitar o exercício daquilo que é próprio no processo de desenvolvimento e aprendizagem, brincar é uma situação em que a criança constitui significados, sendo formada tanto para a assimilação dos papéis sociais e compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio, como para a construção do conhecimento.

O jogo e a brincadeira são sempre situações em que a criança realiza, constrói e se apropria de conhecimentos das mais diversas ordens. Eles possibilitam, igualmente, a construção de categorias e a ampliação dos conceitos das várias áreas do conhecimento. Neste aspecto, o brincar assume papel didático e pode ser explorado no processo educativo.

Brincar é uma atividade universal, encontrada nos vários grupos humanos, em diferentes períodos históricos e estágios de desenvolvimento econômico. Evidentemente, as várias modalidades lúdicas não existem em todas as épocas e também não permanecem imutáveis através dos tempos. Como toda atividade humana, o brincar se constitui na interação de vários fatores que marcam determinado momento histórico sendo transformado pela própria ação dos indivíduos e por suas produções cultural e tecnológica. Os jogos e as brincadeiras são assim transformados continuamente (OLIVEIRA, 1992. p. 17).

Froebel utilizou a brincadeira para analisar o comportamento das crianças. Ele observava muito a maneira de agir das crianças e chegou a conclusão que elas se valiam de símbolos na hora de brincar. Sua filosofia deixou grandes contribuições para a educação infantil e se tornou referencial para a pedagogia, filosofia, psicologia entre outras áreas do conhecimento.

Foi preciso que houvesse uma profunda mudança da imagem da criança na sociedade para que se pudesse associar uma visão positiva a suas atividades espontâneas, surgindo como decorrência à valorização dos jogos e brinquedos. O aparecimento do jogo e do brinquedo como fator do desenvolvimento infantil proporcionou um campo amplo de estudos e pesquisas e hoje é questão de consenso a importância do lúdico.

“Entretanto, sugere que, no início, a educação deve ser "somente protetora, guardadora e não prescritiva, categórica, interferidora" e que o desenvolvimento da humanidade requer a liberdade de ação do ser humano, "a livre e espontânea representação do divino no homem", "objeto de toda educação bem como o destino do homem". Entende que é destino da criança “viver de acordo com sua natureza, tratada corretamente, e deixada livre, para que use todo seu poder”. A criança precisa aprender cedo como encontrar por si mesmo o centro de todos os seus poderes e membros, para agarrar e pegar com suas próprias mãos, andar com seus próprios pés, encontrar e observar com seus próprios olhos. Ao elevar o homem à imagem de Deus, criador de todas as coisas, postula que a criança deve possuir as mesmas qualidades e "ser produtiva e criativa". Dessa forma, para que o ser humano expresse a espiritualidade de Deus, seria necessária "a liberdade para auto-atividade e autodeterminação da parte do homem, criado para ser livre à imagem de Deus.” (FROEBEL, 1912, p.11)

Quem trabalha com Educação Infantil, percebe que a brincadeira é uma fonte de prazer no dia-a-dia das crianças. Mas o brincar também tem outras importantes funções no desenvolvimento da criança. Por isso, serão abordadas nesta pesquisa algumas funções da brincadeira durante a infância e sua importância para o desenvolvimento de processos psíquicos, como por exemplo, a imaginação, a linguagem, o pensamento e a memória. Serão também analisadas, algumas propostas de atividades que enfatizam o valor do brincar e do movimento para a faixa etária de zero a seis anos.

Trazer a ideia de brincar no cotidiano é lançar um olhar diferenciado no dia-a-dia da criança na escola, é permitir a possibilidade de participação, de relação com o mundo, a realização, a liberdade, a consciência, a imaginação e as diversas formas de sociabilidade dos sujeitos do cotidiano da educação infantil que implicará em um aprendizado com mais qualidade.

Portanto, é de extrema importância a recreação na vida da criança, tanto no seu desenvolvimento motor, quanto no afetivo e social. Os jogos e brincadeiras se tornam um facilitador para que tudo aconteça de forma natural e melhor ainda de forma prazerosa. È necessário ter um objetivo a ser trabalhado e observar o que encaixa à cada idade, para que assim elas se desenvolvam e mostrem seu potencial. Com essas ferramentas tão úteis e significativas que trazem sorrisos e mudam a vida das crianças. O brincar de forma construtiva abre a portas para a educação, e depende do educador deixá-la aberta.

Apesar do jogo ser uma atividade espontâneas nas crianças, isso não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela, inclusive, uma atitude de observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha.

A criação de espaços e tempos para os jogos é uma das tarefas mais importantes do professor, principalmente na escola de educação infantil. Cabe-lhe organizar os espaços de modo a permitir as diferentes formas de jogos, de forma, por exemplo, que as crianças que estejam realizando um jogo mais sedentário não sejam atrapalhadas por aquelas que realizam uma atividade que exige mais mobilidade e expansão de movimentos.

O professor precisa estar atento à idade e às capacidades de seus alunos para selecionar e deixar à disposição materiais adequados. O material deve ser suficiente tanto quanto à quantidade, como pela diversidade, pelo interesse que despertam pelo material de que são feitos. Lembrando sempre da importância de respeitar e propiciar elementos que favoreçam a criatividade das crianças. A sucata é um exemplo de material que preenche vários destes requisitos.

Uma observação atenta pode indicar o professor que sua participação seria interessante para enriquecer a atividade desenvolvida, introduzindo novos personagens ou novas situações que tornem o jogo mais rico e interessante para as crianças, interessante para as crianças, aumentando suas possibilidades de aprendizagem.

Valorizar as atividades das crianças, interessando-se por elas, animando-as pelo esforço, evitando a competição, pois em jogos não competitivos não existem ganhadores ou perdedores. Outro modo de estimular a imaginação das crianças é servir de modelo, brincar junto ou contar como brincava quando tinha a idade delas. Muitas vezes o professor, que não percebe a seriedade e a importância dessa atividade para o desenvolvimento da criança, ocupa-se com outras tarefas, deixando de observar atentamente para poder refletir sobre o que as crianças estão fazendo e perceber sue desenvolvimento, acompanhar sua evolução, suas novas aquisições, as relações com as outras crianças, com os adultos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre Froebel permitiu compreender a respeito da sua importância para a educação infantil, assim como as contribuições deixadas por ele na educação. Percebemos através de sua teoria que o lúdico é significativo para a criança poder compreender e construir seus conhecimentos, tornar-se cidadã neste mundo e ser capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência.

De modo geral, pode-se afirmar que a Pedagogia de Froebel é considerada como defensora da liberdade, pois, para ele, a criança não é um ser passivo, pois também é capaz de construir seu próprio conhecimento, todavia o objetivo do ensino é sempre extrair mais do homem do que colocar mais e mais dentro dele. Ele demonstrou grande interesse pelas possibilidades educacionais dos primeiros anos da infância. Daí surgiu à idéia inovadora de cultivar o estímulo das atividades das crianças que mais tarde receberia o nome de Jardim de Infância, onde as crianças eram consideradas como plantinhas de um jardim do qual o professor seria o jardineiro. A criança se expressaria através das atividades lúdicas.

Dessa forma, Froebel foi o primeiro educador a valorizar o brinquedo e a atividade lúdica como forma de desenvolvimento intelectual na criança. Não ficando preso ao seu valor teórico, mas também em suas aplicações práticas, criando diversos tipos de brinquedos e elaborando diversas modalidades de recreação.

A escola deve, portanto utilizar a auto-atividade da criança para que ela possa aprender as coisas mais importantes e úteis, não pelo estudo, mas através da própria vida.

É buscando novas maneiras de ensinar que conseguiremos uma educação de qualidade e que realmente possa ir ao encontro dos interesses das crianças. Sendo necessário para isso o engajamento dos docentes nesta busca. Cabe ressaltar que o lúdico não é apenas um acréscimo no repertório de atividades, é antes de tudo, uma maneira do professor ser, pensar, estar e encarar a escola, bem como de se relacionar com as crianças. Para que isso ocorra é fundamental que os docentes entrem no mundo da criança, no seu jogo, no seu sonho e a partir daí jogar com ela. Quanto mais nos aproximamos das crianças e espaço lúdico proporcionamos em nossa sala de aula, mais alegre, criativo e dinâmico será o aprendizado.

REFERÊNCIAS

ARCE, A. O jogo e o desenvolvimento infantil na teoria da atividade e no pensamento educacional de Friedrich. Cad. Cedes, Campinas, vol. 24, n. 62, p. 9-25, abril 2004. Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>

Friedrich Froebel, O formador das crianças pequenas.Série Grandes Pensadores. Nova Escola. São Paulo: Abril. Disponível em <http://revistaescola.abril.com.br ›

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jardim_de_inf%C3%A2ncia>

http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Crian%C3%A7a/declaracao-dos direitos-da-crianca.html >

KISHIMOTO, T. M. (apud Froebel). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 3 ed. São Paulo: Cortez, 1998.

OLIVEIRA, Z.: Série Ideias. n.10 São Paulo: FDE, 1992.

MÁRCIA GOMES DOS SANTOS
Enviado por MÁRCIA GOMES DOS SANTOS em 16/04/2013
Reeditado em 16/04/2013
Código do texto: T4243695
Classificação de conteúdo: seguro