A MOTIVAÇÃO COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

A MOTIVAÇÃO COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

IRARÁ - BA

2014

GENILSON DE SANTANA PEREIRA

GABRIELA MAIA DE CERQUEIRA

JOSÉ AUGUSTO DE FERREIRA SÃO MIGUEL

A MOTIVAÇÃO COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

IRARÁ - BA

2014

RESUMO

A motivação exerce um papel importante para que ocorra a aprendizagem significativa. É ela que impulsiona o individuo a agir, a buscar novos conhecimentos, novas experiências. Na sala de aula não é diferente. A motivação influencia na aprendizagem, bem como no desempenho escolar do aluno, portanto deve acontecer dentro de um ambiente afetivo, onde a relação professor aluno é a base para o pleno desenvolvimento. Dessa forma, o professor deve lançar mão de conhecimento em didático e em psicologia cognitiva, assim como ter a sensibilidade de despertar no aluno o desejo de aprender. Nesse contesto, o professor assume um papel de destaque na sociedade, um papel articulador, construindo e conduzindo o educando a uma aprendizagem crítica, reflexiva e significativa para fazer da escola um instrumento preparador para a nova sociedade. Esse trabalho inicia com uma reflexão sobre a prática e papel do professor na construção do conhecimento. Também apresenta as teorias do desenvolvimento focalizando o papel da motivação no processo ensino-aprendizagem, possibilitando ampliar o entendimento sobre o assunto.

PALAVRAS - CHAVES: motivação; afetividade; relação professor aluno; aprendizagem significativa.

ABSTRACT

The motivation plays an important role so that meaningful learning occurs. It is what drives the individual to act, to seek new knowledge, new experiences. In the classroom is no different. The motivation influences learning and academic performance of students, so, must take place within a nurturing environment where the relationship of the teacher to the student is the basis for the full development. Thus, the teacher should make use of knowledge in educational and cognitive psychology, as well as having the sensitivity to awaken in students the desire to learn. In this contest, the teacher assumes a prominent role in society, a coordinating role, building and leading the student to a critical learning, reflexive and meaningful learning for making school an instrument trainer for the new society. This work begins with a reflection on practice and the teacher's role in the construction of knowledge. It also presents development theories focusing on the role of motivation in the teaching-learning process through enhancing understanding about the subject.

KEY-WORDS: motivation; affectivity; student teacher relationship; meaningful learning.

1 INTRODUÇÃO

É comum em escolas de rede públicas, principalmente em salas das séries inicias do ensino fundamental, haver alunos que estão na sala de aula, mas que não apresenta nenhum interesse em realizar as atividades propostas pelo professor. Sempre estão indisciplinados e de certa forma acabam prejudicando o desenvolvimento, inclusive, dos outros colegas.

Outro fator que também paralelo a este ocorre, diz respeito à postura pedagógica do professor. Percebe-se que, a questão do professor apresentar uma prática pedagógica que chame a atenção do aluno, continua sendo a grande problemática da escola em relação ao favorecimento de uma aprendizagem significativa.

A motivação é um dos conceitos fundamentais da psicologia, exerce influência na aprendizagem e consequentemente no desempenho escolar do aluno, por isso o crescente interesse dos profissionais da educação principalmente professores, que visam o crescimento de seus alunos, fazendo-os alcançar os objetivos estabelecidos no planejamento anual. Tendo em vista a importância da motivação no processo ensino-aprendizagem é possível notar que a ela predispõe à pessoa a ação desejada, promovendo a busca e a conquista do conhecimento. Sem motivação a aprendizagem torna-se quase impossível. Mesmo que existam diversos recursos favoráveis, se não há motivação a aprendizagem sem duvida fica comprometida.

Para George J. Mouly, “a motivação envolve uma complexa interação das condições do individuo e do ambiente total em que se encontra” (1970, p.255), portanto neste estudo será dada ênfase na importância de se respeitar os interesses do aluno e na possibilidade de tornar o ambiente escolar agradável. É, sem duvida, imprescindível que o aluno participe ativamente das propostas de atividade que o professor leva e que estas sejam embasadas em metodologias que estimulem o aluno a participar da aula e que tenham sentido para ele.

Para Piaget: “A criança, como o adulto, só executa alguma ação exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e este se traduz sob a forma de uma necessidade.” (1967, p.16).

É necessário identificar os fatores motivacionais como também às estratégias de aprendizagem que despertem no aluno o desejo de aprender e seu comprometimento com o processo e, assim, realizar com eficiência sua aprendizagem. Vale ressaltar que para a motivação ser um fator que estimule o aluno a ler e escrever, o professor precisa compreender como trabalhar com os conteúdos e relacioná-los com a realidade da turma, conseguindo assim, uma aprendizagem significativa. Os textos, por exemplo, precisam ser sobre o universo dos educandos, na mesma proporção, a produção da escrita.

Faz-se necessário que o professor trabalhe bem na sala de aula, que ele conheça de perto a própria prática pedagógica, a fim de agir junto aos alunos. De posse do conhecimento sobre educação e sobre a importância de colocar o aluno como sujeito da aprendizagem, o desenvolvimento, principalmente da leitura e escrita poderá ser concretizado na escola com mais facilidade. Refletindo sobre a motivação, conhecendo e entendendo os alunos, buscando alternativas significativas e atendendo suas expectativas o professor poderá contribuir para uma educação favorável à construção de um ensino eficaz, em que o ser humano é valorizado.

2 Motivação como Ferramentas de Aprendizagem Significativa

Um problema preocupante que as unidades escolares enfrentam hoje é a dificuldade na aprendizagem. Esse problema não está sozinho, traz consigo inúmeros outros que se entrelaçam e formam uma teia de dependências produzindo o fracasso escolar. Muitas vezes, o fracasso escolar é oriundo da forma como as crianças e adolescentes são tratadas na escola, em casa, e no meio social.

A motivação, bem como a afetividade, contribui de forma efetiva para a construção do processo de ensino e aprendizagem desde o inicio da vida educacional reparando ou amenizando as mazelas e problemas causados pela sociedade e/ou por pais e educadores despreparados. Educandos motivados por seus professores e pais, conseguem desenvolver facilmente suas aptidões e raciocínio em relação a temas abordados e a situações cotidianas. A motivação atua de forma construtiva na aceleração do raciocínio e necessidade do educando de expor seus conhecimentos e ideias.

Estudos mais recentes mostram que razão e emoção estão intimamente ligadas e interdependentes. O comportamento é o reflexo dos pensamentos, e este tem relação intima com o afeto. A aprendizagem está ligada à afetividade, pois, sem afetividade, não há motivação e sem motivação, não há conhecimento. Quando o pensamento é separado do afeto este se fecha para possíveis possibilidades de uma aprendizagem de maior qualidade, pois, uma análise determinista pressupõe em descobrir seus motivos, as necessidades e interesses, os impulsos e tendências que regem o movimento do pensamento em um ou outro sentido. De igual modo, quem separa o pensamento do afeto, nega de antemão a possibilidade de estudar a influência, inversa do pensamento no plano afetivo.

A afetividade não se restringe às emoções e aos sentimentos, mas engloba também as tendências e a vontade. (Piaget apud Arantes, 2003, p.57).

Segundo autores como Vygotsky, Piaget, Wallon, existe a necessidade do reconhecimento de que a afetividade desempenha um papel de extrema importância em toda atividade humana e essa afetividade influi diretamente na motivação da ação comportamental e evolutiva do aluno. O educando que encontra no educador o mecanismo que impulsiona seu crescimento e o desenvolvimento de suas habilidades e que desperta nele sua inteligência cognitiva, cresce dentro do processo de ensino-aprendizagem. O discente quando submetido ao menosprezo de seu educador, tende a manifestar apatia e adotar um comportamento displicente e muitas vezes, agressivo, dentro da sala de aula. Comportamento esse que se manifesta diante da falta de recursos motivacionais e sócio afetivos por parte da equipe docente, e das relações dentro do âmbito escolar. Nesse sentido, cabe ao educador à utilização de práticas que estabeleçam relações sócio afetivas dentre todos os elementos que compõem o processo educativo.

3 Concepções e conceitos de motivação

O conceito de motivação não é facilmente delimitado, ele é abordado de maneiras diferentes. Essa variedade conceitual evidencia a preocupação dos cientistas da educação acerca dos estudos sobre esse tema, bem como a sua importância no que diz respeito aos processos de ensino aprendizagem. Considerando-se a abundância de concepções sobre motivação , é possível analisar o que encontramos na literatura sobre o tema, de como diversos autores se referem à motivação, indicando as variedades de abordagens que exercem influência na aprendizagem e, consequentemente no desempenho escolar do aluno.

Para Gagné (1985): “A motivação é uma pré-condição para a aprendizagem. Luiz Nat (1991) afirma que: “Toda atividade requer um dinamismo, que se define por dois conceitos, o de energia e o de direção. “No campo de psicologia, esse dinamismo tem sua origem nas motivações que o sujeito pode ter”.

Para Lieury e Fenaullet:

“A motivação é o conjunto de mecanismos biológicos e psicológicos que possibilitam o desencadear da ação, da orientação, (para uma meta ou ao contrário, para se afastar dela) e, enfim, da intensidade e da persistência: quanto mais motivada a pessoa está, mais persistente e maior e a atividade.” (Lieury e Fenaullet,2000,p.9).

Refletindo sobre a motivação e tendo em vista os conceitos abordados, vimos que a motivação movimenta indivíduos para a ação, é um fator importante na aprendizagem. A forma como o educando percebe o ambiente à sua volta influi na sua capacidade de aprender. Além disso, no ambiente escolar, a metodologia aplicada nem sempre é atraente ou motivadora. Tendo em vista que a motivação é algo individual e envolve uma complexa relação do indivíduo com o seu meio, o que é agradável para um pode não ser motivador para outro.

Diante disso cabe à escola possibilitar ao aluno seu envolvimento no processo educativo, considerando, a individualidade de cada ser, permitindo ao mesmo o enfrentamento de tarefas desafiadoras, colaborando para o empenho e a perseverança desse individuo por meio de atividades diversificadas e metodologias que despertem no aluno o desejo de aprender e crie o senso de responsabilidade e comprometimento com o seu processo, realizando assim, com eficiência a sua aprendizagem.

Nessa perspectiva vale destacar o papel do professor nesse processo, visto que a metodologia de cada professor, seu comportamento e suas atitudes em sala de aula influencia em todo o desenvolvimento da aprendizagem do aluno podendo ser favorável ou não. Mas não somente o aluno precisa de motivação, o professor também necessita de motivação. Um professor motivado, sem dúvida, busca alternativas que contribuem para uma aprendizagem agradável e eficaz. Porém, quando o professor não tem motivação, seu trabalho fica comprometido podendo causar mazelas difíceis de curar principalmente nas séries iniciais.

O ato de educar é sem dúvida uma missão que exige muito esforço do professor, principalmente em relação àquele que se limita ao livro didático, ao espaço restrito da sala de aula e somente ao conhecimento adquirido ao longo de sua vida acadêmica, pois educar é mais do que transmitir conhecimento. Diante das dificuldades alguns professores se sentem desmotivados em ir para sala de aula, pois, encontram neste ambiente alunos que não têm interesse pelo ensino e não conseguem atingir seus objetivos . Infelizmente essa desmotivação acaba refletindo também nos alunos.

O maior papel do educador é orientar os alunos a compreenderem o mundo que os cerca. O professor para proporcionar uma educação de qualidade, a qual oriente o educando para compreender as desigualdades sociais, as injustiças, as transformações naturais da sociedade devem ater-se a conhecer, em primeiro lugar, o mundo do seu aluno. As possibilidades de trabalhar numa sala de aula onde o perfil socioeconômico e cultural dos alunos faz parte das pesquisas, das quais geram ferramentas ao professor, são muito mais propiciadoras de aprendizagem.

Conhecer os problemas extraescolares dos alunos contribui de forma significativa para compreendê-lo em suas atitudes em sala de aula. A partir do momento em que o aluno se sente parte do processo de ensino-aprendizagem, quando ele percebe que sua vida familiar assume importância no trabalho do professor, é natural que sua resposta enquanto aprendiz seja positiva. É nesse processo pedagógico que o professor consegue criar situações de aprendizagem. A interação entre as dúvidas e curiosidades dos alunos com os conteúdos didáticos resultam em novas perspectivas quanto à construção do conhecimento, uma vez que a escola é mediadora entre o indivíduo e sua inclusão social.

Sem dúvidas a motivação influencia na aprendizagem e no desempenho escolar e, por sua vez, o sucesso do aluno torna-se um motivo para o professor manter a ação motivadora. A autoestima do aluno só pode emergir se for trabalhada na sala de aula, a contextualização dos saberes cotidianos do aluno com os conteúdos didáticos. No entanto, é importante que o professor busque os conhecimentos necessários sobre como renovar sua prática pedagógica, de maneira que ele possa trabalhar dentro dessa perspectiva. O primeiro passo para o professor renovar sua prática é ter consciência, dessas exigências pedagógicas e buscar conhecimento acerca da concepção de educar.

4 Teorias da Motivação

A motivação deve receber especial atenção e ser mais bem considerada pelas pessoas que mantêm contato com crianças, pois ela e de grande importância para o seu desenvolvimento. A motivação é energia para a aprendizagem, o convívio social, os fatos da superação, da participação, da conquista, da defesa, do desenvolvimento cognitivo entre outros. Pais, educadores e profissionais que lidam com crianças podem levar em conta a construção motivacional na infância, antevendo suas decorrências futuras, tais como a auto percepção e o hábito de desenvolver a motivação intrínseca, conseguir do aluno um comprometimento pessoal com sua própria aprendizagem. Entre as teorias da motivação, serão destacadas, algumas das principais e que tem maior relevância no campo do ensino e da aprendizagem.

4.1 Teorias das Necessidades

Para Abraham Maslow (1954), existem cinco tipos de necessidades: 1-fisicológicos 2-segurança intima (física e psíquica), 3-participação (amor e relacionamento), 4-estima (autoconfiança) e 5-auto-realização. Ele organiza as necessidades em uma pirâmide. Na base estão as necessidades mais primitivas e básicas. À medida que sobem na hierarquia as necessidades tornam-se menos animalescas (distantes do instinto) e mais humanas (mais próximas da razão). Somente quando as necessidades mais básicas estão associadas, torna-se possível partir para o próximo nível, ou seja, o próximo nível torna-se perceptível.

As necessidades das bases chamadas por Maslow de defeitivos baseiam-se na falta e são associadas para evitar um estado indesejável enquanto as necessidades dos níveis mais altos da pirâmide chamadas de necessidades de crescimento buscam alcançar algo desejável com a intenção de crescer, se desenvolver e de auto realização. Compreendemos que aluno pode ser motivado mediante um ambiente favorável que atenda suas necessidades básicas.

4.2 Teoria da Conquista

As pessoas de forma geral têm a necessidade de conquistar, de alcançar uma meta estabelecida. O professor pode utilizar meios para estimular os alunos a experimentar a necessidade de conquistar e prepará-los para aceitar o fracasso, fazendo-os entender que o fracasso às vezes é inevitável e que é necessário aprender a conviver e a lidar com os sentimentos envolvidos nesse processo.

Nessa perspectiva, Mouly afirma: “o professor não precisa preocupar-se em criar motivos no aprendiz. Sua tarefa consiste em valer-se dos motivos sempre presentes no aluno, e dirigi-los para a busca de objetivos satisfatórios.” (Mouly,1970,p.260).

Os comportamentos dos alunos apresentam-se de forma diferente. Para E.Soler (1992) os alunos que se apresentam mais motivados pela necessidade de conquista, (do que pela necessidade de evitar o fracasso) tendem a selecionar problemas que apresentam desafios moderados, diminuem sua motivação se alcançam êxito facilmente, esforçam-se por longo tempo diante de problemas difíceis, geralmente conseguem melhores qualificações, melhores que outros de coeficientes intelectuais parecidos. Pensando na necessidade de evitar o fracasso escolhem problemas fáceis, desanimam com o fracasso e são estimulados pelo êxito. Respondem melhor às tarefas que apresentam desafios reduzidos e diante de uma aprendizagem fracionada e em pequenas etapas, e procuram fazer as tarefas com colegas que se mostram amistosos.

4.3 Teoria de Atribuição

Muitas vezes procuram-se acontecimentos, atribuindo-lhe causas. Para que algo tenha acontecido existiu um motivo. Segundo Weiner (1979), os alunos atribuem seus êxitos ou processo a diferentes causas ou fatores que podem ser internos ou externos, de acordo com as causas que se encontram no seu interior ou no seu exterior que podem apresentar-se mutável ou imutável, estáveis ou instáveis, controláveis ou incontroláveis. Dessa forma, em alguns alunos a motivação esta centrada na aprendizagem, em outros a motivação aponta para metas egocêntricas.

Um dos problemas mais graves de motivação geradas no processo da aprendizagem está no fato do aluno atribuir seus processos à incapacidade de aprender. Assim ele se fecha a novas experiências e novas aprendizagem estagnando ou sempre mostrando uma posição negativa em relação à aprendizagem, o que é muito comum nos alunos que se dizem incapazes de aprender matemática, por exemplo. Diante disso e preciso que o professor esteja atento as teorias de motivação para evitar problemas de aprendizagem que podem se perpetuar pelo resto de vida procurando desenvolver a autoestima do aluno.

A autoestima que o individuo desenvolve é, em grande parte, interiorizada da estima que se tenha por ele e da confiança da qual é alvo. Disso resulta a necessidade do professor confiar e acreditar na capacidade de todos os alunos com as quais trabalha. Lembrando que, a autoestima do aluno para ser desenvolvida vai depender grandemente da forma em que o professor se comporta em sala de aula, uma vez que é ele que transmite a informação.

Geralmente os alunos tendem a buscar motivação no professor e a seguir seus exemplos principalmente nos primeiros anos do ensino fundamental. Não há nenhuma dúvida de que é imprescindível que o professor tenha metodologias de trabalho a partir das quais o aluno perceba como deve agir em determinadas situações. É importante que o professor crie condições educativas para que, dentro dos limites impostos pela vivência em coletividade, cada criança possa vivenciar experiências, desenvolver seus próprios hábitos, ritmos e preferências individuais. Da mesma forma, ouvir suas falas compreendendo-as e valorizando-as, ajudando-as a fortalecer sua autoconfiança em sala de aula, preparando-as para enfrentar suas dificuldades.

5 Aprendizagem Significativa e Afetividade

A sala de aula deve propiciar um ambiente que contribua para a aprendizagem estimulante que valorize a interação e a descoberta, que possibilite à criança construir conhecimentos de maneira motivadora, criativa e crítica em parceria com o professor, que possibilite a troca de conhecimentos, experiências e afetividade no ato de uma aprendizagem significativa. O professor tendo em vista a dinâmica de interação com um ambiente rico para a mediação entre sujeitos oferece condições para envolver as crianças e estimular a investigação, além de possibilitar paradas e retornos para interpretação, análise, atendendo ao ritmo de cada aluno.

Podemos desta forma, concluir a importância da motivação dentro do processo de aprendizado do discente e a relação estabelecida entre a inteligência e o desenvolvimento de capacidades e habilidades. Sendo assim, é necessário entender como acontece o processo de aprendizagem.

6 Relação Afetividade e Aprendizagem Significativa

A construção do conhecimento envolve fatores sociais, emocionais e biológicos. Para que haja aprendizagem significativa o individuo deve interagir com o meio, captar e processar os estímulos provenientes do exterior. Levando em consideração que o ser humano depende muito do seu estado emocional para aprender, cabe aqui refletir sobre o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem bem como sua influencia para que o aprendizado se efetue.

A afetividade e a aprendizagem estão associadas. O desenvolvimento do ser humano deve ser constantemente estimulado desde os primeiros anos de vida por meio de diversas percepções inclusive afetivas. A afetividade interfere de forma significativa no funcionamento da inteligência, estimulando ou perturbando, estimulando ou retardando esse processo. Embora essas emoções não modifiquem as estruturas da inteligência, elas podem comprometer o aprendizado.

Para Vigotsky a qualidade do pensamento ou das emoções vai sendo elaborado com as experiências vivenciadas e vão sendo elaboradas à medida que o homem tem controle sobre si mesmo sendo capaz de conviver com suas emoções de forma saudável e de controlar seus impulsos (Vigotsky apud Arantes, 2003,p.21).

Nessa perspectiva faz sentido compreender a aplicabilidade dos saberes desenvolvidos em sala de aula e como se dá esse processo, uma vez que a estrutura cognitiva pode ser influenciada pela forma como os conteúdos são apresentados, pelo emprego dos métodos adequados, e pela utilização dos princípios gramaticais apropriados na organização sequencial da matéria de ensino. A consideração desses fatores tem implicações que deveriam motivar os alunos para a aprendizagem. Os educadores poderiam avaliar suas práticas pedagógicas, como também a seleção e organização dos conteúdos com o intuito de buscar medidas que se ajustem às que, de acordo com os princípios expostos, sejam desejáveis e produza um ambiente próprio à aprendizagem, bem como buscar alternativas para ajudar os alunos a tomarem consciência dos fatores que influenciam na sua própria motivação para ensiná-los a controlá-los e saber agir diante da diversidade de problemas e como agir quando postos em situação que envolvam emoções. Portanto é necessário que as atividades de cooperação se realizem num contexto definido pelo clima estabelecido em sala de aula, dependendo, na maioria das vezes, da atuação do professor.

A afetividade não se restringe apenas ao carinho, ao toque físico e palavras de incentivo. O respeito, a oportunidade de crescimento, a valorização pessoal e até a imposição de limites são demonstrações de afeto. Como em todas as relações interpessoais, a relação professor-aluno, exige trocas de afeto, por mais profissionais que sejam. O professor é constantemente avaliado pelo aluno com adjetivos que demonstram afetividade. Isso demonstra que não é somente a metodologia de ensino e os conteúdos que proporcionam a aprendizagem, mas acima de tudo, a forma do professor agir em sala de aula.

As intervenções feitas pelo professor, como forma de reforçar a aprendizagem, os estímulos e a sua postura são absorvidas pelos alunos de forma afetiva e pessoal onde podem interferir de forma positiva ou negativa no processo de aprendizagem promovendo o desenvolvimento deste ou atrasando-o na construção do conhecimento. Dessa forma o professor mediador deve investigar o interesse dos alunos, buscando alternativas para motivá-los diante dos conteúdos a serem oferecidos, como também estar atento a todos os alunos, para conhecer cada um nas suas capacidades e nas suas limitações.

Diante dos problemas de diversas ordens existentes nas escolas atualmente, se faz necessário distribuir as responsabilidades que recaem sobre todos nós, no que se refere a unirmos forças e esforços no sentido de fazermos frente a estes problemas. Tendo a escola como uma instituição que proporciona uma visão crítica da realidade aos seus alunos e que possibilita a interação nos mais diversos âmbitos da vida social.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo realizado neste trabalho proporcionou compreender que a motivação é fator essencial para que se manifeste a aprendizagem em sala de aula, pois os motivos podem iniciar, dirigir e integrar o comportamento de uma pessoa. Também por meio da análise das teorias, ficou claro que o comportamento humano é causado por estímulos externos e internos. Portanto, este trabalho contribui para o campo de atuação dos profissionais da educação desde que entendam que motivar significa predispor o individuo a certo comportamento, sendo que para isso precisam conhecer seus alunos e utilizar de estratégias que atendam as expectativas de sua clientela.

Contudo, não significa que todos aprenderão tudo sem nenhuma dificuldade, pois cada aluno é um ser único e somos diferentes um dos outros, além de existirem inúmeros fatores que influenciam na aprendizagem. Dessa forma, o professor deve apresentar seus conteúdos ancorados aos conhecimentos de seus alunos, utilizando atividades significativas e ainda valorizando o empenho do educando fazendo-o perceber-se capaz. Os eventuais fracassos devem ser analisados e se possível superados por meio de novas metodologias, fazendo com que todos reflitam acerca de sua atuação, verificando se se empenharam o suficiente para o sucesso pretendido. A sala de aula deve ser um ambiente de reflexão, discussão e ação.

Um espaço agradável e seguro, que disponibiliza condições para o aluno manifestar suas necessidades. O professor é sem dúvida um elemento importante no processo de motivação do aluno, pois sua figura pode transmitir segurança, reconhecimento e amizade, e ainda, utilizando sua criatividade, sensibilidade e competência, pode incluir e programar práticas educativas que favoreçam a participação do educando, enfatizando e valorizando o seu esforço.

REFERÊNCIAS

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TEIXEIRA, Anísio. Pequena introdução à Filosofia da educação.Rio de Janeiro, 1967.

Genilson Pereira, Gabriela Maia de Cerqueira e José Augusto de Ferreira São Miguel
Enviado por Genilson Pereira em 18/07/2014
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