GOVERNO E SOCIEDADE: EDUCAÇÃO E MUDANÇAS

Muitos alegam que a principal questão do entrave do desenvolvimento nacional é a educação. Daí se abordar esta questão mais uma vez.

Fazendo um corte e analisando os últimos cinco anos, percebe-se que, em termos quantitativos e financeiros, houve instrumentalização de escolas e universidades. Aconteceu também que as autoridades e o povo acordaram para o grande contingente de crianças e adolescentes fora das escolas, tanto no que se refere à evasão como a simples ausência dos bancos escolares. Focar o aprimoramento docente, no que se refere ao preparo e ao conteúdo, bem como estimular o tecido social para o desejo objetivo de ser um professor, reconhecido e valorado positivamente na sua comunidade e na sociedade nacional é obrigatório. Atuar assim é investir certo e pode incrementar a eficácia desejada.

Vale lembrar, que independentemente do nível socioeconômico, todos são hábeis para o aprendizado. Esse pressuposto é interessante e quem o adota está nos trilhos que levam ao sucesso acadêmico. No entanto, para isso ter o efeito desejado, é preciso que a formação inicial do professor e seu desenvolvimento profissional continuado sejam considerados estratégicos e estejam atrelados ao resultado esperado na educação básica, uma vez que ninguém pode dar aquilo que não tem – prepare e aprimore o professor e depois demande as ações programáticas e interdisciplinares desejadas e planejadas. O aluno é reflexo do sistema e da cultura acadêmica virtuosa.

O PIB alocado à educação não serve como vetor balizador de bom desempenho educacional, conforme já assegurado em várias pesquisas e muito claramente afirmado pela OCDE. Não há relação direta entre investimento (financeiro) e qualidade. Reforço: ninguém pode dar o que não tem, um professor precisa, entre outras habilidades, conseguir inter-relacionar os conteúdos com situações atuais que gerem algum significado para os alunos. A palavra chave é qualidade, pois quantidade tem limite, qualidade não.

Para os especialistas na área, educação não é um problema somente dos governos. A prioridade na educação parte (ou deveria partir) de uma exigente demanda societal, pois se os jovens não aprendem e a sociedade não reclama firmemente, a melhora dessa falha, para que evoluir, aprimorar e desenvolver?

Frequentemente, nos deparamos com resultados pífios de nossos jovens em avaliações de larga escala nacional e internacional, uma vez que não há esforço conjunto e integrado dos governos e instituições para fugir desse quadro. Assim, pergunta-se: governos e sociedade realmente querem mudar essa situação?

Por fim, a educação é vetor estruturante e possível para se atingir o desenvolvimento nacional, mas, junto com as questões de infraestrutura, aparece como um dos maiores impedimentos ao avanço qualitativo dos programas e ações governamentais.