Sociologia – nada além de um entendimento controverso, um posicionamento retrógrado e uma decisão deplorável.

Para começar, o termo sociologia é, na verdade, uma composição de duas vernáculas; sócio, que apresenta como derivada a vernácula sociedade e logia – do grego logia – que significa estudo.

Portanto, quando se usa o verbete sociologia, está se referindo a propriedade e a arte de viver entre o grupo de pessoas que compõem a sociedade.

Por assim dizer-se, a sociologia começou a se formar nos domínios da Grécia antiga por meio das ideias dos filósofos como Aristóteles, Platão e tantos outros, que estruturaram a filosofia dessa ciência se derivou a sociologia como se conhece, e, se pratica os dias da atualidade.

Demostenes da Silva Aguiar – o nome é um nome fictício e qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência -, nasceu no estado brasileiro, aqui o adjetivo pátrio e não a antiga profissão do extrator da Caesalpina Echinnata, mais conhecida como Pau-brasil, do Rio Grande do Norte, no ano de mil novecentos e cinquenta e quatro.

Como todo e qualquer ser humano, passou pela primeira infância, entrou na segunda infância, tornou-se adolescente, e, seguindo o curso natural da vida, alcançou a idade adulta.

Não nascera em família abastada, mas a custa de muita luta, depois de concluir os estudos preliminares, obteve a graça e a oportunidade de, adentrando a uma das universidades, assentar-se aos bancos acadêmicos para, concluindo com relativo louvor a cátedra escolhida, após cursar o Latu sensu, se tornar mestre em sociologia.

Os anos decorreram e, já na segunda década do século vinte e um, estudiosa, se valendo da extraordinária nota alcançada nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, Luciana de Almeida Araújo – o nome é um nome fictício e qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência -, aos vinte e seis anos de idade, matriculou-se na universidade para cursar a cátedra da Sociologia com a qual sonhou desde os tempos dos cursos básicos.

Nos bancos acadêmicos da universidade, o comportamento da postulante a graduação em sociologia não sofreu alterações, pois, a estudante, agora universitária, continuou com a mesma dedicação de outra hora.

Todavia, quando se trata de analisar a sociedade como um todo, vê-se que esta sociedade se divide em grupos com características e atributos próprios, originando daí as chamadas camadas sociais.

Pois bem, Luciana de Almeida Araújo – reforce-se que o nome é um nome fictício e que qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência -, antes de adentrar ao quadro de discentes da universidade, casando-se, se tornara a mãe de uma menina que no Cartório de Registro das Pessoas Naturais, em seu estado, tomou o nome de Luzinete de Almeida Araújo, como os demais um nome fictício.

A moça, trabalhando em uma atividade que possibilitasse dividir o tempo entre o labor e o estudo, contratou Maria do Socorro de Lima Mota, novamente um nome fictício e qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência -, dezessete para dezoito anos de idade, para a função de babá da filhinha para que pudesse, normalmente, frequentar as aulas da cátedra da sociologia, na certeza de que a filha estaria sendo assistida por uma pessoa em condição de suprir-lhe as necessidades de individuo não investido, ainda, da juris personalis.

A rotina seguia normalmente; o trabalho, o comparecimento a sala de aula, o retorno para casa; o trabalho, o comparecimento a sala de aula, o retorno para casa[...] na certeza de que tudo estava, e, estava ajustado para que os objetivos fossem alcançados.

De repente; o problema e a dificuldade se apresentaram...

O pai de Maria do Socorro de Lima Mota – não se olvide de que o nome é um nome fictício – funcionário de um órgão do governo, foi transferido da capital do estado para uma cidadezinha do interior, distante nada mais, nada menos do que cento e vinte e oito quilômetros de distancia da capital.

De caráter conservador, o pai de Maria do Socorro de Lima Mota, ainda que a universitária tanto argumentasse, quanto se responsabilizasse pela mocinha, ainda não investida da juris personalis plena, não concordou em deixar que a mocinha continuasse como babá da pequenina Luzinete.

A tempestade, não constituída por relâmpagos eletrizados, trovões ameaçadores e chuva torrencial, mas de problemas inesperados, desabou sobre a cabeça de Luciana que não sabia, exatamente, se proteger da intempérie, melhor; como poderia se reorganizar para resolver a questão.

Ausentar-se da sala de aula era, naquele momento, algo inaceitável e incompatível com as suas aspirações; haveria de aparecer outra pessoa apta a assistir a filhinha com cinco anos de idade, mas enquanto tal probabilidade não era equacionada, com os oitenta bilhões de neurônios em rebuliço, Luciana viu acender-se uma luzinha no fim do túnel.

Era uma segunda-feira do mês de março de um dos anos da segunda década do século vinte...

Luciana vestiu-se, maquiou-se, pendurou no ombro a alça da inseparável bolsa que as mulheres carregam com os apetrechos dos quais não se separam, tomou Luzinete pelas mãos e lá se fora para as tão decantadas aulas que, em dias pósteros, comporão a carga horaria que propiciarão a não menos sonhada graduação.

Na sala de aula, assentou a Luzinete em uma carteira ao seu lado, retirou papeluchos que a menina já usava em suas aulinhas, massinhas para modelagens, gizes de cera e espalhou sobre o tablado da carteira.

Luzinete, em seu espirito aplicado, naquele primeiro dia como uma espécie de aluna ouvinte, permaneceu sentada e somente se levantou quando, no intervalo de praxe, Luciana lhe ofereceu guloseimas.

Na terça-feira a dose se repetiu e nada de anormal aconteceu.

No entanto, a bonança não haveria de se estender por tanto tempo...

Era uma quarta-feira do mês de março e já era o terceiro dia em que Luciana, não tendo, ainda, com quem deixar a filhinha em segurança, aos cuidados de uma pessoa adulta, não desejando se ausentar dos bancos acadêmicos, comparecia a universidade com Luzinete a tiracolo; permita-se o uso da expressão cotidiana para elucidar.

Bem, nos dias anteriores – a segunda-feira e a terça-feira – nenhum dos mestres, solvendo os cálices do licor da compreensão, contestou a iniciativa de Luciana em se fazer acompanhar de Luzinete à universidade para não perder os ensinamentos preciosos, afinal; o fato de comparecer, ainda que com a filinha a tiracolo, demonstrava o firme proposito da universitária em atingir os seus objetivos e não permitindo que nada fosse se constituir em obstáculo as suas pretensões.

Não sabia, entretanto, que um cometa extraviado na noite do seu afélio, naquele dia, exatamente naquele dia, iria se chocar contra o seu corpo, abalando os seus oitenta bilhões de neurônios que, pela força do impacto daquele cometa pálido e desgrenhado, abalaria os alicerces da sua estrutura de mulher e de mulher guerreira.

Um cometa?

Sim, um cometa!

O nome?

Demostenes!

Naquela quarta-feira, Demostenes da Silva Aguiar – o nome é fictício e qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência – confrontou, violentamente, a inciativa de Luciana que, não tendo a quem confiar Luzinete, já há dois para três dias, a levava para a universidade.

Por quê?

Antes de apresentar a resposta, permita-se tirar o texto do contexto para asseverar que a atitude, salvo melhor juízo, do mestre contraria ao vocábulo sociologia, não foi além de uma atitude desastrosa.

Poderia, mas, não pode desestimular o animo da candidata a graduação em sociologia, assim como, deixou de incentivar a Luzinete a entregar-se ap amor aos estudos já desde a tenra idade.

Mas, abandone-se o contexto e retorne-se ao texto para responder a indagação contida nos terceiro paragrafo anterior...

A moça teve a desventura de nascer em um país onde os governos não cumprem as próprias leis que sancionam, burlam os ditames da Constituição Federal, não destinam verbas para programas importantíssimos e nem recursos para as questões mais simplórias onde; não conseguindo vaga em um colégio, estando na famigerada fila de a espera, não teve alternativa senão a de fazer-se acompanhar da menininha.

Pois bem, o cometa Demóstenes, literalmente, ao questionar a iniciativa de Luciana em conduzir a filhinha em sua companhia para não perder as aulas, provocou um terremoto em suas mais amplas convicções e um verdadeiro maremoto em seus mais crassos ideais.

Esperem...

A cátedra escolhida por Luciana não é a sociologia?

A sociologia não é a arte de se viver em sociedade?

O seu estudo –  em vernáculo grego – não se justifica senão pelo aprimoramento de se viver em sociedade?

Partindo-se dessa premissa, parece que o mestre, ao contestar a atitude de Luciana em se fazer acompanhar de Luzinete para não perder as aulas no curso e para a graduação almejados, salvo melhor juízo, ate que se prove do contrario, foi uma contestação inexequível e fora de proposito.

O que faz esse mestre na área da sociologia se, com essa atitude abominável, de completo desestimulo, demonstra não ser, verdadeiramente, um sociólogo na acepção mais pura e literal da vernácula, mas, um contradita a sociologia?

Vivendo-se em um país onde não se tem a noção de que o estudar não está investido do mais grau de importância porque o que importa é ler, esse mestre cometeu o mais lúdico engano em sua vivencia como mestre universitário.

Um momento...

Antes que contestem, explique-se:

- Abram-se aspas – Estudo e leitura são duas atividades com características diferenciadas. Quando se estuda, supõe-se, e quase sempre é regra, que no dia imediatamente posterior se tenha de prestar um exame. Nessas condições, passa-se a noite com os olhos deitados sobre as letras frias, mas não mudas dos livros e, no momento de responder as questões, vê-se que a mente não segurara o que se leu. Todavia, quando se adquire o habito de se ler, diariamente, o intelecto armazena o conteúdo lido ate a posteridade e é a isso que se caracteriza como leitura. – fecham-se aspas.

Esse mestre, que se diz sociólogo e deve o ser, se não tivesse tido a infelicidade de contestar a atitude louvável de Luciana, na certa, não teria tentado, simplesmente, tentado, desestimular os objetivos da estudante e, paralelamente, teria plantado a semente do arbusto do apego à cultura no coraçãozinho de Luzinete; no entanto, o que fez?

Di-lo porque qui-lo!

Responda não a minha pessoa, mas a você próprio que me lê...

Ademais, como se constrói uma personalidade?

Na verdade, a personalidade, apropriando-se, ainda que por empréstimo, dos conceitos matemáticos, demanda de um trinômio.

Um trinômio?

Sim!

A individualidade, somada com a educação familiar, agregada a educação secular...

Estas três variáveis formam a personalidade do ser humano.

O mestre em sociologia com a sua individualidade somada à educação familiar, agregada aos ensinamentos seculares, formou uma personalidade tão intransigente que nem mesmo os anos transcorrido e assentado aos bancos dos estudos fundamentais, somadas as horas dos bancos acadêmicos e agregados ao interregno dos aprendizados seculares não lhe fizera embebedar-se com os cálices do vinho da benevolência e com a dose da sua falta de benevolência, ousou o ferir das regras do direito implícito no crasso espirito da questão.

Quanto a Luciana, não deve se abater com as dificuldades, porque a dificuldade fará dela uma profissional de extremo valor.

YOSEPH YOMSHYSHY
Enviado por YOSEPH YOMSHYSHY em 10/03/2018
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