FANATISMO E IDOLATRIA

A ignorância é o grande mal que assola nossa alma. Este mal da ignorância atinge nosso corpo através da alma que se torna revestida de sombras. As pessoas assim atingidas negam-se as bênçãos da luz do discernimento, adoram os fenômenos da Natureza e oferecem sacrifícios para apaziguar os ídolos que representam.

Com o avanço do pensamento, as conquistas da Ciência, pensávamos que iríamos evitar esse clima de idolatria. No entanto, nos próprios locais de conhecimento, como as universidades, aparecem e proliferam sintomas do fanatismo, que não consegue observar a realidade em detrimento de culto a determinada ideologia. Assim observamos esse efeito fanático e idólatra por onde andamos, nas praças, igrejas, ruas e avenidas.

Como podemos entender tal efeito com o nível cognitivo que já possuímos? Possivelmente entra nesse contexto o culto à personalidade de políticos ou santos (Hitler, Stalin, Mao, Lula, São Francisco, São Pedro, etc.), adoração do próprio Eu (narcisismo), seitas do prazer (orgias, comilanças) ... tudo isso constitui um desrespeito à evolução, um abuso à civilidade.

Existem muitas formas de idolatria, como objetos (chuteiras de jogadores, discos de cantores, etc.), animais (como Incitatus, o cavalo do imperador Calígula), ideias (como a cruz suástica que representou o nazismo, até mesmo fases da idade, como a juventude.

Nos limites do fanatismo estão a estreiteza da visão em função da fé, que motivou as Guerras Santas para se conseguir a posse de locais sagrados, e a falta de abertura nas diretrizes do conhecimento para chegar ao ponto de envolver o mundo em guerra para tentar colocar no poder a raça pura.

Na atualidade podemos observar o fanatismo religioso em muitas correntes do cristianismo aqui no Brasil e ao redor do mundo, motivo de guerras intermináveis, principalmente no Oriente Médio. Por outro lado, a idolatria pagã continua motivada em nome da saudade, de lembranças sentimentais ou de cultos ao medo. Não vem aqui a crítica por se ter qualquer orientação religiosa, ateu, cristão, budista, macumbeiro, espírita, ninja, ou seja lá o que for... o problema é ser fanático!

As lições cristãs apontam para o despertar da adoração em Espírito e Verdade. Em Espírito, se refere a uma vida conduzida pelos espíritos santos sintonizados com Deus, que procuram se purificar com o próprio esforço; em Verdade, significa sem falsidade, honesto, de coração puro diante de Deus, sem esconder nada. Deus é Espirito e os que o adoram devem adorar em Espírito e Verdade, não há espaço para fanatismo ou idolatria. Não se pode cultuar as alegações do passado e evitar amontoar os farrapos de celebridade que o tempo fatalmente destrói.

As ações cristãs são vistas nos atos de caridade, naqueles que voluntariamente calçam as sandálias da humildade, da ação, e se ungem do amor ao próximo.

Temos o exemplo de Pedro quando foi recebido em Cesaréia por Cornélio, que o aguardava entre familiares e amigos. Ele foi homenageado pelo anfitrião, que emocionado, “prostrou-se aos seus pés” e o adorou. O velho pescador, a quem tanto deve o Evangelho, recordando, talvez, o Mestre, num impulso generoso e viril, no entanto, levantou o amigo dizendo: “Levanta-te, que eu também sou homem”.

Esta foi a lição que Jesus trouxe e que ficou registrada nos Evangelhos. Compenetremo-nos do dever de divulgar a Boa Nova em sua pureza primitiva, libertando mentes e corações do fanatismo e da idolatria.