A ATUALIDADE DO ENSINO

Tenho acompanhado as discussões sobre a reabertura das escolas nesses tempos de pandemia. A preocupação da sociedade parece se concentrar em: a oferta do ensino será presencial, on-line ou de forma híbrida?

Eu, com minha experiência de professora e, também, de gestora, fico imaginando que o debate deveria ser redirecionado para outro foco: de como garantir a qualidade do aprendizado dos alunos, já que as experiências têm mostrado que o atual modelo carece de atualizações para que se adequem as mudanças contextuais.

Para esse contexto, as opções apresentadas, a meu ver, não devem se limitar a identificar o que os alunos deixaram de aprender nesse período que ficaram sem frequentar a escola, e, sim, fundamentalmente, analisar como estava o conhecimento desses alunos com os métodos tradicionais que vinham sendo oferecidos.

Percebo, pelo conjunto de informações nos diferentes meios de comunicação, que não há consenso entre os professores, gestores educacionais, pais e os próprios interessados (os alunos), sobre quando e como deveria ser o retorno às aulas. Há que se entender a situação inusitada, em razão de não ter parâmetros para análise de modelos já testados.

Essas indecisões surgem, por outro lado, quando se reconhece que há diferenças entre a forma com que cada aluno adquire e assimila o saber, quer sejam nas aulas presenciais com as metodologias já utilizadas em sala de aula, quer seja neste período em que muitos tiveram a oportunidade de participarem de atividades por sistema remoto.

Entende-se que as “novas” Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), em teoria, já vinham sendo adotadas nas escolas, ou pelo menos deveriam vir, contudo, sabemos das dificuldades que alguns professores ainda tem de usar, tanto esta, como outras técnicas de ensino, considerando o contexto de sua formação e a participação efetiva em cursos de aperfeiçoamento.

Ainda temos que reconhecer que nem todas as famílias dispõem de recursos tecnológicos, e têm domínio ou facilidade para apoiar as tarefas escolares dos filhos, até mesmo quando são usadas apenas as tecnologias tradicionais e/ou as modernas tecnologias on-line, o que contribui, sem dúvidas, para as diferenças no desempenho dos alunos.

Confesso que não tenho resposta pronta sobre quando e se deve retomarem as aulas presenciais, mas arrisco-me a dizer que se deve, sim, aproveitar esse episódio para repensar a qualidade da educação, as metodologias e as técnicas de ensino que vinham sendo oferecidas, tanto pelo sistema público, quanto pela rede particular. Os resultados de diferentes sistemas de avaliação, em todos os níveis de ensino, notadamente, na educação básica, apontam para a fragilidade do ensino e da aprendizagem.

Preocupo-me, sobremaneira, a segurança em relação ao ambiente escolar, logística, lanche, uso do material didático, considerando que ainda não há vacina para o novo coronavírus, portanto, os riscos de contágio, independentemente de período “oficial” de isolamento social, ainda persistem e tudo indica que não há como testar protocolos sem que se arrisquem vidas.
 
Ieda Chaves Freitas
Enviado por Ieda Chaves Freitas em 04/07/2020
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