PANDEMIA e EDUCAÇÃO – Volta às aulas.

Opinião.

No momento atual, em todos os contextos apresentados pelas mídias, com raríssimas exceções é inadequada qualquer tentativa de voltar às aulas presenciais, principalmente de crianças menores, nem retorno por meio de aulas remotas.

Algumas considerações:

No contexto geral não há condições. Não há estrutura. Não há conjuntura. Falta vacina. Não há segurança. Efetivamente, não há interesse. E... faltam discussões e ações efetivas para criar condições favoráveis e seguras tanto para um retorno presencial, remoto ou mesmo híbrido.

Embora há movimentos de mobilização, engajamento e investimento por parte do poder público e de algumas instituições, percebe-se os mesmos como vagarosos e inadequados em relação as demandas que a situação impõe.

E por que isso ocorreu e continua ocorrendo?

Penso eu, em primeiro lugar, o investimento para fazer uma readaptação em toda estrutura do sistema público de educação é altíssimo. E nesse momento adequar a escola significaria resolver velhos problemas existentes antes da pandemia. Em última análise, seria dar para a escola as condições adequadas que ela nunca teve. Assim, este ônus o Estado, em qualquer esfera, não ousou realizar.

Em segundo lugar, pensou-se (e ainda se pensa) que a pandemia é só transitória, que é como uma ‘gripezinha’ e que logo as coisas vão se ajustar e tudo volta ao velho ‘normal’. Assim, todos verão que não era mesmo necessário gastar. Nem fazer todo este alarido. Entre outros, o negacionismo é um dos paradigmas socialmente existencializáveis.

Há um terceiro elemento. O mais importante para o poder, no Poder. Especialmente no Brasil, Educação é um investimento perigoso. Ainda mais quando se nota que a ignorância é a base do atual (des)governo. Ademais, há um projeto de Estado – de há muito tempo – para um completo desmonte do sistema de Educação que ouse enfrentar e confrontar o pensamento hegemônico. Ensinar a pensar (o que a escola promove nas últimas décadas de forma rudimentar) está se tornando o componente mais perigoso para a elite manter-se no poder. Pensar como reflexão, que significa analisar, tende superar o conformismo e dar lugar ao questionamento da realidade. Isso possibilita mudanças essenciais contrárias às permanências desejadas por quem (ainda) determina o status quo.

Como a realidade é sempre mais complexa do que nossa capacidade de percebê-la, resta esperar o que resulta dos conflitos travados entre os que querem forçar a volta, mesmo sabendo dos desafios e consequências e os que ainda pensam na escola como salvação da humanidade dentro de um sistema (capitalista e capitalístico) que mantém o poder de manipular a realidade em prol de seus objetivos, ainda que para isso tenha de ceder e permitir mudanças formais em vez de conjeturar transformações essenciais (Mészáros, 2008).

Então, a escola presencial volta ou não volta?

Em opinião, volta. Logo. Como já está em andamento a volta em alguns contextos, ‘acho’ (ainda vou escrever sobre achar como bom verbo para uso coerente) que o retorno será paulatino e de diferentes formas nos diversos contextos. Penso, desse modo, a volta dar-se-á, em sua totalidade até o final do ano. É opinião.

Reflexivamente há de se considerar que algo inimaginável, agora, pode ocorrer e empurrar qualquer decisão para o futuro (?).