UM PROFETA NA TORCIDA DO SCHALKE 04
Grito de guerra de torcedores alemães causa desconforto na comunidade muçulmana
Tanto na organização como dentro de campo o futebol alemão costuma dar exemplo de eficiência e disciplina tática – não é à toa que a seleção é Tricampeã Mundial, e realizou com muita competência a Copa do Mundo de 2006. Só que o mesmo exemplo de organização está longe de vir das arquibancadas, e constantemente seus torcedores se veem envolvidos em casos de manifestação antidesportiva e conduta racista. Até bem pouco tempo, os neonazistas – grupo de partidários à ideologia hitleriana – realizavam campanhas contra a presença de estrangeiros no país, inclusive no futebol. Quem sofreu essa discriminação na pele foi Gerald Asamoah, primeiro negro a ser convocado para defender a seleção germânica. Nascido em Gana mas naturalizado alemão, além de ser alvo de “bananadas” quando defendia o Hannover, Asamoah se tornou o pivô de uma campanha perpetrada pelos neonazistas com o slogan: “Branco. Algo mais que uma cor. Por uma seleção realmente branca”.
Dessa vez, quem se vê indignada com uma parcela da torcida alemã é a comunidade muçulmana, que julga desrespeitosa ao fundador do Islã – Maomé – uma canção comumente entoada pelos torcedores do Schalke 04, time da cidade de Gelsenkirchen e justamente onde Asamoah joga atualmente. Num dos trechos, a música menciona que o profeta não entendia nada de futebol, mas entre todas as cores escolheu o azul e branco – referência ao uniforme do próprio Schalke 04. Em entrevista a um jornal alemão, Hans-Joachin Dohm, chefe do conselho honorário do clube, afirmou que pretende consultar um especialista para averiguar se a revolta dos islâmicos tem fundamento. Da parte dos árabes, o próprio secretário-geral do Conselho Central de Muçulmanos da Alemanha, Aiman A. Mazyek afirma não perceber nenhuma intenção maliciosa na canção, e descartou a hipótese de entrar com pedido para que o “grito de guerra” seja proibido.
Ao que parece, a revolta dos muçulmanos se deu mais pelo assunto ter sido bastante explorado pela imprensa da Turquia, onde os ânimos entre judeus e muçulmanos são, historicamente, exaltados. Pelo menos, dessa vez, os alemães não tiveram tanta culpa, a não ser jogar um pouco mais de lenha na fogueira.
Fonte: Revista Eclésia - Edição 137
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JDM