Reflexão sobre 1 ano da Morte dos Meninos do Flamengo no Ninho do Urubu

Hoje faz um ano do fatídico incêndio em que morreram dez jovens e deixaram três feridos na sede do Clube de Regatas do Flamengo, em Vargem Grande, no Rio de Janeiro. Eles eram jovens promissores da base do clube.

Até hoje o clube e as famílias não chegaram a um acordo definitivo sobre valor das indenizações. A reparação às famílias dos atletas vem sendo tratada na esfera cível, e as responsabilidades sobre o incêndio, na criminal, que depende de novos esclarecimentos pedidos pelo MP-RJ à Polícia Civil.

O Flamengo salienta que não chegou a um acordo com algumas das famílias por causa dos advogados das mesmas, que estão usando a performance do clube e seu prestígio para pedir valores astronômicos.

Por outro lado, a mídia e principalmente os torcedores de clube rivais atacam a direção do clube e a instituição Flamengo, dizendo que há uma gritante insensibilidade, indisposição e má vontade em resolver a questão e colocar um ponto final nessa história.

No último clássico entre Flamengo e Fluminense ouviu-se a torcida rival gritar: "assassino, clube assassino..." o que gerou imenso mal estar e pedidos de desculpas por parte da diretoria tricolor.

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) fez uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o ocorrido, mas a diretoria do Flamengo não compareceu. A meu ver num total desrespeito as famílias das vítimas e de fato mostrando insensibilidade ao ocorrido.

Hoje mesmo os familiares das vítimas foram impedidos de entrarem no local do incêndio para prestarem homenagens a seus filhos mortos . Só puderam fazer uma oração em frente ao Ninho do Urubu.

A diretoria do Flamengo e seu presidente Rodolfo Landin, deveriam tratar esse triste episódio com mais atenção e com espírito de resolução. Pois esse drama é a maior mancha na história do clube. Nunca iremos esquecer. Além do mais seus torcedores passarão anos sendo achincalhados pelos torcedores dos clubes rivais.

Quanto mais essa questão se arrastar maior será a vergonha, o opróbrio e a marca desfavorável na história do clube.

Também faço uma crítica respeitosa as famílias das vítimas, que é a seguinte: se um dos mortos fosse meu filho, eu estaria extremamente interessado em punir os responsáveis pelo incêndio e não sossegaria até eles serem responsabilizados penalmente por seu ato criminoso. Esse sim seria meu interesse, não seria mesmo o dinheiro que não iria trazer meu filho de volta". Portanto, antes de buscarem a devida e justa reparação financeira pelo ocorrido, deve-se tentar esclarecer o acontecido e pedir punição severa a seus culpados.

Como torcedor do Flamengo não fico nem um pouco confortável em ver renovação de contratos milionários com salários exorbitantes, enquanto algumas famílias não foram indenizadas pelo incêndio e morte de seus filhos.

O salário dos jogadores do Flamengo já é um escárnio a nós trabalhadores brasileiros, mas escárnio ainda são seus proventos milionários enquanto essas famílias padecem de respeito e reparação!

O amor por esportes, pelo futebol e especialmente pelo Clube de Regatas do Flamengo, não retirou de mim a lucidez, a autocrítica e a sensibilidade diante do drama dessas famílias.

Texto escrito em 08/02/2020, no dia que completou 1 ano da morte dos meninos no Ninho do Urubu!

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 11/04/2020
Reeditado em 24/10/2020
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