Capoeira: Toques Aviso e Cavalaria! Waldeloir Rego

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Portanto, a minha tese é a de que a capoeira foi inven­tada no Brasil, com uma série de golpes e toques comuns a todos os que a praticam e que os seus próprios inventores e descendentes, preocupados com o seu aperfeiçoamento, modificaram-na com a introdução de novos toques e golpes, trans­formando uns, extinguindo outros, associando a isso o fator dêles e também o desenvolvimento social e econômico da co­munidade onde se pratica a capoeira. Assim, dos toques e golpes primeiros, de uso de todos os capoeiras, uma boa parte foi esquecida, permanecendo uma pequeníssima e uma outra desapareceu em função, como já disse, do desenvolvimento econômico e social. Como exemplo disso posso citar o toque de berimbau chamado aviso, ainda do conhecimento do ca­ poeira Canjiquínha (Washington Bruno da Silva). Segundo Corre na transmissão oral dos antigos capoeiras, erá comum ficar um tocador de berimbau, num oíteíro, onde se divisava tôda uma área enorme, com a finalidade de vigiar a presença do senhor de engenho, capataz ou capitão do mato, no encal­ço dêles. Uma vez notada a aproximação dêsses inimigos, era dado um aviso, no berimbau, através de um toque especial. Como se vê, êsse toque ainda do conhecimento de alguns capoeiras, desapareceu, em função da organização social que se tem hoje. Outro exemplo é o toque cavalaria, conhecido de todos os capoeiras da Bahia. Êsse toque era usado para denun­ciar a presença do famigerado Esquadrão de Cavalaria, que teve o auge de sua atuação contra os candomblé e os capoei­ras, na administração do temível delegado de polícia Pedrito (Pedro de Azevedo Gordilho), no período de 1920 a 1927.

Fonte

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