EU E A NOITE

Me pergunto sempre por que a noite não é só para o sono? Seria o normal, o descanso do corpo e da mente, mas como disse o poeta: " A noite é a mãe dos pensamentos e no silêncio ela nos trás todas as lembranças do passado, dos bons e maus momentos, dos amores vividos e não vividos, sofridos, dos amores desejados, dos amores endurecidos e separados, dos amores sonhados e não realizados, dos amores perdidos e mai achados, dos amores sepultados sem paz e nunca esquecidos por quem está jurada pra morrer de amor..."

A noite me lembra as paixões desiludidas, as paixões afogadas, recusadas, as paixões mau entendidas, enternecidas, demais que se perdem no tempo. A noite trás o medo da fragilidade das pessoas, o medo da solidão, trás o frio dos corações torturados e desabitados.

O frio da noite nos leva a ler um livro, onde no seu contexto do mesmo, você se encontra lá, em algum lugar...alguma página, em alguma frase, em alguma frase mesmo que seja do passado...

Noite calma com chuva e ruas molhadas, trás melancolia do reflexo das luzes no asfalto, do orvalho embaçando a vidraça, da saudade do aconchego, do abraço amigo, da mão na mão para se aquecer, do olhar no olhar sem necessidade de nada para se dizer.

Se ela é quente, de verão, nos trás o perfume das flores, a vontade de ver o céu estrelado, mudança de estrela cadente, da lua cheia, majestosa saindo entre nuvens clareando a imensidão, de amar, de sair por aí respirando toda essa beleza, de abraçar a natureza de encontrar os amigos de dançar e achar que apesar de tudo a vida pode ser maravilhosa, tão maravilhosa, de lembrar momentos vividos, dos momentos muitas vezes divididos com problemas, perseguições, vitorias e histórias contadas ao pé do ouvido que nos levam às lágrimas seguidas de sorrisos, dos abraços apertados cm tanta emoção que deixam marcas no corpo e no coração.

Mas a noite deixa sinais no rosto de quem tem chorado demais, de quem procura um porto seguro para se abrigar, um coração para se habitar.

Quando finalmente o cansaço nos vence e o corpo repouso inerte, aí chegam os sonhos que fazem lembrar coisas que estão adormecidas na memória, que guardamos lá por não querermos lembrar ou sofrer, mas para que lembrar? É que apesar de tudo vale apenas sonhar? pois vive-se de sonhos, vive-se de espera, vive-se de amor.

Lúcia Gaiafi ( In Memoriam )

Lúcia Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 21/08/2019
Reeditado em 22/08/2019
Código do texto: T6725254
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