VEXAMES

Ao falar sobre nossas vidas com alegrias e tristezas, vergonhas e afrontação, compreendemos melhor o porque, como e quando somos o que somos ao lembrarmos os vexames que passamos. Por vezes é divertido e, em outras, melhor o esquecimento. Mas, quando acontece o vexame, temos capacidade para lembrar os detalhes e as expressões do momento e fazermos – juntos – a nossa censura, para que não se repita. Como vexame, conto que no tempo em que a Varig distribuía “toalhas quentes enroladinhas” (em formato de canudo) para limpar as mãos antes do lanche, alguém na poltrona ao lado pegou a toalha e a levou à boca, para comer. Olhamos espantados e ele, espirituoso, falou: “Adoro toalhas quentes!!”.

É importante, depois do fato, conversar sobre a situação para podermos nos libertar da situação desastrosa; criticar a nós mesmos torna “leve” o momento, dos mais tristes aos de glória.

Quem não passou por vexame em alguma situação na vida? Até Vinícius de Morais, no antigo programa televisivo Blota Junior, A palavra é..., em que o participante que conhecesse a letra da música apresentada, cantava uma parte e ganhava pontos; ao ser anunciada a palavra, garota, Vinícius correu ao microfone para cantar Garota de Ipanema, de sua autoria. Porém, nela não há a palavra “garota”, mas, “moça” e “menina”. Foi grande o vexame e a decepção do Poetinha.

Deslizes podem se transformar em vexames, fazendo-nos refletir sobre o viver e a esperança de superá-los nos próximos eventos.

Proponho olhar para os vexames, com olhos de quem percebe serem apenas momentos equivocados, pois, temos o poder de recriar e modificar a nossa realidade futura.

Na vida não temos condições de controlar tudo e os vexames acontecem como temperos no viver, pois, por mais que tentemos, é impossível prever as circunstâncias e as variáveis no cotidiano. Para Jung, “O conhecimento não se apoia só na verdade, mas também no erro”.