Gilberto Amado, ilustre intelectual sergipano que ganhou o mundo.

Gilberto Amado, ilustre intelectual sergipano que ganhou o mundo.

Foi com imensa satisfação que recebi a responsabilidade de ocupar a cadeira número dez do Movimento Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras, que faz justa homenagem honorífica ao ilustre intelectual sergipano Gilberto Amado.

Escrever sobre o nome da magnitude de Gilberto de Lima Azevedo Souza Ferreira Amado de Faria, em poucas linhas e um desafio, perante sua contribuição dentro da história como: acadêmico, diplomata, político, poeta, jornalista, ensaísta, cronista, romancista e memorialista.

Gilberto Amado nasceu na cidade de Estância município de Sergipe, em sete de maio de 1887, época que já se ensaiava o regime republicano no Brasil, e o fim da escravatura. Foi o primogênito do casal Melchisdech Amado e Ana Amado, numa numerosa família de quatorze irmãos, com uma prole genética de escritores, no qual se incluem seus irmãos Genolino, Gildasio, Gilson, além de seus primos os irmãos James e Jorge Amado. Foi na cidade de Itaporanga situada à 49km da sua cidade natal, que o menino avido pelo saber, concluiu seus estudos primários. E aos quatorze anos, foi estudar Farmácia na cidade da Bahia. Fato este que tem similaridade com a biografia de Santo Souza, o ilustre poeta sergipano, que iniciou sua trajetória como “Pratico da farmácia”.

O interesse pelo curso de Direito fez o jovem Gilberto Amado, partir para Cidade de Recife, e ingressar na Faculdade de Direito, o jovem estudante logo demonstrou empenho pelas questões políticas e sociais, o suficiente para começar a desenvolver escritos que foram publicados no Diário de Pernambuco. Concluiu o curso de Direito aos vinte dois anos, tornou-se catedrático em Direito Penal, e buscou voos mais altos como a mudança para a então capital do país, Rio de Janeiro em 1910, momento extraordinário na sua trajetória que permitiu uma efetiva colaboração na imprensa.Com maestria desenvolveu um estudo sobre o médico e poeta Luís Delfino, no jornal O Comércio. Logo em seguida, passou a ocupar uma coluna semanal no jornal O País, considerado à época um dos mais importantes em circulação. A oportunidade de conhecer novas culturas e expandir conhecimentos surgiu com sua primeira viagem à Europa, e foi que ele fez.

Em 1913 como era de costume na época, a convite da sociedade intelectual, homens de letras se reuniam para ouvir a leitura das suas memorias da viagem à Europa no Salão Nobre do jornal O Comércio. O sucesso deste feito, abriu margem para que Gilberto Amado copilasse esses textos e outros escritos no seu primeiro livro A chave de Salomão.

Ao retornar para Sergipe em 1915, foi eleito Deputado Federal. Como era esperado, as sessões da Câmara Federal, foram palco de discursos memoráveis, no qual destaco o de onze de Dezembro de 1916 “As Instituições Políticas e o Meio Social no Brasil”. A repercussão deste discurso o levou ao aprofundamento do tema, que em 1924, deu origem ao livro com o mesmo título. Que até hoje, serve como referência aos gestores e políticos no Brasil.

Como jornalista de formação, tenho compromisso com a verdade dos fatos, e infelizmente não posso deixar de mencionar uma mancha de sangue na história de Gilberto Amado, para isso coloco um trecho do livro “Cenas da Vida Sergipana, SERGIPE/CRIMES POLÍTICOS, I do escritor Acrisio Torres”** No dia 20 de junho de 1915, tarde de sábado, um incidente doloroso causou a mais profunda impressão na população do Rio, então capital federal. O triste caso ocorreu à entrada do Jornal do Comércio, entre o deputado federal Gilberto Amado e o literato Aníbal Theófilo, no instante em que no salão do dito jornal realizava-se uma festa literária.

Estava presente grande número de intelectuais. Durante a festa o poeta Aníbal Theófilo repelira o cumprimento de Gilberto Amado, que, no final, por intermédio do advogado Paulo Hasslocker, pedira satisfações pelo ato de incivilidade. Não só negou-se a dá-las, o poeta, mas fez referências desabonadoras ao ofendido.

Então, Gilberto Amado desfechou três tiros de pistola contra Aníbal Theófilo, sendo este prostrado ao solo por um dos projéteis, que atingira a nuca da vítima. Tombara morto o poeta gaúcho. Gilberto foi preso em flagrante, e recolhido ao quartel da brigada policial. Número considerável de amigos, deputados e senadores, passou a visitá-lo, lamentando o infeliz incidente. Por outro lado, o enterro de Aníbal Theófilo, no Cemitério de São Francisco Xavier, teve numeroso acompanhamento, falando à beira do túmulo Alcides Maia, Flexa Ribeiro e Vicente Souza. Logo depois a Sociedade dos Homens de Letras constituíra o advogado Bernardino Bandeira para, como representante da família do morto, acompanhar o processo. Coelho Netto, na ocasião, fez amargas censuras a Gilberto, censuras injustas, aliás, enquanto literatos e jornalistas dividiram as opiniões dos jornais cariocas.

Há tempos havia entre Gilberto e Aníbal, uma irreconciliável discórdia. Muitas vezes Gilberto sofrera agressões de Aníbal, de quem sempre temera. No seu depoimento diz que, certa vez na redação de Careta, não só o poeta recusou apertar a sua mão, mas disse: “Sai, senão cuspo-lhe na cara”. Não chegou a cuspir na cara de Gilberto, mas fê-lo no solo escarnecedoramente. Leal de Souza e Bilac Guimarães presenciaram o fato e o reafirmaram em juízo. Gilberto confessa haver deixado, envergonhado, a redação de Careta. Nunca antes havia sofrido humilhação tamanha...Na opinião geral, não passavam de “coisas de literatos”. No entanto, continuaram os escárnios e as humilhações de Aníbal Theófilo ao jovem literato sergipano…De outra vez, a propósito da derrota de Gilberto Amado para ingressar na Academia Brasileira de Letras, Aníbal lhe dissera na face: “A Academia não quer, dentro dela, covardes e bandidos!”. Humilhações assim teriam um trágico desfecho, no salão da Hora Literária, realizada no Jornal do Comércio.... Terminada a festa literária, as provocações de Aníbal continuaram ,... Procurou uma saída pelos fundos, mas Aníbal o tolhera. Encaminhando-se para o agressor, Paulo Hasslocker teve de recuar a um golpe de Aníbal. Nessa ocasião, sentiu Gilberto que sua desonra e desgraça precisavam de limites, e, conforme declarou no depoimento, sentira que, dentro dele, qualquer coisa de estranho, de confuso, lhe tomara a consciência. Matara Aníbal Theófilo (**).

O biografo de Gilberto Amado, Homero Senna, omitiu o episódio de sangue do assassinato do poeta Aníbal Theófilo, por Gilberto Amado, ocorrido em 1915, do qual o autor foi absolvido. A importância e complexidade do acontecimento implica em uma série de questões, sendo assim, não entrarei fundo nesse particular. Uma vez que Gilberto Amado, continuou sua vida pública com prestigio social.

A carreira do escritor seguiu paralela à do político, e em 1917 ainda Deputado Federal, publicou o livro de poesia Suave Ascensão. Neste poema Triste Vanglória o poeta deixa fulgente seu sentimento abalado diante dos recentes acontecimentos da sua vida

Triste vanglória

Fazer versos, amigos, é meu fado.

Nunca me canso nem sequer conheço

Esse embaraço triste, esse tropeço

Que a rima sempre opõe ao mais ousado.

Às vezes, certos dias, amanheço

Do destino das cousas alheado;

Viro as palavras todas pelo avesso.

Quero dizer: - escrevo sem cuidado.

Vou deixando caírem no papel

À toa, desconexos e revoltos,

Os verbos e adjetivos a granel.

Mas na minha alma há tanta dor bradando

Que os versos saem por ai mesmos soltos

Como pedaços dela soluçando.

Gilberto Amado

No ano de 1919, deu luz a livro Grão de Areia, que faz reflexões sobre nosso tempo com admirável riqueza de textos literários.

Em 1922 no cenário de explosão cultural, ano do marco oficial do Modernismo no Brasil. Movimento que reivindicou a necessidade de uma renovação radical dos meios, formas e dos conceitos dos de expressões artísticas e o estimulo a pesquisa sobre a realidade brasileira. Gilberto Amado deu luz a filosofia política e social com o livro de ensaios literários intitulado ”Aparências e Realidades” . O Doutor e Mestre em Sociologia pela UFG, Marcio Ferreira de Souza explica em sua tese, que os ensaios de Gilberto Amado, tiveram uma contribuição importante no desdobramento da realidade social brasileira “Certamente, foi justamente pela falta de uma formação institucional no campo das ciências sociais que Amado foi levado a se interessar por uma pluralidade de correntes teóricas e se alinhar na tradição ensaística do Brasil, da qual pertence uma gama de intelectuais dos séculos XIX e XX. O fato de não ter se formado dentro de uma tradição intelectual específica o "beneficiou" no sentido de que o autor obteve, como recursos intelectuais, correntes bastante diversificadas, embora venha a apontar, ao longo de seus escritos, para algumas fontes mais específicas das quais o autor tinha verdadeira admiração, como Tobias Barreto, para ficarmos em um exemplo.”

No seu terceiro e último mandato como Deputado Federal em 1924, Gilberto, foi nomeado como Presidente da Comissão de Diplomacia. A carreira diplomática foi vivenciada ativamente com conferencias, interparlamentares em diversos países.

O fim da revolução de 1930 coincidiu como fim do seu mandato como Senador. O idealista Gilberto Amado, voltou a magistratura na faculdade de Direito do Distrito Federal. As conferencias por ele realizadas deu margem para publicação de ensaios filosóficos, ente elas: Eleição e Representação(1932); Espirito do nosso Tempo(1932); A Dança Sobre o Abismo(1933); e as Crônicas” Dias e Hora de Vibração” e “Impressões de Viagem” também em 1933. No ano seguinte, foi nomeado consultor jurídico do Ministério das Relações Exteriores. A carreira diplomática brilhante, levou Gilberto Amado a embaixador permanente, sendo sua primeira missão junto ao governo do Chile em 1936.

Sobre sua contribuição nesta fase, comentou Márcio P. P. Garcia, Advogado, Mestre em Direito Internacional (Cambridge) e Professor de Direito Internacional Público “É curioso observar que, ainda hoje, juristas brasileiros, sobretudo da área do direito internacional, travam contato com as ideias do mestre sergipano no exterior. Imagino ser um cacoete tropical o não-reconhecimento, ou melhor, o desconhecimento do trabalho de inúmeros brasileiros que engrandeceram nosso país. E o que é por vezes pior: a exaltação desmedida do estrangeiro. Perigo a que Amado denominava “desnacionalização” . Revista de Informação Legislativa Pag 86

Do ano de 1939 à 1947 foi Ministro na Finlândia. Nesta fase lançou dois romances :Inocentes e Culpados e no ano seguinte Interesses da Companhia.

A partir de 1948 tornou-se, membro e muitas vezes presidente da Comissão de Direito Internacional da ONU, sediada em Genebra. Os arquivos do Itamaraty Guardam inúmeros relatórios, pareceres e teses do referido autor, durante os vinte oito fecundos anos que integrou essa comissão. Encontra-se também no anuário das Nações Unidas, publicações de sua autoria, que até hoje serve de referência em estudos acadêmicos, tais como:” Direitos e deveres dos Estados”, “Processo Arbitral”, “Definição da Agressão “,” Reservas às Conversões Multilaterais “. Incontestável a iluminação de Gilberto Amado, seu olhar sobre o prisma do Direito na defesa do Sociedade e o espirito combativo nas suas convicções “Aproveito a oportunidade para, como brasileiro, como homem do meu tempo, contrariar S. Exas., dizendo: creio na Sociedade das Nações; creio na Liga das Nações. Se ela, até este instante, me houvesse dado somente motivos de descrença, o meu dever seria ainda dizer: creio na Sociedade das Nações, porque meu dever é crer no bem, crer em um estado social melhor, superior àquele em que nos debatemos e nos atormentamos! Meu dever, dentro da guerra, é crer na paz; dentro das trevas, é aspirar à luz; Revista da Informação legislativa pag 78. Palavras de Gilberto Amado à época na condição de relator do orçamento do Ministério das Relações Exteriores, defendendo a sociedade das Nações aos colegas parlamentares.

Em 1954 aos 67 anos, distante de sua pátria em virtude das missões no exterior, ficou evidente em seus escritos o saudosismo da sua terra quando lançou suas memorias em: Historias da Minha Infância e Minha Formação no Recife em (1955) , Mocidade no Rio e a Primeira Viagem à Europa(1956),Presença na Política (1958),Depois da Política (1960).

“Meu pai chegou em casa dizendo: “Uma baleia deu na costa”. Numa praia perto, a do Mosqueiro, entre Itaporanga e S. Cristóvão, uma baleia “deste tamanho”. Vinha vindo gente até de Aracaju para ver. Organizou-se excursão. Itaporanga toda ia ver a baleia. Lá tocamos, os meninos pequenos em maçaneta de sela, os maiores nas garupas, uma ninhada de família pobre acomodada em caçuás, dois de cada lado, como galinhas. Meu pai e amigos com os filhos fomos dos primeiros a partir. A terra, na viagem, foi mudando. Já não era como a de Itaporanga; só areia branca e fofa; os pés dos cavalos enterrando-se nela; canavial não se via, só coqueiros.

História da Minha Infância

Gilberto Amado Estudiosos percebem a importância da obra memorialística do ilustre sergipano “Gilberto Amado dedicou-se não somente às evocações de seu passado, mas traçou um panorama do Brasil da República Velha. Por outro lado, cabe pensar que a produção memorialística torna-se uma importante ferramenta, significando, por sua vez, uma ferramenta meteórica, visto que o autor não só descreve sobre o seu tempo passado, mas, a partir dessa descrição, acaba teorizando sobre a sua própria escrita.” Márcio Ferreira de Souza, Doutor e Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Um doloroso acontecimento mudou a vida de Gilberto Amado, quando em 15 de dezembro de 1960 faleceu na cidade de Paris, vítima de ataque cardíaco aos 46 anos, Véra Clouzot, (atriz e roteirista) nome artístico de Vera Gibson-Amado filha única do casal Gilberto Amado e Alice do Rego Barros Gibson. O triste episódio levou intelectual ao desalento e o fez parar de publicar livros. A amiga e escritora Raquel de Queiroz, solidaria ao momento do infortúnio, o escreveu numa carta aberta em nome dos amigos intelectuais. “S.l., 4 de fevereiro de 1961

Desde que li nos jornais a notícia da morte de Vera, Vera Amado Clouzot, a estrela de cinema, Vera, a sua filhinha, desde esse dia que fico inventando palavras de consolo para lhe dizer e não encontro nenhuma

(...)Você sempre foi um guerreiro, Gilberto Amado. E é, pois, nessa alma de guerreiro que os seus amigos confiam. Descubra as reservas de bravura que você há de ter escondidas, brigue com a vida mais uma vez, que nós estamos do seu lado. Volte ao papel, seu velho companheiro, à pena, às lembranças. Trate de se anestesiar escrevendo, dê à gente os outros livros que ainda faltam. Em homens do seu tempe-ramento, a emoção, por mais dura e arrasadora, é uma força, não uma fraqueza.

Escreva. Use esse dom poderoso que fez de você uma espécie de príncipe entre os homens; através dele você é capaz até de milagres. Até, por exemplo, de res¬suscitar Vera no papel” Rachel de Queiroz. O caçador de tatu. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967, pp. 36-38.

Em 1963 aos 76 anos, foi eleito para cadeira nº 26 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Ribeira Couto. Somente tomou posse quase um ano depois, em 29 de Agosto de 1964, o qual foi recepcionado por Alceu de Amoroso Lima (pesud. Tristão de Ataíde) que fez um discurso caloroso “Fostes também daqueles que escarneceram desta Academia, onde há meio século vos aguarda um lugar de honra.

(...)O segredo do vosso estilo está justamente na sua sábia simplicidade, que nunca se corrompe em vulgaridade, na sua concisão que nunca se transforma em pobreza, na sua riqueza verbal que nunca passa a opulência de novo-rico, na sua precisão que nunca se confunde com frieza, na sua sutileza que nunca chega a preciosismo, em suma na adequação perfeita entre a palavra em si e o seu sentido. Tudo isso é fruto de uma qualidade eminente, tanto da vossa personalidade como da vossa obra e portanto do vosso estilo total. Refiro-me à naturalidade que considerais com razão como sendo a nota típica do vosso modo de ser, de pensar, de escrever e de agir.

(..)Sede bem-vindo, Sr. Gilberto Amado, a esta Casa de mais universal dos nossos escritores. Aqui vos sentireis perfeitamente à vontade, porque sois também vós um mapa-múndi. No seu discurso de posse, Gilberto Amado, fez questão de lembrar dos cinquenta anos de espera para adentrar a casa das letras. ” Ratificando cinquenta anos depois os sufrágios de tantos dos vossos predecessores, que quiseram então admitir à sua companhia o rapaz de Sergipe que acabava de publicar o seu primeiro livro composto de uma conferência, de artigos e crônicas de jornal, confirmastes, senhores acadêmicos, a existência em mim de uma academiabilidade, de uma vocação a ser dos vossos, da qual, posso dizer, já não me lembrava mais”

Em 27 de Agosto 1969 aos 82 anos em terras brasileiras, na cidade do Rio de Janeiro, Gilberto Amado, o homem que foi ponte de Sergipe para o mundo, silenciou as palavras e partiu para vida espiritual.

Homenagens póstumas:

A Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas, prestou-lhe homenagem póstuma ao dar o nome de Gilberto Amado ao ciclo de palestras anuais sobre direito internacional promovido pela Comissão.

A Seleta de 1974, com estudos e notas de Homero Sena, é mostra adequada, ainda que abreviada, do imenso valor do grande escritor.

Foi inaugurada em Sergipe final de janeiro de 2013, a Ponte Gilberto Amado, que encurta a distância entre Aracaju e Salvador, permitindo toda travessia pela via costeira, sem deslocamentos até a BR-101, Abrindo novos horizontes para o turismo em Sergipe

POEMA PARA GILBERTO AMADO

O homem que pensa

Tem a fronte imensa

Tem a fronte pensa

Cheia de tormentos.

O homem que pensa

Traz nos pensamentos

Os ventos preclaros

Que vêm das origens.

O homem que pensa

Pensamentos claros

Tem a fronte virgem

De ressentimentos.

Sua fronte pensa

Sua mão escreve

Sua mão prescreve

Os tempos futuros.

Ao homem que pensa

Pensamentos puros

O dia lhe é duro

A noite lhe é leve:

Que o homem que pensa

Só pensa o que deve

Só deve o que pensa

Vinicius de Morais

Sobre Gilberto Amado:

José Sarney: “Visionário em suas aspirações globais e estéticas, realista em sua visão jurídica, intérprete sincrônico do Brasil primordial e 13 do Brasil moderno, participou de forma decisiva do processo de institucionalização jurídica das relações internacionais, merecendo por sua contribuição reconhecimento da comunidade das nações.” (Do livro Gilberto Amado: Centenário, 1989, p. 5)

Humberto Braga “Em sua presença eu o admirava o percussor, o profeta, o vidente e o patriota. Sendo um cidadão do mundo, absorvido e atraído por todas as províncias do pensamento luminoso, ele jamais se des-sergipanozou, dado sempre ter-se deslumbrado pelas coisas do Brasil. Não poderia deixar de admirar aquele mestre que, aos 82 anos de idade, palpitava, vibrava como se na primavera da vida. Ele permanecerá vivo na história da intelectualidade brasileira”. Tribunal de contas extinto Estado da Guanabara, sessão de 28/agosto de 1969

“ Não se trata de lugar comum. Trata-se de qualquer coisa grande e séria, trata-se de palavra-chave da felicidade para o coração do homem. Cumprir o dever sob qualquer forma que se nos apresente. O Brasil espera que cada um cumpra com o seu dever. Esta frase sempre tem sentido novo.” Trecho do “Discurso de Paraninfo”, que Gilberto Amado dedicou aos Diplomatas do Instituto Rio Branco. Publ. em Três Livros: Livr. José Olympo Ed. Rio de Janeiro, 1963)

Ilmara Souza .

Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, membro do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras, cadeira nº10, Membro da Academia de Letras de Aracaju, cadeira nº02

Referências Bibliográficas:

AMADO, Gilberto (1954). História da minha infância. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora.

CAVALCANTE, Maria Claudia. (2010) "Quando o corpo também precisa saber: relatos de formação intelectual em Gilberto Amado". Mnemosine Revista. Campina Grande, vol.1, No.1, jan-jun. Disponível em http://www.ufcg.edu.br/~historia/mnemosinerevista/

SARNEY, José et. al. Gilberto Amado: Centenário. Coleção Rela- ções Internacionais, 1. Rio de Janeiro: José Olympio Editora; Brasília: Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais/ Fundação Alexandre de Gusmão, Centro de Documentação do Ministério das Relações Exteriores, 1987.

CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Repertório da Prática Brasileira do Direito Internacional Público (Período 1919-1940). Brasília: Ministério das Relações Exteriores; Fundação Alexandre de Gusmão, 1984, pp. 79-80.

PERFIS PARLAMENTARES, Vol. 11: Gilberto Amado. H. Senna (Org.). Brasília: Câmara dos Deputados, 1979.

BARBOSA, Clóvis. (2010) Gilberto Amado-Aníbal Theófilo - O julgamento. In: Blog de Clóvis Barbosa.http://clovisbarbosa.blogspot.com/2010/12/gilberto-amado-anibal-theofilo-o.html. Acesso em 16 de março de 2011.

SOUZA, Márcio Ferreira de. Gilberto Amado: a obra memorialística como instrumento de análise metateórica. Soc. estado. [online].