ENSAIO OU... "ENSAÍSMO" ?!

ENSAIO OU... "ENSAÍSMO" ?!

"ENSAIO - 5.Texto em prosa no qual o

Autor desenvolve um raciocínio sem

a preocupação de aproveitá-lo". (?!)

(dic. LAROUSSE, edit. Nova Cultural,

SP, 1992, pag. 418)

Abro o caderno cultural do jornal 'DIÁRIO DO PARÁ" deste domingo (sai no sábado, "leitor São Tomé") e deparo com o termo "ensaísmo". Vou ao meu dicionário antigo e... nada ! Recorro a um tal de "Michaelis" (lê-se "mikélis" ou, pior, talvez "máicols", porém ninguém sabe disso), livro moderno, já com a nova Ortografia horrenda e ridícula -- da edit. Melhoramentos, SP, 2008, pag. 332 -- que decide "fazer blague", piada, e ignorar o sentido literário do termo. Ali, ENSAIO é o treino musical ou teatral visando apresentação. Quanto ao Ensaísmo... NADA ! Isto me lembra o uso da expressão "unissex" POETA, comum para nossas atuais autoras.

A reportagem assinala a origem da jovem (paraense, é claro) que conquistou prêmio nacional por sua tese -- TEORIAS, no dizer dela -- sobre arquitetura e urbanismo. O jornalista Elias Ribeiro Pinto expõe trechos desse "intragável" ENSAÍSMO, termo com o qual num Instituto de renome denominou seu concurso de teses, digo, ENSAIOS, aliás "ensaísmos". (Parece gozação, isso !)

Como não gosto de ler, normalmente ignoraria a página inteira, contudo decoração e arquitetura sempre me cativaram desde jovem, "morando" em barraco de teto de zinco e cuja entrada exigia que adultos se inclinassem ao adentrar. Li recentemente opúsculo de jovem americano com sobrenome "meio francês" no qual ele adotava a VISÃO da casa como "SER VIVO", pulsante, influenciando (?!) os moradores, modificando com sua estrutura exterior a área em volta e MOLDANDO o espírito dos que nela habitam. Me parece que os chineses e seu Feng Shuí se anteciparam, nesse aspecto... viver em uma casa "que sente" e pensa !

Julguei que a moçoila estaria adaptando ou aprimorando a TESE do rapaz quarentão, do qual não lembro o nome e mergulhei nas 6 colunas de texto. De ENSAIO -- já nem digo "ensaísmo" -- há pouco no texto no jornal, que está mais próximo das memórias da autora enquanto "judia errante", mudando-se várias vezes. Sobre arquitetura ou urbanismo há citações "en passant"... lembrei de antigo livreto do escritor Agildo Monteiro, muito festejado na última Feira Literária local, de Belém, a FLIPAN, salvo engano. Num romance sobre ribeirinhos desalojados de seus casebres sobre as águas surgem militares prepotentes e um "urbanismo" feito a ferro e fogo pelo Poder vigente. Segundo ela, eis o que sucedeu em Marabá... sei do que ambos falam, passei por isso no Morro no qual nasci !

Enfim, do que li da obra "Políticas Espaciais do Afeto" sobrou afeto mas faltou nos dizer sua visão sobre arquitetura e/ou urbanismo, pelo menos nas 6 colunas selecionadas pelo jornalista. Nelas cita-se até comidas -- eterno assunto "de meio Pará" -- as várias mudanças da autora e a surpreendente declaração (?!) "de que aprovou sozinha um projeto em uma Fundação". Até onde sei, quase todos os projetos têm por Autor uma só pessoa, raramente são em dupla ou trio.

Ficou dela a intenção meio dúbia de... "tensionar as demandas e a crítica a uma arquitetura tecnicista e obcecada pelo [lado ?] material e pela utilidade final". (Certamente ela não se refere às tais casas populares, meros "pombais" de 5x7 metros, com apenas quarto e cozinha.)

Em certo trecho a jovem afirma que "teve que deixar de cozinhar para continuar o estudo", para concluir a tese com a qual foi premiada. Felizmente, de fome não morreria, no Pará há uma vendedora de tacacá a cada 3 casas e um "ponto de açaí" em toda esquina. Suponho que cabe ao Instituto (IMS) voltar ao usual termo ENSAIOS e aos dicionários o dever de "descobri-los". Alguém explica... "desenvolver um raciocínio (...) SEM APROVEITÁ-LO" ?! Você entendeu ?! Nem eu !!!

"NATO" AZEVEDO (em 7/dez. 2024, 15,30hs)

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(Leia o texto completo da autora no link da Revista, abaixo:)

https://revistaserrote.com.br/2024/11/serrote-48/