Capitães de arei

Ler Capitães da Areia, de Jorge Amado, é como abrir os olhos para uma realidade que muita gente prefere ignorar. O livro conta a história de meninos de rua que vivem em Salvador, e mostra que, por trás de cada furto, cada atitude considerada “errada”, existe abandono, fome e solidão. Em vez de tratar esses meninos como criminosos, Jorge Amado os trata como seres humanos.

Pedro Bala, Sem-Pernas, Dora, Professor… todos têm nomes, sentimentos, medos e sonhos. O autor nos faz enxergar que eles não escolheram viver assim. Foram largados pelo mundo, rejeitados pela sociedade, mas ainda assim mantêm um senso de companheirismo e até esperanças no meio do caos.

A crítica maior do livro não é aos meninos, mas sim à sociedade que os condena. Um exemplo claro é como a mídia da época os chamava de “perigo para a cidade”, como se fossem monstros. A charge que criamos para este trabalho traz exatamente essa reflexão: por que ninguém fala que é a cidade que abandona seus menores?

Mais do que um livro sobre crianças pobres, Capitães da Areia é uma denúncia contra a desigualdade e a hipocrisia. É um convite à empatia. Não é sobre justificar crimes, mas sobre entender o porquê deles existirem.

Ler esse livro nos faz refletir sobre o Brasil de ontem e, infelizmente, sobre o de hoje também. Ainda existem muitos “capitães da areia” por aí, e talvez, se mais pessoas lessem Jorge Amado com o coração aberto, elas parassem de julgar e começassem a agir com mais compaixão.

Doctrap
Enviado por Doctrap em 16/06/2025
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