RINGO STARR E VATICANO - PERDÃO SEM EFEITO
Ex-baterista dos Beatles rechaça artigo publicado pelo Vaticano, que diz perdoar os Beatles por declarações polêmicas há mais de quarenta anos
Em 1966, John Lennon surpreendeu o mundo cristão ao declarar, em entrevista à imprensa britânica, que os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo. “Eu não sei o que vai acabar primeiro, se o rock n´roll ou o cristianismo”, afirmou, no auge da fama. Se vivesse nos tempos do Santo Ofício, certamente ele teria sido queimado vivo; em vez disso, há cerca de dois anos a Igreja Católica veio a público para dizer que perdoa o cantor – assassinado por um fã em dezembro de 1980 – pela “blasfêmia”. “Depois de todos esses anos a declaração de John Lennon soa como uma bravata de um jovem proletário inglês às voltas com um sucesso inesperado” diz um artigo publicado, na época, pelo jornal L'Osservatore Romano, editado no Vaticano. Agora, quatro décadas depois do fim da mais famosa banda de todos os tempos, o mesmo periódico voltou a publicar um novo artigo sobre os rapazes de Liverpool; comparando a banda como uma “joia preciosa”. “É verdade que eles tomaram drogas, viveram uma vida de excessos por causa do sucesso e até disseram que eram mais famosos do que Jesus. No entanto, ao ouvir suas canções, tudo isso parece distante e insignificante. Eles podem não ser o melhor exemplo da juventude da época, mas não eram, de maneira nenhuma, o pior. Suas belas melodias mudaram a música e continuam a dar prazer”, diz o texto intitulado Sete Anos que Abalaram a Música, relembrando ainda que, segundo alguns comentaristas, os Beatles divulgavam mensagens misteriosas, ou até satânicas, por meio de suas composições. Talvez, o que o Vaticano não previsse é o descaso com que Ringo Starr recebeu a notícia. Em entrevista à rede CNN por ocasião da divulgação de seu novo disco, o ex-baterista disse que rejeita o perdão e, para apimentar ainda mais a discussão, disparou: “Eu acho que o Vaticano tem mais o que fazer do que ficar falando dos Beatles”. Pelo jeito, a polêmica deve durar mais algumas longas décadas.
Fonte: Revista Eclésia - Edição 142
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